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CCXP: Artists' Valley te faz pagar frete, mas compensa com conteúdo inédito

Quadrinistas se reúnem no Artists' Alley na CCXP 2017
Quadrinistas se reúnem no Artists' Alley na CCXP 2017
Mariana Pekin/UOL

De Splash, em São Paulo

02/12/2020 04h00

A CCXP Worlds vai invadir as nossas casas entre 4 e 6 de dezembro e quer simular a experiência que tivemos ao longo dos últimos anos, ao vivo, antes da pandemia. Mas há diferenças grandes, laro. Começando pela área dos artistas —uma das que mais mudaram no evento on-line e aprenderam com o momento.

Você ainda poderá comprar gibis, pôsteres e outros itens criados por artistas famosos e independentes, agora com mais facilidade para achar o que te interessa e a vantagem de não sentir dores nas pernas de cansaço ou nos braços por carregar sacolas. O problema é que a dor pode migrar para o bolso.

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Cada artista será responsável pelo envio de seus produtos; ou seja, quem mora em Porto Alegre pode se interessar por mercadorias de Belém, São Paulo, Brasília. Cada um com seu custo de frete. Splash conversou com Ivan Costa, o curador responsável pelo Artists' Valley, para explicar como será.

O envio é feito por cada artista. A gente não tem pretensão de virar um marketplace, esse não é o papel da CCXP. Imagine: são 600 artistas em média. Um mora em São Paulo, outro mora em Macapá, e a gente não tem como virar uma Amazon para receber produtos de 600 vendedores e despachá-los todos daqui.

Provavelmente vão usar os Correios na maioria dos casos. Quem mora na mesma cidade do comprador pode até negociar entrega em algum lugar. O que a plataforma do evento oferece é realmente uma vitrine. O artista coloca seus produtos com o link, e esse link leva ao marketplace que ele escolher.

- Ivan

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Por maior que seja a nossa empolgação consumista com as páginas dos artistas, será preciso somar R$ 15 de frete aqui, R$ 20 ali, mais uns R$ 30 ali... Pobre carteira.

Pagar vários fretes é realmente um saco, mas vale lembrar que, desta vez, o acesso à CCXP será gratuito (inclusive para o Artists' Valley). E Ivan promete que a plataforma é muito inovadora e nunca antes vista em outras Comic-Cons virtuais. Vai ter interatividade e conteúdo inédito.

Temos muitos painéis sobre os artistas, e tudo foi gravado com segurança. Em muitos casos, havia um entrevistador em estúdio e um entrevistado entrando remotamente. Dessa forma, deu para gravar aos poucos, de acordo com a agenda de todo o mundo, para colocar essa programação nos três dias do evento.

Vai ter bastante coisa

Cerca de 32 horas de conteúdo em mais de 80 "programetes", com convidados como Art Spiegelman (cartunista-autor do elogiado "Maus") e Gail Simone (roteirista de "Aves de Rapina", "Mulher-Maravilha" e "Batgirl"). E a promessa é que os artistas menores não sejam ofuscados.

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O artista menor vai ter até mais chance de brilhar. A Gail Simone, por exemplo, vai participar de uma atividade de 45 minutos. O artista que tem uma mesa vai definir sua programação, com função de vídeo para interagir, desenhar ao vivo, autografar, responder perguntas ou o que mais quiser fazer.

O número total de mesas vai girar em torno de 600. No evento presencial, com filas e correria, costumava ser difícil encontrar produtos dos seus gêneros ou universos fictícios favoritos. Agora ficou beeeem mais fácil, graças a um novo sistema de tags.

O artista que tiver produtos ligados a "Harry Potter" poderá taguear cada item para facilitar o garimpo do público. O mesmo vale para "La Casa de Papel", "Game of Thrones", ou gêneros como "comédia" e "terror". Se tudo der certo, suas paixões nerds serão facilmente encontradas.

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No evento presencial, eventualmente, você acaba não vendo algo que quer muito, mas que não está em cima da mesa ou que acabou. No on-line, dá para pesquisar com facilidade. E agora é um evento gratuito, pessoas do Brasil e do mundo inteiro poderão conhecer e apoiar os artistas no Artists' Valley.

Aliás, esse sistema de tags (que é muitíssimo útil, convenhamos) já deveria ter sido criado nos últimos anos, na CCXP presencial, para facilitar a vida de todos. Questionado por Splash, Ivan admitiu que isso poderia ter sido pensado antes, mas que a organização está sempre disposta a aprender.

O on-line está abrindo nossa cabeça com várias lições, coisas que poderíamos ter feito antes. Mas a ficha não tinha caído. A gente tem, na CCXP presencial, um aplicativo com as mesas. Por que não pedir para os artistas cadastrarem tags? Dá para incluir no futuro. A lista de aprendizados é longa.

Ivan e outros organizadores da CCXP marcaram presença em vários eventos nerds ao redor do mundo para estudar os métodos que vinham sendo usados. E ele afirmou que nenhuma estratégia dos estrangeiros foi simplesmente copiada para essa Comic-Con Experience.

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Seria muito fácil e óbvio, depois de tantos eventos lá fora, simplesmente replicar tudo. Mas cada pequeno detalhe foi discutido: isso faz sentido para o fã brasileiro? É a melhor forma de fazer tal coisa? Vai ser uma experiência diferente para todos nós. A gente está muito feliz com o que construiu.