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'Nos Tempos do Imperador': quem é quem na nova novela das seis

Em 'Nos Tempos do Imperador', dom Pedro 2º (Selton Mello) fica dividido entre o amor por Luísa e o casamento com Teresa Cristina (Letícia Sabatella)
Em 'Nos Tempos do Imperador', dom Pedro 2º (Selton Mello) fica dividido entre o amor por Luísa e o casamento com Teresa Cristina (Letícia Sabatella)
Divulgação/TV Globo/João Miguel Jr

De Splash, em São Paulo

09/08/2021 04h00

'Nos Tempos do Imperador' estreia hoje, com mais de um ano de atraso —por causa da pandemia ao redor do mundo. É a primeira novela inédita a estrear na Globo no período, mas uma sequência quase direta aos acontecimentos de "Novo Mundo", exibida pela emissora em 2017.

A novela se passa entre 1856 e 1870, período em que o Brasil ainda era comandado pelo imperador dom Pedro 2º, papel de Selton Mello —que retorna às novelas após mais de 21 anos. E a trama vai misturar personagens históricos e fictícios.

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Herói?

Dom Pedro 2º será exaltado por suas virtudes na nova novela, que destacará a preocupação com o progresso, a educação e a cultura. No entanto, os autores afirmam que a intenção não é fazer uma novela chapa branca e que mostrarão a dificuldade do imperador em, por exemplo, abolir a escravidão.

Essas biografias não têm respostas para muitas coisas. O pai deixou ele pequeno com a coroa, a mãe morreu, ele foi criado por tutores. Quando faço cenas na câmara dos deputados e vejo aquele monte de homem branco, isso me lembra muito agora. De alguma forma, me identifico com esse cara.

Selton Mello

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Selton Mello vive dom Pedro 2º
Imagem: Globo/João Miguel Júnior

Ao sentir o país ameaçado, na iminência da Guerra do Paraguai, dom Pedro 2º decide preparar suas filhas, Leopoldina e Isabel, para assumirem suas funções na família real. Para isso, convoca Luísa, a condessa de Barral, como responsável por orientar as meninas. Luísa é vivida por Mariana Ximenes.

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Ela é muito forte, tem traços muito bonitos de uma mulher contemporânea. Delicadeza, gentileza e, sobretudo, firmeza. Ela é abolicionista e tem uma relação linda com os negros. No engenho dela, todos são livre, ela instaurou a lei do ventre livre.

Mariana Ximenes sobre a condessa

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Mariana Ximenes vive Luísa, a condessa de Barral
Imagem: Globo/Paulo Belote

Romance proibido

Casado por um arranjo com a imperatriz Teresa Cristina (Letícia Sabatella), Pedro acaba vivendo um tórrido romance com a condessa de Barral, o que se torna um grande conflito para os envolvidos no triângulo amoroso.

Sabatella fala sobre a importância de dar vida a Teresa Cristina, mostrando suas dores e os dramas diante da infidelidade, ainda enfrentando as estruturas de poder da época.

Há uma identificação muito grande das mulheres de lá e de agora. Lutamos por coisas tão parecidas, vivemos situações tão próximas. Pensamos, num momento da ausência de um estadista, sobre o genocídio instaurado contra pobres, negros. Isso ainda é um estigma.

Letícia Sabatella

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Letícia Sabatella vive a imperatriz Teresa Cristina
Imagem: Globo/Paulo Belote

Amor transformador

Entre os personagens fictícios, destaca-se Pilar, vivida por Gabriela Medvedovski. A jovem garota não aceita o casamento prometido pelo pai ao aspirante a político Tonico (Alexandre Nero), grande vilão da trama. Seu sonho é se formar em medicina e, para isso, ela foge de casa.

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Gabriela Medvedovski interpreta Pilar
Imagem: Globo/Paulo Belote

Na fuga, Pilar encontra seu grande amor, Jorge/Samuel (Michel Gomes), negro escravizado que também está fugindo em busca de liberdade. Ele sonha e luta por um mundo igual para negros e brancos e é acolhido na Pequena África, reduto de negros livres comandado por Dom Olu e Cândida.

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Michel Gomes vive Jorge/Samuel
Imagem: Globo/João Miguel Júnior
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Existe uma conexão grande entre mim e Dom Olu. O povo negro, mais do que nunca, precisa de alguém que o conduza. Precisamos ter consciência de onde viemos para saber para onde vamos.

Rogério Brito, que dá vida a Dom Olu

Enquanto isso, Nero representa o pior da sociedade brasileira, seu lado mais racista e escravocrata. Tonico quer se tornar deputado, mas ao se deparar com a morte do pai, quer perseguir o culpado pelo crime, que ele nem imagina ser Jorge/Samuel, seu irmão bastardo.

O Tonico é um personagem ficcional, mas é assustadoramente real. Ele é a personificação do mal. Não adianta olhar só para fora, ele também está em cada um de nós. Nós fomos criados dessa forma. O país é racista, e ele fala coisas absurdas.

Alexandre Nero

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Alexandre Nero é Tonico
Imagem: Globo/João Miguel Júnior

Desafios

Além do atraso por causa da pandemia, uma produção de época envolve outras dificuldades, como grandes figurinos e cenários. Em um dia, Mariana Ximenes chegou a trocar de roupa 14 vezes para gravar suas cenas! Driblar tantas dificuldades, porém, acabou criando uma obra mais detalhada.

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Foi difícil. Uma novela das seis precisa do romance, das cenas de ação. E tivemos que reduzir bastante as cenas com contato físico. Dá um sentimento de guerrilha, de não poder deixar a máquina parar. O receio foi se tornando garra. Foi uma novela privilegiada.

Vinicius Coimbra, diretor da trama

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Rogério Brito e Dani Ornellas fazem Dom Olu e Cândida
Imagem: Globo/João Miguel Júnior

Ainda por todos os protocolos rígidos, "Nos Tempos do Imperador" será filmada como obra fechada. Isto é, sem a intervenção do público. Os últimos capítulos terminarão de ser gravados muito antes de a novela terminar. O elenco não esconde o receio, mas se anima com a possibilidade.

Nós estamos indo para o fim desse trabalho, mas o público está só começando. Sem a chance de mexer mais. Antes, o gostoso era azeitar o personagem aos poucos. Agora, é confiar nos diretores!

Alexandre Nero