Pathy Dejesus volta à Globo e fala de mais oportunidades para atores negros
Após participar de várias séries, incluindo o sucesso "Coisa Mais Linda", da Netflix, Pathy Dejesus está pronta para voltar às novelas. Aos 44 anos, a atriz viverá Ruth em "Um Lugar ao Sol", nova trama das 21h na Globo, ainda sem estreia prevista.
Em papo com Splash, Pathy conta como está se desafiando a gravar e cuidar do filho Rakim, de apenas 2 anos, no meio de toda a loucura da pandemia, e ainda reforça a importância de mais oportunidades para profissionais negros na indústria do entretenimento.
De volta ao horário nobre
Na nova novela, Pathy dará vida a Ruth, uma engenheira ambiciosa que promete agitar a trama ao lado do antagonista da história. É a quinta novela da atriz na Globo, depois de títulos como "Avenida Brasil" e "I Love Paraisópolis".
Toda e qualquer oportunidade de exercer meu ofício é sempre motivo de muita alegria pra mim! Ainda mais agora, no atual momento que vivemos. Estar em uma novela em horário nobre na Globo me deixa ainda mais feliz e realizada.
Novelas são, geralmente, obras abertas. Isto é, são gravadas ao mesmo tempo em que vão ao ar e podem passar por mudanças de acordo com a recepção do público. A pandemia, porém, forçou com que a Globo tivesse que gravar tramas inteiramente antes de exibi-las, a fim de evitar qualquer percalço.
Boa parte já está gravada. A sensação é inédita. Ainda não tenho todos os capítulos, só vou saber descrever se chegar ao final e as cenas não tiverem ido pro ar. Talvez se aproxime da sensação de gravar uma série.
Todo cuidado é pouco
Quando as gravações foram paralisadas no ano passado, não imaginávamos que a pandemia estaria ainda pior neste ano. Os protocolos de segurança são rigorosos no set.
Estamos nos adequando a uma nova realidade. Nós fazemos exame de PCR sempre que vamos gravar e mesmo assim, a interação mesmo é do elenco, a produção procura sempre manter uma distância. O pior, na real, é a situação em que vivemos, com tantos casos, tantas mortes e o descaso por parte do governo.
Pathy tem uma preocupação a mais: justamente o filho Rakim, de apenas 2 anos. Coordenar os cuidados com o pequeno e toda a responsabilidade como mãe com as gravações é um desafio.
É puxado e fica pior se coloco metas. No começo da pandemia, tentei manter uma rotina e não deu certo. Graças a Deus tenho uma rede de apoio, sem eles não daria conta. Tento cuidar da sanidade mental e física e ser uma mãe 'possível'. Crio Rakim para que seja alguém que respeite o próximo.
Mais oportunidade
Pathy sabe da importância que tem sendo uma atriz negra e preza pelos espaços na indústria. Um episódio durante as gravações de "Coisa Mais Linda" a emocionou, mas também demonstrou como o caminho por igualdade ainda está longe de chegar ao fim.
Festejei o fato de em um dia de trabalho ter o set predominante negro, o que é triste na verdade. Aquilo me emocionou muito no dia, mas não significa em absoluto que as coisas mudaram. Percebi também que muitos veículos tentaram repassar como algo recorrente. E está longe de ser a verdade.
A diversidade é cada vez mais debatida no entretenimento. Uma pesquisa da UCLA demonstra que o público prefere filmes com elenco mais diverso, ao mesmo tempo que o Globo de Ouro vê sua reputação abalada por não ter nenhum votante não-branco. Afinal, estamos mesmo rumo à mudança?
A falta de diversidade é reflexo de estruturas racistas que permeiam toda a sociedade. Não é um problema restrito à indústria do entretenimento. Dentro das produções artísticas, passa pela falta de roteiristas negros, direção, e ainda cuidado para que o produto não apresente ideias estereotipadas.
Se fala muito sobre políticas de diversidade, defesa de causa, posta-se hashtags. Mas me questiono se indústria está realmente comprometida com isso na prática. Roteiristas, diretores, e atores negros podem falar de coisas além do racismo e deveriam ser cogitados para contar outras histórias também.
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