Tantantantan

Todo brasileiro já sentiu frio na espinha quando sua programação foi cortada para entrar a música do plantão da Globo. Microfones e câmeras rodando no logo da emissora e o medo do que vinha pela frente. E faz exatos 30 anos que a história começava a ser contada.

Era 21 de maio de 1991, quando as pessoas que assistiam ao clássico "Top Gun", na "Sessão da Tarde", viram o jornalista Celso Freitas noticiar o assassinato de Rajiv Gandhi, então primeiro-ministro da Índia. O boletim foi encerrado pelo logo da Globo e a palavra PLANTÃO em letras garrafais.

A versão mais famosa e aprimorada do plantão veio meses depois, naquele mesmo ano. A música de João Nabuco e a vinheta de Hans Donner apareceria só em agosto, quando William Bonner noticiou uma tentativa de golpe na URSS.

Antes de 1991, quando uma notícia relevante precisava ser dada, apenas uma narração com o logo do próximo jornal era transmitida.

Apesar da fama que o plantão ganhou de "quem morreu agora?", este não foi o principal tipo de notícia dada pelo boletim ao longo desses 30 anos. As reviravoltas políticas em Brasília são as principais responsáveis pelas interrupções na Globo, principalmente durante a cobertura da Lava Jato.

2016 foi o ano em que a vinheta das câmeras apareceu mais vezes na TV dos brasileiros: foram 25, no total. A maioria trouxe informações sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas houve também os plantões que noticiaram a morte do ator Domingos Montagner e a queda do avião da Chapecoense.

Nos anos seguintes, a Globo mostrou-se mais flexível com sua programação. Os "intervalos falsos", como o que noticiou a morte do ator Paulo Gustavo no começo de maio, ou edições estendidas dos seus jornais superaram a quantidade de vezes em que a vinheta tradicional foi ao ar.

Mesmo essa mudança de postura não impediu que o canal quase superasse o recorde de plantões num único dia. Quando o ex-presidente Lula foi preso, em 2018, a vinheta interrompeu a programação da Globo oito vezes. A marca continua sendo da cobertura da morte de Ayrton Senna em 1994, com nove plantões.

Tem notícia boa também!

Não foi só tragédia e escândalo de corrupção que o plantão noticiou. Recentemente, a música foi acionada no anúncio da aprovação da vacina contra a covid-19. Durante os anos 1990, houve também boletins para informar um eclipse solar e a vitória de Guga em Roland Garros.

O temido plantão em off

Até 2008, alguns plantões tinham apenas a voz do jornalista que dava a notícia. Ao invés de imagens do repórter ou de "apoio", como é falado no jargão jornalístico, o logo permanecia na tela, acompanhado também de uma trilha igualmente assustadora de fundo.

O plantão também erra

Em 1999, um episódio de Trapalhões foi interrompido para noticiar o falecimento do saltador João do Pulo, que estava internado em estado grave e viria a falecer uma semana depois. Episódio parecido aconteceu em 2008, durante a cobertura do sequestro da adolescente Eloá.

Qual o programa mais interrompido?

Os telespectadores vespertinos são os mais suscetíveis a serem surpreendidos por um plantão. Nesses 30 anos, os programas que mais foram interrompidos por uma notícia urgente foram a "Sessão da Tarde" e o "Vale a Pena Ver de Novo".

E o rosto que mais apareceu?

Titular do JN desde 2014, Renata Vasconcellos foi a jornalista que mais deu notícias num plantão da Globo. A âncora apareceu em 34 oportunidades, superando com vantagem o seu companheiro de bancada, William Bonner, que falou 24 vezes após a vinheta.

Afinal, teve Dragon Ball Z no 11 de setembro?

Não. Esse "surto coletivo" que volta às redes sociais todo ano nunca aconteceu. Em 2001, o animê era exibido por volta das 11h15 e a cobertura dos atentados ao World Trade Center já estava no ar há mais de uma hora, de forma ininterrupta.