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Prefeito do Rio de Janeiro decreta luto de 3 dias pela morte de Elza Soares

Colaboração para Splash, em São Paulo

20/01/2022 19h11Atualizada em 21/01/2022 13h17

Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, se manifestou lamentou a morte da cantora Elza Soares - que morreu, na tarde desta quinta-feira (20), de forma natural em casa. Ele decretou luto de três dias em homenagem a artista.

Em publicação no Twitter, Eduardo Paes informou que o decreto do luto será publicado na edição de hoje no Diário Oficial do Estado.

"Decreto luto oficial de 3 dias no Rio pela perda dessa grande carioca! Mulher! Guerreira! Elza Vive!", escreveu o prefeito do Rio de Janeiro.

A cantora Elza Soares será velada hoje no Theatro Municipal do Rio, no centro da cidade. O enterro será realizado no cemitério Jardim da Saudade, no Jardim Sulacap.

Pedro Loureiro, empresário da cantora, informou a Splash que o velório da cantora será fechado para familiares e amigos das 8h às 10h. Já das 10h às 14h a cerimônia será aberta ao público.

O translado para o cemitério Jardim da Saudade será feito pelo carro do Corpo de Bombeiros com trajeto passando pela Avenida Atlântica. O velório no cemitério, assim como o enterro, serão restritos aos familiares e amigos.

Elza foi considerada pela BBC a "voz brasileira do milênio", em 1999, e venceu o Grammy Latino na década seguinte. Porém, o início na música foi na década de 1950. Ela subiu ao palco do "Calouros em Desfile", programa comandado por Ary Barroso, e cantou "Lama". O primeiro contrato foi assinado em 1960, incluindo ainda uma turnê internacional.

Elza contou recentemente no programa "Conversa com Bial" que começou a fazer o scat (uma técnica vocal gutural criada por Louis Armstrong e popularizada por Ella Fitzgerald) sem saber. "Eu botava uma lata de água na cabeça e gemia. Eu pensei, esse barulho vai dar um som maravilhoso".

Eu achava que ele [Louis Armstrong] me imitava. Eu não o conhecia", disse a cantora sobre o encontro que teve com o músico na década de 60.

"Eu substituí Ella Fitzgerald na Itália. Ela tinha um show em que cantava Tom Jobim e eu morava por lá com o Garrincha", disse ainda.

Após mais de 30 álbuns na carreira, a última década marcou uma nova fase para ela. Em 2015, Elza lançou o álbum "A Mulher do Fim do Mundo", seu primeiro em oito anos. O disco foi visto como um renascimento em sua já consagrada carreira e foi eleito como um dos maiores destaques do ano até mesmo por veículos internacionais.

"Elza Soares fez o álbum de sua vida, em todos os sentidos", declarou o crítico musical Philip Sherburne da "Pitchfork". Misturando gêneros como o samba, o rock e o rap, o CD ainda discutia nas letras temas como violência doméstica e negritude.

Foi com "A Mulher do Fim do Mundo" que Elza garantiu sua primeira e única vitória no Grammy Latino, vencendo o prêmio de "Melhor Álbum de Música Popular Brasileira". Seu disco seguinte, "Deus é Mulher", de 2018, também foi nomeado na mesma categoria.

Dramas pessoais

Elza Soares e o marido, o jogador Mané Garrincha, nos anos 60 Imagem: Reprodução

Elza herdou o sobrenome Soares do primeiro marido. Ela foi obrigada pelo pai a se casar quando tinha 12 anos. No ano seguinte, engravidou do primeiro filho e aos 21 anos já era viúva. Dois filhos da cantora morreram de fome ainda nos anos 1950.

A artista morreu no mesmo dia que o ex-marido Mané Garrincha, 39 anos depois. Mesmo após tanto tempo, ela contou que sempre sonhava com o ex-atleta. "Eu viajo para o paraíso quando penso nele [Garrincha]. Sonho com ele até hoje. O Brasil (seleção) morreu com ele", contou a artista em participação no programa do Bial.

Eles se conheceram em 1962. Casado com outra mulher na época, o craque levou um ultimato da cantora, e foram morar juntos em 1966. Fãs e a própria imprensa perseguiam o casal e diziam que Elza era culpada pelo fim do relacionamento anterior dele.

Elza e Garrincha se separaram em 1982 após um relacionamento conturbado que envolvia vício em álcool e violência doméstica. Com a morte do jogador em 1983, a cantora ficou depressiva e cogitou o suicídio. Ela conseguiu se reerguer após quatro anos, quando voltou a gravar.

O filho Garrinchinha, o único dela com o atleta, morreu em acidente de carro em 1986, aos 9 anos. O 4º filho da cantora a morrer foi Gilson, aos 59 anos, em 2015.

A única coisa do passado que ainda me machuca é a perda dos meus quatro filhos. O resto tiro de letra. Mas filho é uma ferida aberta que não cicatriza. Estará sempre presente.

Em 1999, a cantora sofreu uma queda durante um show no Rio e passou a se locomover de cadeira de rodas — ela passou por cirurgias na coluna vertebral e na lombar por causa do acidente. Nos últimos anos, ela era sempre vista publicamente usando cadeira de rodas e se apresentava sentada nos shows.

Defensora da vacina

No início de dezembro, Elza anunciou que estava com covid e fez um apelo para a importância da vacina. Ela não teve sintomas e já estava com a dose de reforço.

"Você precisa escutar isso e somente eu posso te contar. Fui um susto pavoroso, mas, ao mesmo tempo, uma experiência que passei sem qualquer sintoma e venci o vírus!", iniciou ela.

"Eu tive covid, gente, e as vacinas salvaram minha vida. Fiz questão de gravar esse depoimento, de mostrar meu exemplo para pedir para vocês que vacinem-se!", pediu.

"Por favor, vacinem-se! Essa doença horrorosa é muito perigosa. Viva a ciência", finalizou.

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