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Alceu Valença desconversa sobre sucesso no 'BBB', mas celebra vídeos virais

De Splash, em Santos

10/05/2021 04h00

Alceu Valença, 74 anos, foi só simpatia em conversa por videoconferência com Splash [veja acima]. Falante, o músico diz que tem se mantido criativamente produtivo na quarentena —lançou um disco e pretende gravar mais— e se diverte com o sucesso que algumas de suas músicas têm feito.

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Autor de "Anunciação" e "La Belle de Jour", que embalaram gerações, assim como momentos marcantes "BBB 21", ele disse que credita o sucesso duradouro de suas canções à exposição na internet (apesar de não entender muito como ela funciona).

Alceu foi um dos músicos que se apresentaram via live na última festa do "BBB 21", no fim da última semana, e emocionou Juliette Freire (que viria a vencer o programa) e Gilberto Nogueira, ambos nordestinos.

Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Alceu foi um dos artistas a se apresentarem (virtualmente) em festa do 'BBB 21'
Imagem: Reprodução/Instagram

Ele se regozija (como diria seu conterrâneo Gil) com o sucesso e acredita que a internet e as redes sociais fizeram um bom trabalho de disseminação de sua obra para as novas gerações.

Virado nos virais

Alceu lembra que, quando "La Belle de Jour" saiu, em 1992, teve pouca divulgação por parte da gravadora EMI. Duas décadas mais tarde, mas antes mesmo do "BBB 21", ela bombou no YouTube, quando Alceu interpretou a canção com um músico de rua, na avenida Paulista, em São Paulo.

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Eu passava na rua para tomar um suco. Tinha um rapaz tocando samba e, quando começou a tocar 'La Belle de Jour', resolvi ir lá cantar. Minha mulher filmou um pedacinho e foi viral!
Alceu Valença

Sobre o "BBB", ele desconversa. Questionado sobre o sucesso no programa, diz que foi informado sobre o assunto: "Eu sei, eu sei". Em seguida comemora mesmo o fato de um vídeo de "pot-pourri" de "La Belle de Jour" e "Girassol" alcançar 155 milhões de visualizações no YouTube durante a quarentena.

É um vídeo de quase oito minutos, algo pouco comercial. É incompreensível para mim.
Alceu Valença
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Confinado em tempos pandêmicos em seu apartamento no Leblon, zona Sul do Rio de Janeiro, ao lado da mulher e produtora, Yenê Montenegro, Alceu diz ter saudade da interação com o público na rua (ele tem muitos outros vídeos cantando com fãs).

Porém, sente ainda mais falta dos palcos.

O palco, a rua e os exercícios são as coisas de que eu gosto, que me fazem bem. Eu não bebo, não jogo e nem fumo; meu vício é o palco.
Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Alceu Valença em estúdio: criatividade na quarentena
Imagem: Reprodução/Instagram

Em casa, Alceu tem feito lives musicais, escrito poemas e canções.

Depois de uma dificuldade inicial para ajeitar a câmera do celular para o bate-papo, ele falou com entusiasmo do novo disco, "Sem Pensar no Amanhã", lançado em março, que contém uma faixa inédita e releituras só com voz e violão de sucessos.

O disco nasceu de sua reconexão com o instrumento.

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Eu não tinha tempo de pegar no violão por causa das viagens. Eu tinha 61 shows fechados antes da pandemia, no Brasil e na Europa. No vazio da quarentena, comecei a tocar de novo.
Alceu Valença
Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Capa do disco 'Sem Pensar no Amanhã', de Alceu Valença
Imagem: Reprodução/Instagram

Viagem na pandemia

Ele conta que passou a dedilhar músicas antigas em casa e percebeu que, em determinada ordem, contavam uma história. A mulher, Yenê, aprovou a estética crua, e ele decidiu fazer o disco só com voz e violão.

Alceu procurou "narrar uma viagem pelo Brasil", do Rio de Janeiro a Pernambuco, que culmina no Carnaval de Olinda (com a inédita "Sem Pensar no Amanhã").

E, se depender dele, há muito mais coisa por vir.

Alceu tem mais música inéditas produzidas durante a pandemia e quer lançar novos discos.

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Vejo meu próximo disco como um roteiro cinematográfico. Será como 'Sem Pensar no Amanhã', mas com cidades diferentes pelas qual passei. Tenho saudade das cidades.
Alceu Valença
Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Alceu Valença tem aproveitado a pandemia para compor e se recompor
Imagem: Reprodução/Instagram

'Desantenado'

Referência para muitos artistas, Alceu diz que não presta atenção nas tendências musicais ou ritmos emergentes brasileiros, como o funk. Mas isso aconteceu durante toda a vida.

Todo mundo tem o direito de fazer o que bate no coração. Não sou bom ouvinte de música. Não tive radiola em casa. O que me influenciou foram os sons naturais de onde cresci.
Alceu Valença

Ele afirma, no entanto, que, quando uma música chama sua atenção, em shows ao vivo ou na televisão, vai atrás para conhecer.

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Creative Commons - Creative Commons
Chico Science, que com a Nação Zumbi, lançou o movimento Manguebeat
Imagem: Creative Commons

Manguebeat e Spotify

Alceu valoriza, por exemplo, o movimento Manguebeat, de Pernambuco, e considera Chico Science (um dos precursores do estilo, morto em 1997, com quem teve breve contato) "uma pessoa incrível".

Recentemente, graças à mulher, teve contato com as plataformas de streaming e tem praticado exercício com a banda Mestre Ambrósio ao pé do ouvido.

Com isso, andei em uma velocidade incrível.

Vacinado e saudável

Alceu foi imunizado contra a covid-19 no começo de abril e publicou, nas redes sociais, uma imagem da aplicação da vacina com uma mensagem de apoio ao SUS e aos profissionais de saúde. Seus fãs comemoraram.

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O músico diz que "é contra politizar a vacina", mas é do tipo que chama a atenção de quem sai sem máscara à rua. Ele conta que teve de dar bronca em um sujeito quando foi à farmácia. Ele aconselha:

Fique paranoico, porque você pode ser infectado.
Alceu, sobre o que disse a uma pessoa sem máscara na rua

O artista, que participou de uma campanha de combate à hipertensão na última semana, publicando nas redes uma interpretação da música "Coração Bobo", diz que presta muita atenção à própria saúde e procura caminhar ao menos 10 mil passos por dia.

Como outros brasileiros, está só esperando o fim da pandemia para "poder voltar a viver plenamente".

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Continuarei recluso, usando máscara ao sair de casa e evitarei qualquer aglomeração. Responsabilidade social é fundamental para ultrapassarmos essa fase tão difícil.
Alceu Valença