15 dicas de Halloween: filmes no cinema, séries em casa, susto nas crianças

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Eu adoro o Halloween! De todos os feriados é o mais divertido e, por motivos óbvios, o mais temático. Entra ano, sai ano, nunca deixa de ser divertido montar um listão com filmes (e também séries) ligadas ao infame Dia das Bruxas. Daí a coisa complica porque não falta material para pincelar.
Optei, portanto, por separar a coisa em caixinhas. No cinema, filmes de terror que este ano trazem uma novidade boa - com não uma, mas DUAS produções nacionais bacanas para a turma se assustar na língua pátria. Em casa, séries para maratonar com a luz apagada. E, já preparando os nervos da próxima geração, uma seleção que você precisa apresentar para a petizada. O critério é um só: sentir medo no Halloween!
CINEMA: MEDO COMO EXPERIÊNCIA COLETIVA!
A PRÓPRIA CARNE

O diretor Ian SBF se uniu ao Jovem Nerd para criar este belíssimo filme que mascara seu baixo orçamento com ótimas ideias e uma produção primorosa. Quando um trio de desertores do exército na Guerra do Paraguai buscam refúgio em uma casa no meio da floresta, eles percebem que talvez o terror no campo de batalha fosse menos perigoso e perturbador.
Com boas performances e um personagem que já nasce emblemático (o fazendeiro defendido por Luiz Carlos Persy), "A Própria Carne" aproveita seus recursos ao máximo, sobressaindo-se em especial pela direção inventiva que compensa alguns excessos expositórios. O melhor de tudo: é um projeto que sabe explorar a escuridão e o medo do desconhecido de forma eficiente e assustadora. Um golaço!
ENTERRE SEUS MORTOS

Em uma cidadezinha no meio do nada, um funcionário público que coleta animais mortos percebe, por meio de sonhos violentos e eventos bizarrros, que existem forças macabras além do mero acaso por trás da escalada de isolamento e desconforto que o aflige - enquanto os que o cercam fingem normalidade desconcertante.
Existe um certo atropelo de ideias nesta adaptação do livro de Ana Paula Maia assinada por Marco Dutra - temos um culto pagão, fronteiras vigiadas, apocalipse global, crianças malignas -, mas o conjunto funciona, em especial na primeira hora, por conta da performance discreta e bem calibrada de Selton Mello. Se o final não arrepiar sua espinha, não quero ser seu amigo.
BOM MENINO

Ousado, inventivo e absurdamente original, "Bom Menino" segue o conceito da casa mal assombrada mas traz um novo ângulo, já que a trama é contada do ponto de vista de um cachorro, Indy. Isolado em uma casa na floresta com seu dono de saúde debilitada, o cão sente uma presença maligna e procura livrar seu tutor do abraço da morte.
Num caso de nepotismo explícito, o diretor Ben Leonberg escalou seu próprio cachorro como protagonista e rodou "Bom Menino" ao longo de três anos. Embora o filme seja louvável em seus aspectos técnicos, criando uma narrativa assustadora e surpreendentemente doce, o que cativa é a história sobre lealdade e sacrifício, sintetizada na jornada de Indy. O que não é novidade para nenhum pai de pet.
A MEIA-IRMÃ FEIA

A fábula da Cindelera é uma história que, quando pensamos já estar esgotada, ressurge com nova abordagem. No caso desta comédia de terror norueguesa, o ponto fora da curva é colocar o protagonismo não na gata borralheira, e sim em uma de suas meia-irmãs. Atormentada por sua mãe para atingir um padrão de beleza "ideal", a moça sofre para se tornar "apresentável" a um príncipe que pode livrar a família da miséria.
A diretora Emilie Blichfeldt solta o freio no body horror, não economizando nos detalhes mais gráficos da transformação física da moça, o que inclui um nariz quebrado, dedos picados e uma dieta que consiste em ingerir ovos de verme para, digamos, "controlar" a fome. O resultado é hilariante e repulsivo na mesma medida, fazendo de "A Meia-Irmã Feia" uma pérola a ser descoberta.
TUBARÃO

A vida é boa quando um dos filmes mais espetaculares da história retorna em toda sua glória, remasterizado com a melhor imagem e som, para o cinema. A obra-prima de Steven Spielberg celebra seus 50 anos do jeito certo, e nada é melhor do que experimentar seu retorno no conforto de uma sala escura.
A essa altura, não preciso explicar a trama (tubarão ataca cidade praiana em meio a alta temporada), muito menos o legado de "Tubarão" (não haveria, sem ele, o conceito moderno de blockbuster). Basta dizer que, cinco décadas depois, o filme não envelheceu - pelo contrário, seu impacto só se agiganta! Faça um favor a você mesmo e, sei lá, só vai!
STREAMING: DEIXE AS LUZES APAGADAS!
GÊMEAS - MÓRBIDA SEMELHANÇA
Prime Video

