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'Não é só Carnaval': Grag Queen quer mostrar outro lado do Brasil lá fora

Grag Queen é a brasileira do "Queens of the Universe", competição de canto entre drag queens
Grag Queen é a brasileira do "Queens of the Universe", competição de canto entre drag queens
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De Splash, em São Paulo

07/12/2021 12h00

De Canela para o mundo: Grag Queen saiu da cidadezinha de pouco mais de 30 mil habitantes no Rio Grande do Sul para participar da competição internacional de canto "Queens of the Universe", que reúne drag queens cantoras ao redor do mundo pelo prêmio de 250 mil dólares, cerca de R$ 1,4 milhão.

Em sua primeira apresentação na disputa, Grag surgiu em trajes típicos do Carnaval enquanto cantava sua versão de "Rehab", de Amy Winehouse. Mesmo com os elogios do júri, ela quer provar que o Brasil é muito mais do que samba e festa. A artista conta mais da experiência a Splash.

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Não vejo a hora de trabalhar. As pessoas vão querer me ver! Quero trazer a história do meu país. Não é só caipirinha, futebol e carnaval. A gente passa por muita coisa. Se tenho essa plataforma lá fora, vou dar um choque de realidade neles também!

Grag Queen

Sonho realizado

Grag começou a se montar como drag queen entre 2016 e 2017, inspirada pelo fenômeno "RuPaul's Drag Race", cujos produtores são os mesmos de "Queen of the Universe". Dá para acreditar nisso?

Só posso culpar o próprio universo. Onde na minha vida que em 2021 ia ter um concurso gringo onde tem que ser bonita, cantar, performar e falar inglês? É tudo que eu sei fazer na vida. Se não é para mim, não vai ser para ninguém mais. Adorei ser a brasileira da temporada!

Estar na competição internacional é a chance de viver a experiência de ser uma drag queen para muito além dos limites da pequena Canela.

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A minha drag nunca existiu em Canela. É uma cidade muito pequena e tradicional, muitas pessoas com a cabeça fechada. A drag acontece muito dentro do meu quarto, gravando para o TikTok e o Instagram.

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Grag Queen não conseguia fazer a arte drag em Canela, sua cidade-natal
Imagem: Instagram

Trabalho duro

Perrengue chique é o que define a gravação dos episódios da temporada, diretamente de Londres, no Reino Unido. As competidoras passaram cerca de um mês na cidade e gastaram várias horas gravando diariamente. Tanto esforço, porém, valeu a pena.

A produção é gigante, eles têm muito o carinho e profissionalismo. Os ingleses são referência! Eu já conhecia algumas participantes, já tinha visto a Aida Vox no "American Idol". Pensei: Como vou competir com essa gata? Fiz a brasileira, né? Fechei meus olhos e diverti. Foi uma grande maratona.

Estar fora do Brasil durante a pandemia também foi um choque. "Chegar em Londres com as pessoas sem máscara, já vacinadas, enquanto o Brasil vivia um caos... com esse descaso com a nossa população, pensava em trazer alegria para as pessoas", relembra Grag.

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Referências

A veia musical de Grag sempre existiu. Seu pai já foi cantor e guitarrista e hoje ainda arrisca alguns acordes em casa. Grag, por sua vez, cantava no coral da igreja e adorava entoar os hinos para os fiéis. Mas existem duas outras pessoas que fizeram toda a diferença em sua jornada.

Grag não esconde a admiração por Pabllo Vittar e Gloria Groove, a quem costuma chamar de mãe. "Vendo as duas, pude potencializar minhas habilidades", conta. Sua vontade é poder seguir carreira na música e lançar um álbum em breve.

Eu comecei a fazer drag homenageando elas. Do nada, elas respondem meus stories, conversamos. Já almoçamos juntas. Acho isso surreal. Uma 'gayzinho' de Canela com 30 mil habitantes querendo fazer drag e hoje me vendo ao lado delas. Nunca existiu competição entre nós. Elas sempre me abraçaram muito.

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Grag Queen festeja a aproximação com Pabllo Vittar e Gloria Groove
Imagem: Instagram
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Se vai dar Brasil no "Queens of the Universe", só assistindo aos episódios no Paramount+ para descobrir. Mas será que ainda resta algum sonho para Grag Queen? Quem sabe participar da mais famosa competição de drags do mundo?

Estou desacostumada a sonhar e traçar objetivos. Quando você entra na família do "WOW Presents" (produtores de "Drag Race"), tudo pode acontecer. Se me chamassem, eu iria. Iria toda 'cagada', com medo, mas iria. O que o brasileiro mais sabe fazer da vida é sobreviver.