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Latino diz que já perdeu 'mais de R$ 10 milhões' com apostas em cavalos

Com planos de série biográfica, Latino lembrou episódios de sua vida nos EUA e depressão após sucesso - Reprodução/Instagram
Com planos de série biográfica, Latino lembrou episódios de sua vida nos EUA e depressão após sucesso Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para o Splash, em São Paulo

03/03/2021 07h17Atualizada em 03/03/2021 08h12

Um livro e um filme sobre sua vida fazem parte dos planos de Latino desde 2019.

Nas declarações há quase 2 anos, o cantor afirmou que queria que os projetos sobre sua trajetória saíssem do papel até 2022. Agora, aos 48 anos, com 30 de carreira, ele retomou parte do sonho, encaminhando uma série biográfica que deve incluir detalhes de sua vida nos Estados Unidos e do vício em corridas de cavalo, que o levou à falência no auge do sucesso.

"Morei quase seis anos nos Estados Unidos. Foi lá que aprendi o meu jeito de dançar e cantar. Me chamavam de Latinboy. Fiz o ensino médio lá, montei uma boyband e comecei a animar festas. Depois, surgiu uma oportunidade de trabalhar com o David Copperfield (famoso ilusionista) e fiquei quatro meses viajando com ele nos bastidores", contou o cantor à revista Quem.

"Trabalhava em lojas e estudava, nos fins de semana, fazia turnês. Ali, comecei a pegar gosto pelos palcos, dançava e fazia mágica. Com o tempo, comprei um violão e passei a compor. O berço que tive nos Estados Unidos me fez ser tudo que sou hoje", afirmou ele, que se mudou para o exterior com a mãe, Regina Lorback, quando ela se casou com um americano no início dos anos 1980.

Mas apesar das oportunidades, Latino contou que sua vida deu uma virada depois de se envolver em uma série de pequenos delitos nos Estados Unidos, quando acabou deportado para o Brasil e teve que morar com o pai, que não aceitava sua carreira.

"Nos Estados Unidos fiz muita besteira, pichava, tinha muitos amigos que não prestavam. Única coisa que nunca fiz, foi usar drogas. Fui preso envolvido em um roubo de carro e deportado para o Brasil", admitiu o artista, que era apenas Roberto de Souza Rocha antes de "virar" Latino no exterior.

Recém-chegado ao Rio de Janeiro depois da temporada em Nova York, o cantor não viveu muito tempo com o pai, que era militar. Após embates dentro de casa, ele acabou indo viver em uma praça na cidade, onde diz que chegou a engraxar os sapatos de figurões da igreja evangélica.

"Fui morar em uma pracinha embaixo de um viaduto do Méier. Foi ali que conheci o Edir Macedo e o RR Soares. Comecei a lavar carro e engraxar o sapato deles. Minha tia Marlene me acolheu, mas ao invés de voltar para o Engenho de Dentro, dormia ali. No fim de semana, voltava para casa dela, onde morávamos em sete. Apesar de não ter condições financeiras, minha tia me apoiava muito", lembrou.

Depressão e vício em apostas

Entre altos e baixos, Latino acabou entrando para o mundo artístico graças ao incentivo da tia, lançando seu primeiro single: "Baby Me Leva".

"Tinha escrito a letra e joguei no lixo, porque achei muito ruim. Ela pegou e falou pra eu insistir. Já tinha ido diversas vezes no estúdio do Marlboro e ninguém me atendeu. Aí, comecei a vender sanduíche natural na praia para juntar dinheiro e pagar uma produção do Marlboro (DJ e famoso produtor de funk)", detalhou.

No fim, o empresário dispensou o pagamento de Latino, desde que ele assinasse um contrato de fidelidade com sua gravadora. "Foi a maior cagada que fiz, fiquei quatro anos 'preso' a ele", lamentou.

A música foi inserida no lado B de um LP de Marlboro, mas, ambicioso, Latino usou seus sanduíches para ir além, distribuindo seu produto para o dono de uma kombi de som tocar o hit em frente ao prédio da Sony, gravadora do produtor, na intenção de conquistar mais atenção.

Depois, sem obter sucesso com a primeira parte do plano, ele imitou a tática com as funcionárias da própria gravadora, que tocaram a fita com o single dentro da empresa, chamando a atenção dos executivos, que marcaram uma reunião que catapultou sua carreira.

Mas mesmo o sucesso não impediu os altos e baixos na vida de Latino. No auge, o artista entrou em depressão e se limitou a produzir outros artistas, como a ex Kelly Key, de quem se separou no início dos anos 2000.

Depois, a depressão o levou a perder mais de R$ 10 milhões apostando em corridas de cavalos.

"Fiquei afastado e plantando a sementinha da Kelly Key, até ela estourar no mercado. Depois fiz a Luka. Aí, em seguida tive uma separação conturbada, muitas decepções com as mães dos meus filhos e fiquei em depressão. Para piorar, perdi mais de R$ 10 milhões apostando em corrida de cavalo. Era viciado. Tudo que ganhei nos primeiros 10 anos de carreira, perdi", explicou.

"Festa no Apê" e "Renata"

Mas a volta por cima veio em 2004, quando Latino voltou a ficar em evidência com "Festa no Apê" e "Renata".

"Reiniciei a carreira do zero, praticamente. Depois trouxe o 'Kuduro' para o Brasil, com o Daddy Kall, e foi um fenômeno, entrando até na trilha sonora da novela "Avenida Brasil" (2012). O artista precisa ficar ligado nas coisas que estão acontecendo no mundo. Essa busca tem que ser constante. Hoje, o mercado está muito misturado. A gente vê rap com funk, trap com forró. A galera está fazendo exatamente o que eu fazia lá atrás. O artista não pode ficar na mesmice", aconselhou.

Agora, mesmo em meio a pandemia, o cantor se manteve ativo com duas novas músicas em parceria com Dennis DJ, contando uma história curiosa sobre sua conexão com o produtor.

"Agora, lancei 'Deu Vontade' e vou lançar 'Exquece', que tem grande chance de ser mais um sucesso. Vamos lançar mais cinco singles juntos. Ele me produzindo. Eu e Dennis temos uma história engraçada. Ele foi meu DJ e a mulher dele (Bárbara Falcão) foi minha Latinete. Há 20 anos, lançamos aquela música de funk 'Mexe com Lala', e 'Sensação', na voz do Andinho. Temos que nos reinventar sempre. Tenho 10 filhos e uma família que depende de mim. São muitas contas para pagar. Não posso parar", concluiu.