Rachel Weisz está à frente dessa reimaginação do filme dirigido por David Cronenberg em 1988, que por sua vez adaptou o livro lançado erm 1977 por Bari Wood e Jack Geasland. A trama segue a mesma: duas ginecologistas de Nova York, as gêmeas Beverly e Elliott Mantle, ultrapassam os limites da ética para mudar a maneira de como as mulheres dão à luz.
A troca de gênero das protagonistas (interpretadas no filme de Cronenberg por Jeremy Irons) soma mais complexidade à trama ao ampliar o ponto de vista feminino, resultando numa série ao mesmo tempo incômoda em seus temas e impactante (e violenta) na abordagem. "Gêmeas" fez pouco barulho ao ser lançado em 2023, mas nunca é tarde para (re)descobrir jóias raras.
A MALDIÇÃO DA RESIDÊNCIA HILL
Netflix

Mike Flanagan se tornou o principal criador de séries de terror para a Netflix, assinando pérolas como "A Maldicão da Mansão Bly", "A Queda da Casa de Usher" e o expepcional "Missa da Meia-Noite". Tudo começou aqui, com a adaptação do clássico do terror de Shirley Jackson que deu origem ao seminal "Desafio do Além", de 1963.
Flanagam atualizou a trama, expandindo a história de cada personagem de uma mesma família, conectados a uma tragédia na imponente Hill House. Quase três décadas antes, a influência da mansão fragmentou a família Crain. Ante uma nova fatalidade, os irmãos precisam se reunir, retornar ao lugar e encarar as forças ocultas que alteraram o curso de suas vidas. Coisa fina.
O GABINETE DE CURIOSIDADES
Netflix

A mente do diretor Guillermo Del Toro transborda em ideias destinadas a cutucar nossos medos mais profundos. Em sua antologia de terror "O Gabinete de Curiosidades", ele encontra veículo perfeito para compartilhar essas histórias. Como resultado, Del Toro dá palco a um grupo de cineastas em sintonia com sua sensibilidade para criar oito histórias mergulhadas no mais profundo horror gótico.
Demônios, criaturas abissais, desmortos, maldições, parasitas do espaço, ladrões e assassinos se misturam em tramas ambientadas em diferentes períodos e com temáticas diversas. Em comum, contudo, elas versam sobre a ganância do homem e suas consequências nefastas. Nada melhor para adoçar seu fim de semana.
SERVANT
Apple TV

M. Night Shyamalan levou para o formato serializado a mesma predileção por tramas em que nada é o que parece que permeia seus trabalhos no cinema. Criada pelo roteirista Tony Basgallop, "Servant" mostra um casal da Filadélfia (claro), Dorothy e Sean Turner (Lauren Ambrose e Toby Kebbel), buscando recuperar o eixo após a morte de seu bebê de apenas treze semanas.
Como parte da terapia para lidar com o trauma, o casal adota o uso de um bebê reborn (muito antes de o item virar acessório de novela tosca) e contrata uma babá (Nell Tiger Free) para ajudar na casa. Surpresa: o bebê de repente se mostra vivo! Supresa 2: a babá parece ter dons paranormais! Supresa 3: Rupert Grint pós-Harry Potter mostra que não é ator de um papel só!
IT: BEM-VINDOS A DERRY
HBO Max

Quase três décadas antes dos eventos mostrados em "It: A Coisa", adaptação da obra de Stephen King lançada em 2017 (e seguda por uma continuação dois anos depois), a cidade de Derry experimentou os efeitos devastadores da influência maligna da entidade materializada como o palhaço Pennywise. Em comum, são crianças (e, bom, alguns adultos) que sucumbem ante seu poder aterrorizante.
Ok, ok, a série que explora o universo de "It" acabou de estrear e ainda não cabe uma maratona. Mas vale o start porque "Bem-Vindos a Derry" traz o mesmo tom sufocante e o mesmo impacto psicológico e visual do filme - não por acaso, é capitaneada pelo mesmo diretor, o argentino Andy Muschietti. Sem falar que, lançada semanalmente como faziam os Astecas, dá para saborear a trama aos poucos. Nada como o medo que não tem pressa em invadir nossas entranhas.
CRIANÇA PODE (E DEVE) SENTIR MEDO!
O ESTRANHO MUNDO DE JACK
Disney+

