Como estão as crianças que fizeram sucesso com o funk nos anos 2010?
No começo da década de 2010, as crianças invadiram o funk de São Paulo. Mesmo com a pouca idade, nomes como MC Pedrinho, MC Pikachu e MC Brinquedo se tornaram referências e viajaram o mundo, com direto a turnê pela Europa.
O sucesso na música trouxe a realização do sonho daquelas crianças, que puderam deixar a infância pobre e dar uma vida melhor aos pais. Mas nem tudo na vida são flores, e eles tiveram que enfrentar a Justiça e abdicar do momento mais lúdico da vida para trabalhar.
Hoje, os três são maiores de idade e continuam cantando suas músicas. O passar do tempo trouxe mudanças físicas e mentais. Pedrinho virou um homem tatuado, Brinquedo um jovem de fé e Pikachu passou por um tumor cerebral.
Onde cada um se encontra
Matheus Sampaio Correia, o Pikachu, tem 21 anos e é o mais velho dos três. Em 2018, ele foi diagnosticado com um tumor benigno no cérebro e precisou de intervenção cirúrgica.
Hoje, ele tenta retomar o sucesso mantendo a "raiz" com suas músicas mais picantes.
Vinicius Ricardo dos Santos Moura, o Brinquedo, tem 19 anos. Bem diferente do que vemos nos vídeos, ele é bem reservado e tímido.
Recentemente, o MC passou por uma harmonização facial e sofreu com haters nas redes sociais. Após um período em off, ele diz que está com a cabeça no lugar agora.
MC Brinquedo
Pedro Maia Tempster, 18, é o "caçula". No palco desde 11, agora ele tenta se firmar no trap, uma vertente do rap. No ano passado, o MC entrou na Justiça para desfazer seu contrato com a produtora GR6.
O empresário Alexandre Santana, o Gugu, diz que está em negociações para resolver a situação.
O começo da criançada
Em meados de 2013, a vertente que estava em alta no funk paulistano era a putaria. Lembra daquelas músicas, digamos, bem pesadas, com um arsenal de sinônimos para órgãos sexuais? Foi ali que surgiu o MC Pedrinho.
Ele foi um dos primeiros MCs de sucesso nascido em São Paulo. O cantor não quis conceder entrevista, mas conversamos com Gugu sobre as memórias do passado e sua relação com o cantor.
Gugu, empresário.
Alexandre diz que, desde o começo da carreira, uma coisa era clara: o funk muda, sim, a vida de um garoto pobre, mas a escola não vai ficar de lado. O empresário diz que a família ficava "no pé" nesse quesito.
Sobre as composições, Gugu reforça que Pedrinho não cantava algo que praticava.
Gugu
Localizada em uma residência, na zona sul de São Paulo, a produtora era mais que uma segunda casa para os MCs. Eles passavam boa parte do seu tempo lá, criando e respirando música. Lembra dos vídeos de Bin Laden e Brinquedo dançando numa laje? Eram feitos lá.
Os relatos daquela época são de que o ambiente era extremamente criativo, mas não dos melhores para uma criança.
Emerson Martins, dono da produtora, confirmou que existiam excessos - incluindo o consumo de drogas -, mas diz que se arrepende de como lidava com os artistas.
Problemas com a Justiça e consequências
No auge do sucesso da criançada, o Ministério Público de São Paulo proibiu as apresentações de Pedrinho em todo o território nacional. Segundo o órgão, as músicas eram "incompatíveis com a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento".
Mano DJ, que trabalhou com MC Pikachu, diz que esse momento foi triste para todos. Os MCs faturavam mais de R$ 50 mil por fim de semana - e, consequentemente, eram responsáveis pelo sustento das famílias.
Mano DJ, produtor.
Gugu reforça que hoje a visão é outra e procura evitar músicas com palavrão. Mas também é preciso entender o sonho dos jovens e o mundo onde eles vivem.
Gugu.
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