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'Me Tira da Mira' é uma piada interna que ninguém te chama para participar

Fábio Jr. atua ao lado de Cleo em "Me Tira da Mira" - Divulgação
Fábio Jr. atua ao lado de Cleo em 'Me Tira da Mira' Imagem: Divulgação

Fernanda Talarico

De Splash, em São Paulo

23/03/2022 04h00

Protagonizado por Cleo, "Me Tira da Mira" acompanha a policial Roberta em uma investigação para descobrir a verdade por trás da morte da atriz Antuérpia Fox (Vera Fischer).

Com um humor escrachado e referências que acontecem à exaustão, os únicos que parecem se divertir são os atores. A impressão é de assistir a uma piada interna da qual o espectador não foi convidado a participar.

Me Tira da Mira

Lançamento: 2022 Duração: 90min Pais: Brasil Status: Em Cartaz Direção: Hsu Chien Hsin Roteiro: Beatriz Rhaddour, Claudio Simões, Diego Timbó, Junior Provesi, Regiana Antonini

"Me Tira da Mira" chama a atenção do público logo na escalação do elenco, afinal, não é sempre que o cinema consegue juntar uma das famílias mais conhecidas do Brasil em um filme. Estrelada por Cleo, a produção conta também com Fábio Jr. (pai da atriz) e Fiuk (irmão dela) atuando juntos. Além deles, figuram na ficha da produção Júlia Rabelo, Vera Fischer, Cris Viana, Sérgio Guizé, Stenio Garcia e Silvero Pereira.

No entanto, nem mesmo os grandes nomes da atuação brasileira foram capazes de sustentar "Me Tira da Mira", que, ao longo de sua uma hora e meia de duração, tenta a todo custo ser engraçado e entregar as mais diferentes referências ao público, mas acaba falhando.

Dirigido por Hsu Chien Hsin ("Quem Vai Ficar Com Mário?"), o filme exagera nas piadas, como com o fato de Fábio Jr. ser pai de Fiuk na vida real, mas não na trama, e o personagem do famoso cantor dizer: "Esse menino poderia ser meu filho". Ou então quando, em apenas um diálogo, Fábio Jr. cita diferentes frases icônicas de suas músicas. As brincadeiras com o público até poderiam funcionar, mas, usadas à exaustão, acabam cansando e estragam a graça.

Na produção, acompanhamos Roberta, vivida por Cleo, em uma investigação de um assassinato. Ela é uma mulher forte e não quer depender de seu pai, Jorge, o chefão da polícia. A personagem e a atuação de Cleo são o ponto alto da produção, pois ela parece ser a única que leva o filme a sério e tem a intenção de entregar algo realmente verdadeiro como artista.

O problema do longa se inicia justamente em não focar na trama principal, pois as histórias paralelas fazem o roteiro perder força e confundem o espectador. São inúmeros personagens que não ajudam ou acrescentam, pelo contrário, eles travam o desenvolvimento e ritmo. Em dado momento, você deseja só acompanhar Roberta e sua saga para chegar ao fim da investigação. O foco muda a todo tempo para dar protagonismo a alguém que não faz diferença, mas precisa justificar a sua presença no título.

Ao final de "Me Tira da Mira", a impressão do espectador é de ter assistido a uma reunião de amigos e familiares que estão se divertindo contando diversas piadas. O problema é que em nenhum momento o público é convidado a participar delas.