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Roberto Sadovski

Amanda Seyfried e Lily Collins falam como foi desaparecer em 'Mank'

Colunista do UOL

04/12/2020 00h28

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"Mank" é um mergulho na Era de Ouro de Hollywood, quando o roteirista Herman Mankiewicz (papel de Gary Oldman) foi escalado pelo prodígio Orson Welles para escrever o que seria sua obra-prima: "Cidadão Kane". O filme de David Fincher desenvolve o processo criativo do roteirista, ao mesmo tempo em que discorre sobre as mudanças indeléveis experimentadas pela indústria do cinema, refletidas na sociedade dos anos 1930.

Para falar sobre os bastidores de "Mank", conversei com suas protagonistas. A primeira foi Amanda Seyfried, que interpreta a atriz Marion Davis, conectada profundamente ao trabalho de Mankiewicz por estar romanticamente envolvida com William Randolph Hearst, inspiração fundamental para a criação de "Kane". "Tenho sorte em poder visitar uma era que eu não vivi", conta Amanda, que conquistou o mundo ao protagonizar o musical "Mamma Mia!". "Era glamuroso, opulente e também um lugar para onde nunca irei."

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Amanda Seyfried em 'Mank'
Imagem: Netflix

Amanda fez sua pesquisa para enxergar o mundo pelo olhar de Marion Davies, atriz que ganhou fama na Hollywood da época do cinema mudo. Mesmo mergulhando em filmes e livros sobre a personagem que interpretaria, ela diz que, no fim, seu trabalho com uma construção em parceria com as observações de Fincher e também atuando ao lado de Gary Oldman.

"Repassamos juntos as cenas para encontrar os momentos, as sutilezas que precisávamos para contar a história do modo como David queria", lembra. "Havia muito material, muito diálogo! Infelizmente não é comum existir mais roteiros como esse." O texto de "Mank" é assinado pelo pai do cineasta, Jack Fincher, que escreveu o script nos anos 90 e morreu em 2003, antes de ver a história materializada pelas mãos de seu filho.

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Lily Collins em 'Mank'
Imagem: Netflix

A segunda protagonista é Lily Collins, que surge em outro momento na vida de Herman Mankiewicz. Ela é Rita Alexander, secretária e confidente que passa semanas a seu lado enquanto ele se recupera de um acidente automobilístico - e usa o isolamento para dar vida à "Cidadão Kane". Lily, que recentemente fez barulho ao protagonizar a série "Emily em Paris" para a Netflix, basicamente faz seu trabalho em "Mank" ao lado de Gary Oldman.

"Ele é super-divertido, me fez rir muito!", lembra a atriz. "Gravar em uma única locação deve ter sido pior para Gary, porque ele estava confinado à cama o tempo todo." Lily acredita que esse isolamento, que ela compara ao período de quarentena em que o mundo permanece mergulhado, ajudou a construir a tensão e permitiu que o relacionamento se desenvolvesse.

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Gary Oldman em 'Mank'
Imagem: Netflix

Em comum, as duas atrizes surgem invisíveis em "Mank", totalmente imersas em seus personagens, totalmente entregues à direção firme de Fincher. "Como ator, não queremos desaparecer, e sim nos destacar", ressalta Lily Collins. "Mas trabalhar com David não é assim. Você quer fazer parte de um conjunto que cria uma unidade."

Amanda Seyfried vai além, ressaltando que "Mank" não foi apenas o melhor roteiro que ela recebeu nos últimos anos, mas o melhor material com que trabalhou em toda sua carreira. Imersa sob o manto de Marion Davies, ela ressalta que as pessoas não eram assim tão diferentes nos anos 1930 e hoje em dia. "Achar o lugar-comum em pessoas que viveram há um século é uma forma de nos conectar a elas", afirma. "As semelhanças são maiores do que se imagina, e assim podemos desaparecer em um papel. É esse o objetivo, certo?"