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Rivalidade entre fãs de BBBs provoca exposição de dados pessoais nas redes

Sarah, Rodolffo e Juliette no "BBB 21" - Reprodução/Globo
Sarah, Rodolffo e Juliette no 'BBB 21' Imagem: Reprodução/Globo

Marcela Ribeiro

De Splash, no Rio

18/03/2021 04h00Atualizada em 18/03/2021 16h58

O "BBB 21" tem mobilizado muita gente em grupos de WhatsApp para organizar mutirões nos paredões e exibir motivos para seu participante favorito vencer o programa, além de expor os erros dos rivais no reality. Os ataques entre as torcidas têm sido crescentes e acontecem também em redes sociais, como Twitter e Instagram.

O problema é que muita gente desconhece a palavra limite e leva para fora do reality a rivalidade para defender seu brother favorito. Discursos de ódio e exposição de dados têm acontecido com frequência e prejudicado muita gente.

Gabriele Samara, 18 anos, torce por Sarah e Juliette. Recentemente, ela se infiltrou em um grupo chamado "Fora Juliette" para entender o que os participantes falavam da sister e poder defendê-la. Ao ser descoberta, Gabriele teve seus dados expostos no grupo e ficou assustada ao ver endereço, nomes e dados de parentes expostos para todos verem.

Entrei e tinha gente xingando ela, sendo xenofóbico, eu mandei uma figurinha e me tiraram do grupo. Dez minutos depois veio uma menina com todos os meus dados, CPF, endereço, CPF da minha família inteira, até de gente que já faleceu, e números de telefones.

Ela ficou assustada com a exposição e foi informada por outra participante, que os dados foram colocados no grupo do qual ela havia acabado de sair.

"Fui orientada a registrar um boletim de ocorrência online, mas a menina que havia vazado meus dados entrou em contato pedindo mil desculpas, disse que tinha 24 anos, mas dava para perceber que não passava dos 16 anos. Conversei com ela e disse o quão serio isso é. Ela cometeu um crime e, se pegasse alguém menos tolerante do que eu, seria processada".

Gabriele acabou desistindo do B.O. após conversar com o cunhado, que é advogado e disse que seria muito trabalhoso, por acreditarem que a criminosa é menor de idade.

"Ele me orientou a fazer o B.O. caso algo do tipo aconteça novamente. No dia, eu fiz um tweet de alerta sobre o meu caso e e várias pessoas me disseram que isso acontece desde ano passado; muita gente já passou por isso"

Uma auxiliar de escritório carioca, de 38 anos, torcedora de Sarah e Gil que prefere não se identificar, entrou para um grupo e, ao perceber que a sister estava sendo atacada por algumas pessoas, decidiu defendê-la. Além de ser expulsa, recebeu ameaças em mensagem privada.

"Mandaram mensagem falando que sabem onde eu moro e para eu ficar quieta e não me manifestar mais nas redes sociais em defesa da Sarah. Fiquei com medo e estou evitando postar qualquer coisa sobre 'BBB', apesar de torcer muito para que ela ou Gil vençam o programa".

Na edição do ano passado, Clara Medeiros, 26 anos, viu seu número de celular exposto no Twitter após um comentário na rede social sobre "BBB".

"Fizeram até anúncios na OLX com o meu número. Fiz um comentário negativo sobre o participante no Instagram e postei o print no Twitter, aí a torcida entrou nas minhas redes para me xingar, pegaram minha foto para me ofender. Até hoje não sei como conseguiram meu telefone".

Na ocasião, ela fez contato com a empresa, que bloqueou o anúncio logo em seguida.

Clara torce para Gilberto no "BBB 21" e aprendeu a se preservar mais nas redes: "Evito ao máximo me expor e fico só pelo Twitter comentando, usando foto de participante no perfil para evitar que isso aconteça novamente".

'Nossa postura é pedir respeito'

Deborah Vidjinsky, amiga de Juliette e administradora das redes sociais da paraibana, diz que tem sido comum esses ataques e exposições entre as torcidas.

Nossa postura sempre é de pedir respeito. Seja aos fãs e grupos de Whatsapp, seja no Twitter ou Instagram. A gente não compactua com esse tipo de atitude vindo de outras torcidas, então seria hipocrisia aceitar quando parte da nossa.

Gabriela Leão, administradora das redes sociais do cantor Rodolffo, conta que os infiltrados ficam nos grupos para saber o que a torcida comenta e expor em outros locais. Ela nunca presenciou exposição de dados nos grupos dele e conta como procedem quando percebem a presença de um infiltrado:

"As regras nos grupos do Rodolffo proibem ofensas, e também não permitimos que falem mal de outros participantes, mesmo que sejam rivais dele. Quando alguém de nossa torcida comete esse erro, chamamos no privado pra pedir que não se repita. Apenas removemos a pessoa quando descobrimos que não é da torcida".

Vítima pode processar quem vazou dados

A advogada Mariana Zonenschein orienta as vítimas de vazamento de dados, de qualquer tipo, a registrar um Boletim de Ocorrência online para se prevenir de fraudes. Este é o primeiro passo.

"Além disso, cabe ação judicial contra aquele que expuser os dados alheios e causar prejuízos com tal exposição indevida. Por fim, na esteira da proteção dos dados, vale mencionar o regramento da nova Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que contém sanções contra quem divulga sem autorização nem base legal ou contratual informações pessoais e sensíveis de terceiros".