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Como 'Dragon Ball Super: Super Hero' foi parar no topo das bilheterias

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Estratégia é a melhor ferramenta para vencer uma batalha. Veja o caso de "Dragon Ball Super: Super Hero", que estreou em primeiro lugar nas bilheterias americanas. É mais um movimento no xadrez planejado para popularizar a animação japonesa nos Estados Unidos, estourando a bolha dos fãs.
Os números não são nada modestos. Fenômeno em seu Japão natal desde sempre, propriedades intelectuais como "Pokémon", "Demon Slayer" e, claro, "Dragon Ball" conquistaram nichos específicos de admiradores de mangás e animes no resto do mundo. Esse avanço agora experimenta um avanço significativo.
O mérito é da Crunchyroll, que produz, licencia e distribui criações asiáticas no mercado ocidental. Criada em 2006, a empresa foi adquirida pela Sony ano passado, e logo colocou como um dos objetivos ter o filme número um nas bilheterias americanas. Bingo!
"Dragon Ball" não é, claro, nenhum novato no jogo. Criado como mangá há mais de três décadas por Akira Toriyama, a série logo atravessou fronteiras e ajudou a popularizar os quadrinhos japoneses no ocidente. O lançamento do anime com o mesmo nome acelerou o fenômeno, marcando uma geração inteira no início do século 20.
O modo como a cultura pop ocidental respondeu à invasão nipônica, entretanto, foi atravessada. Para cada "Pokémon - O Filme", que fez história nos cinemas americanos em 1999, Hollywood devolvia um "Dragonball Evolution", que em 2009 surgiu quase como uma paródia da série.
Os fãs, por sua vez, aumentavam exponencialmente o consumo de mangás e animes, de preferência bem longe das garras de estúdios e produtoras que olhavam para o poder da marca de forma financeira, mas nunca criativa. O sucesso de IPs como "One Piece", "My Hero Academia", "Naruto" e "Death Note" indicava que o caminho era orgânico, mas precisava de um hub próprio.
O Crunchyroll assumiu esse papel, e aos poucos se tornou sinônimo de produções asiáticas fora do Japão. "Dragon Ball Super: Super Hero" seria o símbolo da conquista do espaço das produções orientais na cultura pop na arena mais tradicional do entretenimento ianque: o cinema.
A escolha da data foi essencial. Agosto geralmente marca o fim da temporada do verão americano, com os títulos mais festejados já esfriando nas bilheterias e os estúdios despejando os filmes que possam correr rapidinho para outras plataformas. O único grande lançamento nesse sentido foi "A Fera", com Idris Elba. Ele não teve a menor chance.
"Super Hero" é o segundo filme com a marca "Dragon Ball Super" e continua o longa "Broly", lançado em 2018. Dirigida por Tetsuro Kodama, a nova aventura traz os ingredientes que os fãs esperam: batalhas grandiosas entrecortadas por uma trama de vingança e superação, com bom humor e filosofia barata amarrando tudo. Uma grande farra.
A estreia nos cinemas ianques, com pouco mais de US$ 21 milhões, mostra que "Dragon Ball Super" foi além da bolha dos fãs hardcore de animação japonesa. É difícil, porém, que o filme alcance o sucesso de "Demon Slayer - Mugen Train: O Filme". Lançado em 2020, quando vários filmes saíram da programação por conta da pandemia de Covid-19, o anime encostou nos US$ 500 milhões, maior bilheteria daquele ano.
Não que "Dragon Ball" precise, como marca, provar qualquer coisa. Mais de três décadas de reinado absoluto mostram que o triunfo nas bilheterias americanas, logo em seu primeiro filme sob a bandeira do Crunchyroll, marca a consolidação de seu sucesso e um nova trincheira para ampliar seu alcance.
Ainda assim, com as semanas seguintes sem um grande filme nos cinemas americanos, "Super Hero" terá bastante espaço para atrair mais seguidores. Mas são os fãs tradicionais, versados nas aventuras de Goku, Gohan, Piccolo, Vegeta e cia., que saem ganhando com a chance de ver a turma mais uma vez na tela grande.
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