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Kathlen, grávida negra morta no Rio, é homenageada em música; veja letra

Clipe de "Operação Quilombo" tem cenas gravadas onde Kethlen Romeu morreu baleada - Arquivo pessoal e AF Assessoria
Clipe de "Operação Quilombo" tem cenas gravadas onde Kethlen Romeu morreu baleada Imagem: Arquivo pessoal e AF Assessoria

De Splash, em São Paulo

14/06/2021 22h24

Kathlen Romeu, mulher negra e grávida morta na última terça-feira (8) em ação policial no Complexo do Lins, no Rio de Janeiro, é homenageada na música "Operação Quilombo", que será lançada na quinta-feira (17).

A canção-protesto é de Theus Costa, que já compôs músicas para Luísa Sonza, MC G15, MC Mirella, Livinho, MC Zaac, Léo Santana, Pocah, Wesley Safadão e outros.

Kathlen era amiga de faculdade da irmã do cantor, que também tem parentes morando na comunidade e vai destinar metade dos direitos da música à família da vítima.

"Eu não quero dinheiro, mas aceitei porque iremos destinar esse valor para serviços sociais voltados à comunidade. Se minha filha estivesse viva, ela também gostaria que fosse dessa forma", explica Jaqueline de Oliveira Lopes, mãe da vítima, que recebeu a homenagem de Theus com muita emoção.

Confira a letra da música:

Mais uma preta morre com bebê nas suas entranhas
Bala perdida estranha
Movida a pele negra
O jovem negro apanha
e a justiça não chega
Não chega

Essa mentira toda vai ser pega
(Ser pega)
Olhos vendados pra que ninguém veja
(Não veja)
Tá estampado na Revista Veja
A bala teve direção ou foi a natureza?
Operação Quilombo
Ohhh República do Congo
Notícia era o tombo
Agora é da família preta e o sofrimento longo
Aonde eu chegar vão respeitar minha voz
Favelado também tem conduta
Rico também é filha da puta
Mas ninguém entende nossa luta, nossa luta

Andam falando por aí que nós se vitimiza
Não nasci em berço de ouro eu suo a camisa
De esquina em esquina
É uma adrenalina
Matança e chacina
Mas não chega vacina
Eles julgam o preto favelado
Só porque boa tá sendo bem falado
Eles julgam o preto favelado
Só porque nós tá sendo bem falado
Entendo porque somos invejados
Na favela e no asfalto tamo amado
Do beco pro mundo
Comprando de tudo
Tô muito broncudo
Deus é meu escudo
Marrento, marrudo
Não ando mais duro
Cheguei no meu rumo
Salário graúdo
Inveja eu te saúdo
Não vão matar os pretos porque vamos dichavar no mundo