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Elenco de 'Confissões de Adolescente' mata as saudades no 'Oi, Sumido'

Colaboração para Splash, de São Paulo

27/01/2021 11h00

O reencontro (virtual) do elenco de "Confissões de Adolescente" é mesmo como o de uma família que não se vê há muito tempo. Aos olhos do público, eles deixaram de conviver em 30 de novembro de 1996, dois anos depois da estreia da série. Mas é nítido e sincero o carinho que ainda sobra entre eles.

Basta ver a reação quando Luis Gustavo, o Paulo, entra no papo. E o ator fica radiante ao rever Daniele Valente (Natália), Georgiana Góes (Bárbara), Deborah Secco (Carol) e o diretor Daniel Filho: "De repente eu revejo todas as minhas filhas num só momento!". Eles bateram um papo com a editora do Splash, Liv Brandão, e o colunista de cinema Roberto Sadovski para o "Oi, Sumido".

"Confissões de Adolescente" fez grande sucesso na TV, com uma temporada na Cultura e duas na Band. Mas começou bem antes, no teatro. E a peça nasceu de um livro escrito por Maria Mariana (que interpretava Diana e não pôde participar do encontro), baseado em seus próprios diários.

No início dos anos 1990, o diretor (e então ator) Daniel Filho assistiu ao espetáculo, a convite do amigo Domingos de Oliveira, pai de Maria Mariana. "Eu fiquei aos prantos, chorando de emoção, vendo aquela coisa espetacular", conta Daniel. Ele então teve a ideia de adaptar a história para a TV.

"Eu levei 6, 7 meses para conseguir vender o projeto porque ninguém queria comprar", lembra.

A trama girava em torno de quatro irmãs da família Araújo: Diana e Bárbara —filhas do primeiro casamento de Paulo—, Carol, filha da segunda relação e Natália, enteada que Paulo criou após a morte da esposa. Eles viviam em Ipanema, no Rio de Janeiro.

O público acompanhava os desafios e conflitos dessas quatro adolescentes criadas por um pai carinhoso e lidando com os problemas dessa fase.

Éramos adolescentes, falando sobre o que a gente tinha como questionamento adolescente, dentro de uma dinâmica de estar trabalhando com mestres e dentro de um ambiente muito favorável, de qualidade, que era o que o Daniel perseguia, a qualidade técnica.

Daniele Valente

Os veteranos Daniel e Luis Gustavo contam que, por conta dos temas sensíveis como uso de drogas, abuso de álcool, primeira relação sexual, era fundamental o respeito ao tempo de cada uma das atrizes para tratar desses assuntos. Numa clássica cena em que Carol experimentava um sutiã pela primeira vez, Deborah Secco ficou no estúdio sozinha com Daniel, que operou a câmera:

A gente tinha um cuidado com isso. E isso resultou nesse convívio, nesse respeito à idade, aos problema de cada uma, a cada personalidade.

Daniel Filho

"Não lembro de ter uma discussão, uma briga, nunca!", lembra Gustavo. As meninas concordam, unânimes. O clima era tão bom que elas se lembram de pequenos detalhes: "A gente levava objetos pessoais nossos para colocar no quarto, no cenário", diz Georgiana. "A gente escrevia os nomes nas paredes do cenário", conta Daniele.

E também faziam as próprias confidências: "A gente tinha um único motorista que levava a gente embora, o Sampaio! Então era o momento de a gente colocar a fofoca em dia", ri Deborah.

Juntas, elas levaram questões importantes para o público e também passaram pelas suas próprias histórias: "A Natália, minha personagem, perdeu minha virgindade antes de mim", lembra Daniele.

Em 2014, Daniel Filho dirigiu "Confissões de Adolescente - O Filme", estrelado por Sophia Abrahão. Embora em outros papéis, a obra teve a participação das quatro atrizes originais da série de TV.