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'Sweet Tooth': menos sombria, série da Netflix é diferente da HQ original

'Sweet Tooth' virou febre na Netflix, sendo uma das produções mais vistas do catálogo no Brasil
'Sweet Tooth' virou febre na Netflix, sendo uma das produções mais vistas do catálogo no Brasil
Netflix/Divulgação

De Splash, em São Paulo

16/06/2021 04h00

Um vírus letal se espalha e atinge milhões de pessoas ao redor do mundo. O planeta nunca mais será o mesmo. Poderia estar falando da atual pandemia da covid-19, mas essa é a história de "Sweet Tooth", nova série da Netflix que está há duas semanas entre as atrações mais vistas no Brasil.

Para completar o caos, na série, seres híbridos começam a nascer. São crianças que misturam traços humanos e animais e vivem completamente imunes ao Flagelo, a doença causada pelo vírus. É neste cenário pós-apocalíptico que acompanhamos Gus, um fofo menino-cervo em busca de sua mãe.

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O seriado é baseado nos quadrinhos de Jeff Lemire, lançados pela DC Comics entre 2009 e 2013, mas, apesar da supervisão do autor, toma rumos bastante diferentes da história original. Entenda as diferenças da versão de "Sweet Tooth" que ganhou as telinhas.

Contém spoilers!

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Gus (Christian Convery) é bem mais fofo na série do que nos quadrinhos
Imagem: Kirsty Griffin/Netflix

Menos sombria

A principal diferença entre a HQ e a série é o tom da história. Apesar dos momentos trágicos e violentos trazidos pela trama, o clima do seriado é bem mais solar e esperançoso que nos quadrinhos. Isso foi uma decisão de Jim Mickle, um dos showrunners da produção.

Desenvolvendo a série desde 2016, o produtor se sentiu baqueado pela eleição de Donald Trump nos EUA e pensou que o mundo real que vivemos já estava obscuro o bastante para trazer uma série ainda mais melancólica e brutal.

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Wendy é vivida por Naledi Murray na série 'Sweet Tooth'
Imagem: Kirsty Griffin/Netflix

Os quadrinhos pareciam novidade quando saíram. Mas muitas coisas descritas já aconteceram de verdade. Muitas produções distópicas já foram lançadas desde lá. E se o mundo fosse bonito e vibrante e não empoeirado como vemos em outras histórias de apocalipse?

Jim, em entrevista a "Slate"

O aspecto dos desenhos na HQ tinha um ar mais assustador, tanto para o universo quanto para os personagens, especialmente as crianças híbridas, que não eram tão adoráveis quanto no seriado. Essa mudança de tom também ajudou a expandir o público-alvo da produção, contemplando adultos e adolescentes.

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Quadrinhos originais de 'Sweet Tooth' de Jeff Lemire tinham traços mais sombrios e aterrorizantes
Imagem: Reprodução

Grandão

Jepperd, o "Grandão", é quem acompanha Gus por suas explorações pelo mundo, mesmo depois de tentar evitá-lo. A parceria entre os dois encanta, mas se configura de maneira muito diferente na HQ.

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Na história original, Jepperd convence Gus a deixar a casa onde vivia protegido na floresta para ir a uma reserva especial para os híbridos. Tudo não passava de uma mentira: o Grandão entrega Gus ao exército dos Primeiros Homens em troca da ossada de sua mulher morta.

Jepperd se arrepende de sua atitude e resgata Gus dos vilões, mas a simpatia pelo personagem só nasce conforme a história avança, diferente do seriado, onde vemos o Grandão protegendo o menino-cervo desde o início.

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Jepperd (Nonso Anozie), o 'Grandão', é bem diferente na história em quadrinhos
Imagem: Kirsty Griffin/Netflix

Trama expandida

Outros personagens como o Dr. Singh ganham mais destaque na adaptação. Na HQ, o conhecemos já fazendo testes em híbridos, enquanto que, na série, conhecemos seu passado: a luta por manter sua esposa livre e a busca por uma cura para o vírus.

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O Dr. Singh ganha uma história expandida na versão pra TV de 'Sweet Tooth'
Imagem: Kirsty Griffin/Netflix
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Objetivo invertido

A série apresenta o Exército Animal, liderado por Becky, a Ursa: um grupo de adolescentes que tenta proteger os híbridos. Nos quadrinhos, o Exército também existe, mas na verdade é uma seita violenta que escraviza as crianças híbridas. A própria Ursa também é criação da Netflix.

Queríamos uma protagonista feminina adolescente para agregar ao grupo de Jepperd e Gus. Pensamos que seria incrível uma cidade feita e administrada por adolescentes para uma criança que nunca havia explorado aquilo.

Beth Schwartz, a outra showrunner da série, para o "Gizmodo"

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O Exército Animal, liderado por Ursa (Stefania LaVie Owen) tinha outro propósito na HQ de 'Sweet Tooth'
Imagem: Kirsty Griffin/Netflix

Novos personagens

Além de Ursa, a série traz novos personagens que não aparecem na trama original. A mãe de Gus, Birdie, é uma delas. No final, descobrimos que ela realmente está viva e em busca do filho, uma trama completamente nova em comparação aos quadrinhos.

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Aimee (Dania Ramirez) não existia na história original, mas tem papel fundamental em 'Sweet Tooth'
Imagem: Kirsty Griffin/Netflix
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Aimee, a guardiã da reserva de híbridos e mãe adotiva da menina-porco Wendy, também não existe na história original, mesmo tendo papel fundamental na série.

Mesmo com todo o sucesso, a Netflix ainda não confirmou uma segunda temporada de "Sweet Tooth", mesmo tendo muita história para contar. Enquanto isso, caso interesse, as edições dos quadrinhos estão disponíveis para venda.

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Os showrunners de 'Sweet Tooth' acharam necessário mudar o tom da série diante do mundo em que vivemos
Imagem: Kirsty Griffin/Netflix