Danielle Lima, a Pipoca da TV Cruj: 'Bolsonaro ia cancelar o programa'
Se o presidente acha que pode fazer tudo sozinho e se acha melhor do que o povo, então o povo derruba o presidente.
Pode parecer uma frase tirada de algum manifesto revolucionário dos dias atuais, mas era uma fala veiculada na "TV Cruj" —que, ok, era revolucionária (e ultra-jovem) também. A frase nunca mais saiu da cabeça da Jussara Marques, a Maluca do programa infantil.
No ar no SBT entre 1997 e 2003 —pegando parte do primeiro e todo o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso e o início dos anos Lula no Palácio do Planalto—, o programa não estaria no ar hoje, segundo Danielle Lima, a Pipoca:
Bolsonaro ia cancelar a TV Cruj na hora.
O elenco do infantil falou ao 'Oi, Sumido' sobre o viés político da atração
Para Murilo Troccoli (Rico), quando os cineastas Cao Hamburguer e Anna Muylaert criaram o programa, a ideia era ensinar a criança a pensar: "Você quer isso? Isso é bom? Tá bom assim ou você tem que reclamar? Se não estiver [bom], abre a boca, fala!", diz. "Isso acontecendo hoje...? Não sei. Quando as pessoas divergem [hoje], elas não discutem, elas se odeiam", opina.
Leonardo Monteiro, o Chiclé, lembra ainda do Hino da TV Cruj: "Hoje é do papai, amanhã é do presidente". Diego Ramiro, o Caju, discorda que fosse um programa "de esquerda" e lembra que as esquetes sempre traziam "os dois lados" — o da criança e o dos pais.
Mas não há dúvidas sobre a inovação de colocar o ponto de vista infantil na tela. E avançando em assuntos que, na época, nem eram pauta. Ao lembrar de sua personagem, Jussara Marques fica eufórica, e ainda elogia o figurino, a maquiagem e os cabelos coloridos da garotinha:
A Maluca era muito feminista! Ela queria os mesmos direitos que os meninos. Era uma mistura de menina com drag queen, tinha uma representatividade maravilhosa.
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