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Diretor se revolta após 'enterrarem' filme por condenação de Johnny Depp

Johnny Depp e Andrew Levitas - Instagram/@andrewlevitas
Johnny Depp e Andrew Levitas Imagem: Instagram/@andrewlevitas

Colaboração para Splash, em São Paulo

27/07/2021 18h09

Andrew Levitas, diretor do filme "Minamata", enviou uma carta ao estúdios da MGM na qual reclama que sua obra teria sido "enterrada" por causa da "vida pessoal" de um dos atores, Johnny Depp, condenado por violência doméstica contra sua ex-namorada, Amber Heard.

O filme conta a história de um jornalista, interpretado por Depp, que revela como a empresa Chisso Corporation teria sido responsável pelo envenenamento de diversas pessoas no Japão depois de agir com negligência ao despejar mercúrio no mar, o que causou a contaminação dos peixes e, consequentemente, da população.

Uma cópia da carta, que teria sido enviada ontem, foi divulgada pelo Deadline. Segundo o site, o filme estava previsto para ser lançado em fevereiro, mas até o momento não foi divulgado.

"MGM deveria trazer à tona o sofrimento de milhares de vítimas de um dos mais hediondos incidentes de poluição que o mundo já viu. Ao expor novamente suas dores compartilhando suas histórias, essa comunidade por muito tempo marginalizada esperava uma coisa: tirar essa história das sombras para que outros inocentes jamais sejam afetados como eles foram... e pareceu que naquele momento, com a parceria da MGM, um desejo de décadas finalmente estava se realizando", escreveu Levitas.

E continuou: "agora, imagine quão devastados eles ficaram quando souberam na última semana que, apesar de um lançamento global bem-sucedido, a MGM decidiu 'enterrar o filme' porque estava preocupada com a possibilidade de problemas pessoais de um ator do filme refletir negativamente sobre eles e que, segundo a perspectiva da MGM, as vítimas e suas famílias eram secundárias a isso".

Na carta, Levitas diz que a decisão da MGM é uma "escolha consciente que machuca os inocentes mais uma vez e pisoteia suas vidas, legado, seus amados mortos e sua coragem".

"Nós nos sentamos com o pai de Tomoko Uemura em Minamata enquanto ele falava com uma voz profundamente dolorida. Uma dor que ninguém deveria sentir. A dor de uma criança perdida, uma criança que sofreu todos os dias de sua vida. Uma criança que foi uma das muitas nascidas com deformidades horríveis porque uma grande corporação não cumpriu com sua obrigação moral com a humanidade, decência e justiça. Ele falou com sabedoria, ternura e inimaginável dignidade...", detalhou.

"Sim, vocês têm o direito de enterrar as histórias deles assim como muitos fizeram antes, mas vocês têm a obrigação moral de fazer melhor que isso e, no mínimo, imploramos que vocês falem diretamente com o Sr. Uemura e as outras vítimas e lhes ofereçam a dignidade de entender em primeira mão por que vocês acreditam que a vida pessoal de um ator é mais importante que seus filhos mortos, seus irmãos, seus pais e todas as vítimas da poluição industrial e da prevaricação corporativa", pediu. "Pessoas em todo o mundo são vitimadas por corporações que não as enxergam ou as consideram reais, e vocês têm o poder de ajudá-las simplesmente cumprindo seu compromisso moral de apoiar este filme".

O Deadline falou com um porta-voz da MGM, que declarou: "o filme foi adquirido para lançamento pela American International Pictures (AIP), uma divisão da MGM que lida com os lançamentos diários. 'Minamata' continua entre os futuros lançamentos da AIP e, neste momento, a data de lançamento do filme nos EUA está a ser anunciada".