Ele acordou do coma e viajou no tempo: o médico que perdeu 12 anos de vida
Praticamente um viajante do tempo. Essa é a sensação que o médico italiano Dr. Pierdante Piccioni, 62 anos, teve ao acordar de um coma em 2013 achando que estava em 2001, sem se lembrar de um minuto sequer de seus últimos 12 anos de vida.
Agora, sua história é tema da série "DOC", que estreia hoje no Canal Sony. Antes diretor de emergência de um renomado hospital na Itália, Pierdante se envolveu em um acidente de carro em maio de 2013. Após cirurgias e um coma de seis horas, ele acordou aparentemente sem grandes sequelas.
Até que percebeu que havia alguma coisa estranha com a data no calendário.
Pierdante Piccioni, em entrevista para Splash
A situação, que parece retirada de um filme de ficção científica ou de um episódio de "Doctor Who", fez com que o médico se sentisse completamente deslocado de sua realidade. "As pessoas estavam 12 anos mais velhas, havia dois Papas e um homem negro como presidente dos Estados Unidos", recorda.
Tecnologias e atualidades à parte, o grande desafio na recuperação de Piccioni foi reaver a relação com os filhos. Afinal, em 12 anos, os dois haviam crescido bastante.
'São atores!'
"Na última memória da vida anterior, meus filhos tinham 8 e 11 anos", conta. "Quando eles entraram naquele quarto de hospital, pensei que fossem dois atores, e não meus meninos. Tentei reconhecê-los pelos olhos, porque dizem que eles não mudam, mas não é verdade. Não consegui."
Duas vezes apaixonado
Se o estranhamento foi grande com os filhos, com a esposa, a situação foi menos complicada.
Medo e desafios
Para o médico, os momentos em que ele mais sentiu medo tinham relação com a própria família e o que ele lembrava (ou não lembrava) dos parentes.
O choque de saber da morte da mãe foi um divisor de águas em sua recuperação e no entendimento da pessoa que ele mesmo era. "Na minha cabeça, minha mãe era a chefe da família. Eu não acreditei que ela havia morrido. Então, eu me calei para entender que eu era o problema, e o mundo era a solução."
Um novo homem
A experiência de acordar em um corpo mais velho (com "rugas que não existiam antes e cabelos mais brancos") transformou o médico por fora e também por dentro.
Isso porque, antes do acidente, o doutor tinha de ser um homem mal-humorado e arrogante. Na sua "segunda vida", como ele mesmo chama, Piccioni conta que, de fato, sentiu que se transformou.
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