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Thiago Stivaletti

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Wagner Moura é apenas um dos bons motivos para ver a série "Iluminadas"

Wagner Moura estrela série "Shining Girls" ao lado de Elisabeth Moss para o Apple TV+ - Divulgação
Wagner Moura estrela série 'Shining Girls' ao lado de Elisabeth Moss para o Apple TV+ Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

20/05/2022 12h40

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Quando a série "Narcos" estreou na Netflix, muita gente elogiou a atuação de Wagner Moura como Pablo Escobar, mas outros tantos criticaram o "estranho" sotaque que ele criou para o mais famoso traficante da América Latina. Como se houvesse muitos especialistas em sotaque colombiano no Brasil para fazer tal crítica. Não adianta, uma parte dos brasileiros vai ter sempre um complexo de vira-lata e torcer contra o sucesso de um ator ou um jogador de futebol lá fora.

O fato é que Wagner ganhou uma indicação ao Globo de Ouro no ano seguinte, o que ajudou a levantar seu nome na escalação de produções internacionais - um lugar hoje só ocupado por ele, Alice Braga e Rodrigo Santoro. E agora ele ressurge mandando muito bem no inglês em "Iluminadas" ("Shining Girls"), uma série de serial killer como há muito tempo não se via, na Apple TV+.

Na série, ele é Dan Velasquez, um jornalista brasileiro que até fala português com o filho em algumas cenas (mas por que um brasileiro com esse nome tão hispânico? Pois é, também me pergunto). O ano é 1992, e ele começa a trabalhar em parceria com uma arquivista do jornal onde trabalha, Kirby (Elisabeth Moss, de "O Conto da Aia"), a encontrar um serial killer que a atacou anos atrás, numa época ainda sem a facilidade de pesquisar o histórico nas vítimas nas redes sociais.

Detalhes importantes: Kirby é a única sobrevivente dos ataques desse serial killer - as outras vítimas morreram nas mãos dele. E desde o ocorrido, ela sofre de uma amnésia aguda que a faz esquecer até se é casada, qual o nome do seu marido e se ainda mora ou não com sua mãe.

Poderia ser apenas mais uma série de serial killer, no mesmo climão de "O Silêncio dos Inocentes", mas "Iluminadas" traz um recurso dramático que cria um intenso enigma ao longo de seus oito episódios: o assassino, Harper, já nos é apresentado de cara na primeira cena do primeiro episódio falando com Kirby ainda criança. E depois ainda aparece em outras épocas diferentes. Mas como ele pode ter sempre o mesmo rosto, e a mesma juventude, em tempos tão diversos? É uma charada que só iremos desvendar no último episódio.

Como falei lá no início, Wagner não passa nenhuma dificuldade atuando em outra língua, e encara desafios como o alcoolismo de seu personagem sem cair em nenhum clichê. E atua de igual pra igual com Moss, atriz super aclamada desde chamou a atenção do público como a Peggy da série "Mad Men". Eles estão impecáveis, mas quem rouba a cena toda vez que aparece é o britânico Jamie Bell, que vive o psicopata Harper. Ele tinha apenas 13 anos quando ganhou elogios como o menino que sonhava ser bailarino profissional no filme cult "Billy Elliot" (2000). Hoje com 36 anos, ele hipnotiza toda vez que aparece em cena, primeiro num tom de voz mais baixo e sedutor pra cima de suas vítimas, e depois se transformando num lobo feroz.

O roteiro de "Iluminadas" já tem força suficiente pra nos fazer esperar o próximo episódio. Mas a atuação dessa trinca de protagonistas eleva o resultado a outro patamar. E Wagner, que hoje mora em Los Angeles, deve continuar a falar mais inglês do que português em seus próximos projetos. Ele estará no filme de espionagem "Agente Oculto", ao lado de Ryan Gosling ("La La Land"), Chris Evans (o Capitão América) e Ana de Armas ("007 - Sem Tempo pra Morrer"). Não é pra qualquer um.

"Iluminadas" ("Shining Girls")
Série em oito episódios da Apple TV+
Cinco episódios já disponíveis; um novo episódio toda sexta