Quando Jack Skellington, o Rei do Halloween, mostra-se enfastiado com a repetição anual de seu trabalho macabro, ele descobre a terra do Natal e imagina que pode melhorar o feriado conduzido pelo Papai Noel. As coisas, claro, não se mostram tão simples quando o Bicho Papão, rival de Jack, revela seus planos de assumir o Halloween e se livrar da concorência.
Desde seu lançamento em 1993, o filme de Henry Selick, trabalhando sobre as ideias de Tim Burton, tornou-se programa obrigatório para o Dia das Bruxas, uma pérola de música e encantamento que assusta ao mesmo tempo que diverte. Apresentar o filme para uma nova geração deveria estar no currículo de qualquer família de primeira viagem!
CONVENÇÃO DAS BRUXAS
Netflix

Uma das lendas urbanas mais divertidas de Hollywood envolve "Convenção das Bruxas" e sua estrela, Anjelica Huston. Quando um amigo lhe contou que sua filha pré adolescente reunia as coleguinhas no Halloween para assistir ao filme, a atriz apareceu de surpresa, paramentada como Eva Ernst, a grande líder das bruxas, determinada a transformar todas as crianças do mundo em ratos.
Adaptado do livro de Roald Dahl, o filme de Nicolas Roeg troca a fantasia habitual das produções infantis e recupera uma das grandes qualidades dos contos de fadas: assustar as crianças sem concessões para que elas não percam sua bússola moral. O resultado é um filme levemente perverso que não insulta a inteligência dos pequenos. Ah, favor não confundir este clássico moderno com a versão de 2020 com Anne Hathaway. Brrrr....
GREMLINS
HBO Max

Um dos "filmes de Natal" mais festejados do cinema, "Gremlins" é uma fábula sombria levada às últimas consequencias. O jovem Billy Peltzer (Zach Galligan) ganha de seu pai um pet incomum: Gizmo, um mogwai. Para cuidar da criaturinha fofa é preciso atentar para três regras: ele não pode ser exposto à luz forte, especialmente a do Sol, não pode se molhar e não pode, de forma alguma, ser alimentado após a meia-noite.
Claro que as regras são quebradas, Gizmo se multiplica e suas "cópias" terminam transmutadas em pequenos demônios interessados em causar o mais completo caos. O texto elegante trafega entre o humor e o terror, criando uma experiência única, envolvente, aterrorizante e violenta (só um pouco). Joe Dante, dirigindo em seu auge, era bom demais!
GOOSEBUMPS: MONSTROS E ARREPIOS
HBO Max

A série de terror infanto juvenil escrita por R.L. Stine demorou para finalmente ganhar uma adaptação, e o filme de Rob Letterman não decepciona. Em vez de escolher uma entre as mais de sessenta histórias, a opção foi seguir um caminho mais meta, em que Jack Black interpreta o próprio Stine (ou sua versão romantizada), que mantém as criaturas fantásticas de sua imaginação presas ao escrever manuscritos de suas histórias.
A intervenção de Zack, um garoto vizinho bem intencionado, liberta acidentalmente todos os monstros criados por Stine, que precisa dar um jeito de recapturar a todos com uma nova história, enquanto Zack, seu amigo Champ e Hannah, filha de Stine, tentam contornar o caos. Assustador na medida certa e surpreendentemente terno, "Goosebumps" é um verdadeiro achado.
A FAMÍLIA ADDAMS 2
Netflix/Paramount +

Todos gostamos de Jenna Ortega como Wandinha Addams, que desde 2022 ganhou uma série, apadrinhada por Tim Burton, para chamar de sua. Confesso, porém, que ainda sou inclinado à sua versão dos anos 1990, quando uma jovem Christina Ricci a recolocou no imaginário pop em "A Família Addams", de 1991. O filme de Barry Sonnelfeld foi um sucesso, mas a continuação lançada dois anos depois é ainda melhor!
Sonnenfeld, de volta ao comando, teve mais liberdade para se divertir com o tom macabro da criação de Charles Addams, colocando a família liderada por Gomez (Raul Julia) e Morticia (Anjelica Huston, de novo!) na mira de uma serial killer (Joan Cusack). Tudo em "A Família Addams 2", do texto ao elenco ao senso de humor tenebroso - é superlativo. Wandinha não tem aqui uma dancinha para chamar de sua, eu sei. Mas, acredite, não faz a menor falta.





























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