Sem blockbusters, cinemas vivem seu momento mais tenso
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Consequências da pandemia do coronavírus: a Disney fez mais uma dança das cadeiras e empurrou alguns de seus candidatos a blockbuster para 2021. Com isso, a agenda de lançamentos até dezembro, que já cambaleava desde o começo da pandemia mais de seis meses atrás, ficou ainda mais magra. Para o público isso significa uma atenção ainda maior para as plataformas de streaming. Para o circuito exibidor, porém, o esvaziamento pode trazer resultados ainda mais trágicos.
Desde que os estúdios passaram a mexer em seu line up, com os cinemas fechados em quase todo o mundo por conta das regras de distanciamento social, o mercado encarou uma realidade equilibrada em três polos. O primeiro tem em "Tenet" como exemplo de resiliência para testar as águas em uma situação adversa. O segundo levantou uma abordagem radicalmente diferente no caso de "Mulan". Já o terceiro é materializado em um compasso de espera.
"Tenet" chegou aos cinemas há cerca de um mês, estreando em mais de setenta países, mas começando sua carreira timidamente no mercado americano, o maior do mundo. Os resultados são ambíguos. Com uma bilheteria mundial de US$ 250 milhões, está longe de ser um fracasso. Sua performance nos Estados Unidos, porém, foi pífia - especialmente pelas portas fechadas dos cinemas em Nova York e Los Angeles, maiores praças do país.
A Disney, por sua vez, apostou em "Mulan" para anabolizar seu serviço de streaming, o Disney+. Os números ainda não estão consolidados, mas a plataforma experimentou um aumento de 68 por cento em suas assinaturas antes da estreia do filme, e um inchaço de 193 por cento no valor gasto por assinantes para incluir a taxa premium de 30 dólares para "comprar" o filme. Ainda é possível cravar que o estúdio consiga recuperar o investimento de US$ 200 milhões.
Em ambos os casos, a aposta foi em uma maratona, não nos 100 metros. Embora a regra do cinemão seja promover um estouro de cada novo filme em sua estreia, a nova realidade pós pandemia pode trazer mais lançamentos ao streaming e lançamentos em cinema com mais tempo em cartaz para recuperar seu investimento - exatamente como acontecia nos anos 1980.
Ainda assim, é um cenário de risco. Justamente por isso a Disney alterou mais uma vez seu calendário. "Viúva Negra", agendado para abril, e depois para outubro, agora terá sua estreia em maio do ano que vem. A refilmagem do musical "Amor Sublime Amor", assinada por Steven Spielberg, foi para a gaveta por um ano inteiro, estreando agora em dezembro de 2021. Outros filmes, como "Morte no Nilo" e "Free Guy" pisaram no freio e, ao menos em teoria, estreiam em três meses.
A realidade é uma só: o cinema precisa dos blockbusters para existir. Não existe como fechar as contas sem os grandes filmes que demandam atenção global. A Sony deixou claro que nenhum de seus grandes lançamentos chegará perto de um cinema antes que a pandemia esteja sob controle. As produções menores que se aventuram em um circuito dilapidado terminam sem fazer o barulho necessário para reacender o interesse do público.
Neste cenário, em que muitos cinemas encaram o encerramento de suas atividades, as atenções se voltam para "007 - Sem Tempo Para Morrer". Agendado para novembro, a última aventura de Daniel Craig como James Bond é o tipo de espetáculo que atravessa fronteiras e, ao contrário de "Tenet", traz a força de uma marca reconhecida que pode atrair o público em territórios em que os cinemas possam ser considerados seguros.
A coluna da semana no canal do UOL no YouTube analisa a performance de Tenet, os resultados de Mulan, o futuro dos cinemas neste momento da pandemia, e responde à pergunta que não quer calar: Qual será, afinal, o filme de maior bilheteria em 2020?
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