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Pão fresco, havaianas no pé e filantropia: a vida de Jimmy Page no Brasil

O guitarrista Jimmy Page e sua icônica Gibson Les Paul
O guitarrista Jimmy Page e sua icônica Gibson Les Paul
Reprodução

De Splash, em São Paulo

16/12/2020 04h00

Um dos maiores personagens do rock, o guitarrista do Led Zeppelin, Jimmy Page, é um apaixonado pelo nosso país.

As histórias dele por terras tupiniquins estão no livro "Jimmy Page no Brasil", do jornalista Leandro Souto Maior e publicado pela editora Garota FM, voltada a livros musicais.

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Fã da banda inglesa e admirador de Page, Souto Maior —que também é autor do livro "Heróis da guitarra brasileira"— diz que teve a ideia de escrever durante uma conversa com um fã do guitarrista.

Sempre ouvi muitas histórias da relação do Jimmy com o Brasil

O Luiz Cláudio, presidente do fã-clube no Brasil, me deu o caminho das pedras e cedeu muito material. Consegui conversar com todo mundo que queria. Na verdade, com quase todo mundo.

Leandro Souto Maior, autor do livro

Quase porque faltou a grande estrela, que não respondeu aos pedidos do jornalista.

O livro está em pré-venda via Catarse. A intenção do autor é entregá-lo até o aniversário do guitarrista, no dia 9 de janeiro.

A vida em Lençóis

A primeira "passagem" de Jimmy Page pelo Brasil foi no réveillon de 1979 para 1980. O guitarrista passou a virada no Rio de Janeiro. Mas, foi a partir de 1994, que ele ganhou sua "carteirinha de brasileiro".

Nesse ano, ele conheceu Jimena, sua esposa até 2008. Estadunidense e filha de pais argentinos, ela morava em Lençóis, cidade a 420 km de Salvador. O guitarrista então comprou uma casa na cidade, que passou a visitar constantemente.

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Ele aproveitou essa vinda ao Brasil para viver no anonimato. Em Lençóis ninguém conhecia ele como "o, Jimmy Page", era um lugar bem simples. Ele adorava pegar a primeira fornada de pão. Na cidade, tem vários relatos de pessoas que viram ele sentado na calçada, comendo pão quentinho.

Além da rotina de acordar cedo para fazer a refeição mais importante do dia, Jimmy tinha um outro hábito bem brasileiro: gostava de andar nas ruas da pacata cidade baiana com chinelo no pé e uma bermuda bem simples.

Alguns podem até dizer que o guitarrista também aprendeu um pouco do jeitinho brasileiro. E ele usava da malandragem para dar uma escapada da mulher.

"Os melhores depoimentos sobre o Jimmy são da galera do backstage. Ele ficou muito amigo de um roadie da Margareth Menezes, o Batata".

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Eles andavam para cima e para baixo. O Batata não sabia muito bem quem era Jimmy Page, acho que isso ajudou na amizade, não tinha o culto ao ídolo. Eles iam para uns botequins e o Jimmy pedia Coca-Cola, bebia e depois colocava cachaça dentro, para disfarçar e a esposa não ver.

Paixão pelo berimbau e Casa Jimmy no Rio

Com um pouquinho de Brasil correndo no sangue, Jimmy também se apaixonou por um instrumento que é a cara da cultura brasileira: o berimbau.

"Ele pirou quando conheceu a capoeira. Ele foi pesquisar as origens e descobriu o berimbau".

Ele se amarrou demais naquilo. O berimbau é conhecido pelos efeitos loucos, né?! Quando o Jimmy, um guitarrista superconsagrado e tido como um dos melhores da história da música, viu aquilo, ele surtou. Nunca tinha visto nada igual, algo que faz aquele som hipnótico, totalmente acústico.

Durante uma viagem ao Rio de Janeiro em 1997, o guitarrista ficou impactado com a ação do Exército em favelas da cidade e com crianças em situação de rua. Ele decidiu fazer uma doação para a ONG Task Brasil, que abriu a Casa Jimmy.

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A Casa Jimmy é um local que acolhe crianças carentes do Rio e fica em Santa Tereza. Hoje, além de aulas de disciplinas regulares, as crianças aprendem práticas esportivas e culturais.

Em 2005, o guitarrista foi condecorado como cidadão honorário do Rio do Janeiro.

Quem conheceu o Jimmy o descreve como um cara muito generoso e calmo. Se tem uma imagem dos rockstars é que são arrogantes, superestrelas. Mas o Jimmy não, ele é um cara especial e de bom coração, um gentleman.