Foi amplamente considerada como catastrófica a estreia de Macedão da Chinelada no 'Tá Na Hora', telejornal vespertino do SBT. O que se viu foi uma ruptura muito grande em relação ao que a apresentadora Daniele Brandi vinha construindo desde a saída do Datena. A ideia era testar a dupla com Brandi antes da suposta estreia do 'Aqui Agora'. Mas o trauma foi tão grande que ele não retornou para a função na terça-feira e dizem até que o retorno do formato policialesco vai perdendo força nos bastidores. Nenhum resultado em TV se deve a um único fator, então acho que podemos estabelecer aqui algumas hipóteses desse importante naufrágio em meio a reforma geral da programação que o SBT está implementando. Macedão chegou com um personagem pronto, após anos de sucesso na TV paranaense. O problema é que a história foi apresentada pela metade para o público de SP. Tudo é storytelling. Simplesmente jogar o sujeito de personalidade extravagante e vestuário discutível sem um mínimo contexto foi um tiro na água. Lembro bem quando o Ratinho começou a apresentar um programa policial na CNT, o saudoso 'Cadeia'. Quem assistia ao programa naquela época, e depois no '190 Urgente' da mesma emissora, viu a evolução do apresentador enquanto personagem. O cassetete quebrando o fax e outras estripulias foram parte de uma longa jornada acompanhada diariamente pelos telespectadores. Quando ele chegou até as emissoras maiores, primeiro na Record e depois no SBT, o personagem já era grande o suficiente para que os programas também se moldassem à personalidade que tinha sido plenamente estabelecida. Mas houve tempo e alguma organicidade durante esse processo. Macedão tentou fazer com que a órbita do 'Tá Na Hora' mudasse completamente de um dia para o outro, mas todo o entorno ainda era o mesmo. Além de forçado, ficou evidente o choque cultural entre o que ele propunha e os seus interlocutores, tanto a Daniele Brandi no estúdio quanto os repórteres. Isso foi um erro muito grande. Para que ele tenha a oportunidade de brilhar como brilhou ao longo de sua carreira na TV regional (que é de propriedade do Ratinho, diga-se de passagem), é preciso pensar em duas estratégias possíveis: ou ele se adequaria ao clima do programa, ganhando espaço organicamente, ou criam um programa que sirva à toda aquela extravagância pós-jornalística -o que parecia ser o plano com o 'Aqui Agora'. Mas reforço aqui que não acho que esse seja o único problema com os resultados de audiência do 'Tá Na Hora'. A nova grade do SBT parece partir de uma premissa até coerente, colando o jornalístico mais popular com o telejornal principal da emissora, o SBT Brasil. Mas será que faz sentido? A TV vespertina está cada vez mais privilegiando a programação ao vivo. Mesmo a Globo, que durante anos relegou suas tardes a reprises de novelas e filmes ruins, vem procurando aumentar o espaço do jornalismo com edições extraordinárias do SPTV. Colocar duas novelas enlatadas entre o 'Fofocalizando' e o 'Tá Na Hora' é correr o risco de perder um público interessado no noticiário popular e localizado, na minha humilde opinião. Além do mais, as interações entre Brandi e Léo Dias vinham garantindo alguma repercussão para ambos os programas. Daniele Brandi vem sendo muito elogiada nas redes, merecidamente. Segura, desenvolta e carismática, tem sido uma ótima alternativa dentro desse gênero tão combalido nos últimos anos. É uma renovação muito bem-vinda e necessária. Se o projeto de investir em Macedão resistir no SBT, acredito que o mais certeiro seria manter cada um em programas separados, respeitando o tom e o ponto de vista de cada apresentador. Qualquer outra alternativa seria desperdiçar potenciais estrelas em ascensão.
Procurado por Splash, o SBT não respondeu sobre o afastamento de Macedão até a publicação da newsletter. O texto será atualizado no site quando houver o posicionamento da emissora. Voltamos a qualquer momento com novas informações. |