Jeferson De: 'A quebrada precisa saber sobre Luiz Gama'
Tipógrafo, jornalista, dono de jornal, poeta, escrivão de polícia, abolicionista e advogado autodidata. Ex-escravo, ele libertou a si mesmo e outras centenas de pessoas usando apenas a lei no século 19. Com tantos feitos, Luiz Gama (1830-1882) parece até personagem de cinema. E agora é.
A surpresa em saber que a jornada do "patrono da abolição" no Brasil ainda não tinha sido contada na tela grande, foi uma motivação a mais para mergulhar na memória do advogado e despertar em outras pessoas o mesmo interesse que sentiu.
O filme acompanha três fases da vida de Luiz Gama. Quando criança, interpretado por Pedro Guilherme. Na fase jovem, com Angelo Fernandes. E adulto, na pele de César Mello, advogando em favor de pessoas escravizadas. Documentos indicam que ele libertou legalmente mais de 500.
O elenco conta ainda com nomes como Dani Ornellas, Romeu Evaristo, Mariana Nunes e Zezé Motta.
Luiz Gama foi vendido pelo pai para mercadores de pessoas escravizadas e mandado de Salvador para São Paulo aos 10 anos. Aos 17, consegue por meios próprios sua alforria. Aprende a ler, escrever, torna-se advogado autodidata e passa a atuar junto ao movimento abolicionista.
Jeferson De
Jeferson De destaca que o filme não é uma obra fechada em si. Mas uma janela para que o grande público tenha um primeiro contato com a vida e as obras de Luiz Gama. O advogado, assim como tantas outras personalidades negras, foi deixado num lugar de invisibilidade na história brasileira.
Jeferson De
Jeferson De
CINEMATECA
"Doutor Gama" também chega aos cinemas na semana seguinte ao incêndio que atingiu uma unidade da Cinemateca Brasileira, na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo.
Diversos nomes do meio artístico já vinham denunciando o abandono do acervo do audiovisual nacional. O tema foi pautado inclusive pelo diretor Kleber Mendonça Filho durante sua participação no júri do Festival de Cannes.
O incêndio pode ter destruído trabalhos de Jeferson De já que dados preliminares indicam que os negativos do curso de cinema da USP, do qual ele foi aluno, estavam no local que pegou fogo.
Jeferson De
O diretor relata imensa tristeza diante do cenário atual da cultura, cita desmontes que a área vem sofrendo e fala sobre a sensação de impotência frente a mais um descaso.
Jeferson De
SPIKE LEE BRASILEIRO?
Por vezes comparado com o diretor Spike Lee (Infiltrado na Klan), Jeferson admite que já ficou incomodado, mas que hoje toma como um elogio. O brasileiro se diz fã declarado do norte-americano e lembra que começou a carreira após assistir "Faça a coisa Certa", de Lee.
Jeferson De
Jeferson De elenca as influências de Lee no respectivo trabalho, como o fato de ser dono da própria produtora e a escolha de cenários urbanos. Por outro lado, destaca que a história negra norte-americana é muito diferente da história brasileira e que ambos produzem em contextos distintos.
O diretor se diz atento à chegada de novos nomes aos cargos de chefia nos sets de filmagem, como Regina King e Barry Jenkis, nos Estados Unidos, e Viviane Ferreira, Glenda Nicácio e Camila de Moraes, aqui no Brasil.
O diretor faz coro por proporcionalidade não só frente às câmeras, com atores e atrizes negros, mas também nas áreas de produção, direção e roteiro para que mais histórias como a do Patrono da Abolição possam ser contatas e cheguem a um público cada vez maior.
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