Topo

Roberto Sadovski

Cowabunga! Eu quero uma continuação de 'As Tartarugas Ninja' de 1990!

Colunista do UOL

13/11/2020 02h05

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Desde sua criação há quase 40 anos, 'As Tartarugas Ninja' se tornaram um dos maiores fenômenos da cultura pop. De uma ideia que brotou da cabeça de dois artistas que literalmente passavam fome, os heróis dispararam nos quadrinhos independentes, depois chegaram ao topo do pódio do entretenimento ao abraçar a televisão e o cinema.

Os personagens criados em 1984 por Kevin Eastman e Peter Laird já tiveram dúzias de interpretações diferentes em diversas mídias. Do gibi original, mega podreira, feito na raça e distribuído de forma independente, eles ganharam verniz infantil ao ser licenciados como brinquedos, ganhando fama global em 1987 com a série animada na TV.

tmnt cartoon - Reprodução - Reprodução
Os heróis cascudos na animação de 1987 que os transformou em ícones
Imagem: Reprodução

De lá para cá, o quarteto mutante foi protagonista de meia dúzia de filmes para o cinema e de um punhado de animações para a TV, com cada reinvenção adicionando uma fatia no bolo. A versão mais recente está sendo desenvolvida por Seth Rogen e Evan Goldberg, responsáveis pela comédia teen "Superbad".

Fã dos gibis desde sempre, Rogen quer injetar mais humor e conflitos adolescentes ao grupo, em um longa planejado com animação digital que ainda não tem data de lançamento. Não é uma continuação de "TMNT", que chegou aos cinemas em 2007, e também não segue o visual crossfiteiro dos filmes produzidos por Michael Bay em 2014 e 2016.

tmnt bay - Paramount - Paramount
A versão anabolizada dos heróis produzida por Michael Bay em 2014
Imagem: Paramount

Nada disso, porém, me anima. No turbilhão de produtos associados às Tartarugas Ninja, prefiro me agarrar ao fiapo de esperança lançado pelo roteirista Bobby Herbeck: uma continuação do primeiro longa dos heróis para o cinema, um filme estranhíssimo dirigido por Steve Barron em 1990.

O clima sombrio. As piadas com pizza. A marra adolescente. As artes marciais! De tudo que envolve "As Tartarugas Ninja" em 2020, é o projeto que mais arregala os olhos. Improvável? Sim. Impossível? Jamais!

Até porque o filme de Barron (do qual eu orgulhosamente possuo uma cópia em DVD autografada pelo diretor) foi um tiro no escuro que, vai saber como, deu certo. A produção foi da companhia chinesa Golden Harvest, que bancou US$ 13 milhões de orçamento, boa parte direcionada para o desenvolvimento dos trajes dos heróis.

Mas nem o sucesso do desenho animado empolgou os maiores distribuidores americanos, que disseram não ao filme - o gosto amargo do fracasso de "Mestres do Universo" deixara a indústria ressabiada com propriedades intelectuais infantis. A New Line, que então colocava um punhado de filmes B no cinema, topou o desafio.

Se deu bem. "As Tartarugas Ninja" embolsou mais de US$ 200 milhões nas bilheterias mundiais, tornando-se o maior filme independente da história até o lançamento de "A Bruxa de Blair" em 1999. No ano seguinte, uma continuação sem Steve Barron no comando, e com um tom mais colorido e infantil, chegou as cinemas para consolidar o poder da marca.

tmnt hq - Reprodução - Reprodução
As Tartarugas Ninja nos quadrinhos originais de 1984
Imagem: Reprodução

E o resto é história. As Tartarugas Ninja são, há quase quatro décadas, uma força gigantesca na cultura pop, movendo rios de dinheiro e renovando seu público a cada nova geração. No meio do gigantismo repousa, porém, o filme de 1990. Estranhamente violento. Mergulhado na escuridão. Fiel às histórias originais de Eastman e Laird.

A ideia de ver essa história continuada, com animatrônicos da oficina de Jim Henson recriados com tecnologia do século 21, é empolgante. A adaptação em quadrinhos do filme, que eu li em 1990, termina com uma cena ausente do longa: executivos discutem a existência das Tartarugas, com um deles dizendo que o conceito de sua existência seria "forçado". Ainda bem que, em 1984, numa editora erguida em uma garagem, dois artistas com ideias absurdas pensaram o contrário.