PM youtuber faz vídeos de react em apoio ao funk: 'Quebrando o preconceito'
Lucas Câmara Mourão, 37, soldado da Polícia Militar em Curitiba, diz estar numa missão: quebrar o preconceito contra o funk. Em seu canal no YouTube, o soldado Mourão vem publicando reacts de músicas e elogiando as letras.
O primeiro vídeo foi da música "Ilusão" (Cracolândia)" —que já tem mais de 4 milhões de visualizações. "Depois desse react, acho que quebrei um paradigma", diz. "Temos que saber que tanto o jovem que quer entrar na polícia militar quanto o jovem que quer ser MC têm um futuro pela frente."
Eu mudei bastante. Como dizem, eu peguei a visão. Acredito que se mais policiais puderem olhar o que estou enxergando, teremos um futuro bem melhor.
Fã de música clássica e dos Racionais MC's —"sei algumas letras de cor", diz o policial—, agora ele quer fazer do seu canal uma plataforma de divulgação de novos MCs. Sobre o que acha da relação entre Polícia Militar e funkeiros, ele diz que precisa melhorar.
Eu acho que a relação tem atritos. Infelizmente, não sei dizer se a culpa é do Estado ou do funkeiro. Não sei responder. A minha parte [de quebrar o preconceito] eu vou fazer, nem que seja sozinho. E vou continuar fazendo o trabalho da polícia, tendo a rigidez quando precisar.
Em conversa por WhatsApp com Splash, o soldado disse que criou seu canal para mostrar sua rotina como PM. Nos vídeos, Mourão aparece realizando abordagens e dando dicas para quem quer ser policial. A ideia de gravar react de funk surgiu justamente nos comentários de um desses vídeos.
As pessoas viram que eu era um policial diferente e sugeriram fazer um react de 'Cracolândia'. Eu abri a mente nesse dia, pensei: vou quebrar esse preconceito, essa ignorância. Não sabia o que ia encontrar, fui de surpresa.
Hoje, Mourão tem outros seis vídeos com reacts de funk no seu canal, que já bateu a marca de 300 mil inscritos. O policial diz que os vídeos mudaram sua vida e que está feliz com a repercussão, mas que seus colegas de batalhão ainda estão sem saber como abordá-lo no trabalho.
O policial diz que não ouve funk no dia a dia e também prefere gravar os reacts sem saber o que vai conhecer ali na hora. É tudo no improviso, garante. Sobre ir a um baile funk no futuro, ele diz que não vê problemas. Desde que seja na vertente de que gosta.
Nunca entrei [num baile funk]. Na minha juventude não era legal. Hoje percebo que é diferente. Claro que se for numa linha consciente, com tudo lícito, não tiver apologia às drogas [eu iria].
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