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Opinião

Vende Tudo? Excesso de merchans atrapalhou narrativa de 'Vale Tudo'

"Vale Tudo" chega ao fim na sexta fazendo a Globo sorrir de orelha a orelha. O remake da novela de 1988 levantou a audiência do horário nobre, atraiu um público jovem para a frente da TV, dominou as conversas nas redes sociais e, segundo matéria da Folha de S.Paulo, ainda faturou como nenhuma produção havia conseguido lucrar até então.

Parte dessa renda é oriunda dos merchandisings, aquela inserção marota, mas pouco discreta de uma marca em uma das cenas da trama. Quem acompanha os capítulos de "Vale Tudo" percebeu que os famigerados merchans chegavam a ter uma frequência maior e mais tempo de tela que muito personagem do folhetim.

Nós sabemos que os tempos não são fáceis para a TV aberta e que dinheiro não se recusa, mas, em alguns momentos, o excesso de merchans em "Vale Tudo" não favoreceu o ritmo da trama, que, por vezes, parecia priorizar as ações comerciais em detrimento do desenvolvimento da história de núcleos secundários da novela.

Em diversas ocasiões, a marca que comprou espaço para estar dentro da novela não apareceu de forma orgânica em "Vale Tudo". Interrompia-se a narrativa apenas para falar das vantagens de um determinado produto. Em tempos de atenção difusa em que a TV compete a todo instante com a tela do celular, esse tipo de quebra é um convite para o espectador se distrair e se desinteressar pelos rumos dos personagens.

Talvez a grande procura de empresas interessadas em anunciar dentro da novela tenha feito com que os merchans fossem ficando cada vez menos orgânicos à medida que "Vale Tudo" se desenrolava.

Uma pena, porque sabemos que a Globo consegue alinhar inserções comerciais dentro de narrativas ficcionais de maneira mais natural, como aconteceu em 2022, quando Juma (Alanis Guillen) usa produtos de uma marca de higiene pessoal em seu primeiro banho de chuveiro na novela "Pantanal".

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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