Ricky Hiraoka

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Opinião

TV aberta e influenciadores: uma mistura que ainda não deu certo

Desde que números de seguidores passaram a valer mais que talento, formação e experiência, temos visto a TV aberta ser inundada por nomes e rostos que desfrutam de muita popularidade em um determinado nicho e arrebanham milhões de fãs nas redes sociais.

Os influenciadores chegam à telinha com status de grandes estrelas e com a expectativa que sua aderência no mundo digital alavancará a audiência dos projetos para os quais são escalados. A prática, porém, prova que essa teoria é falha e que, apesar da mídia espontânea que as webcelebridades proporcionam, isso não se transforma necessariamente em pontos no Ibope.

Lucas Guimarães no Eita, Lucas!, no SBT
Lucas Guimarães no Eita, Lucas!, no SBT Imagem: Reprodução

O mais novo influenciador que não caiu nas graças do público da TV aberta é Lucas Guimarães. Contratado pelo SBT para apresentar o Eita Lucas, o criador de conteúdo era uma esperança para que a emissora aumentasse seus índices nas tardes de sábado. Tal objetivo não se concretizou. Com um formato pouco original e com Lucas Guimarães pouco à vontade diante das câmeras, o programa tem sofrido para superar os 2 pontos de média.

Outra aposta do canal para atrair espectadores, o youtuber Luccas Neto também nunca deslanchou na audiência no horário do almoço e viu sua atração, LuccasToon, passar a ser exibida às 6h dos sábados.

Até o momento, a única influenciadora que tem dado resultados razoáveis é Virginia Fonseca, que está à frente do Sabadou, do SBT. Mas é difícil dizer o quanto a boa performance da esposa de Zé Felipe é mérito dela ou se o Ibope que ela consegue é fruto da inércia de Record e Band, que não investem em boas atrações no horário nobre aos sábados.

Virginia apresenta o Sabadou com Virginia no SBT
Virginia apresenta o Sabadou com Virginia no SBT Imagem: Reprodução/SBT

A rejeição de influenciadores na TV aberta tem várias razões. A primeira delas é que, em uma emissora, ao contrário do que acontece nas redes sociais, essas personalidades não dominam completamente a criação dos projetos em que se envolvem. O sucesso de um influenciador na internet acontece justamente porque ele controla toda a produção do que faz, sabe o que funciona ou o que não funciona para seu público e pode se expressar da maneira como bem entende.

Na TV, essa autonomia não é viável. Os influencers precisam se moldar à linha editorial do canal, o conteúdo que é veiculado sofre interferências de várias pessoas, e eles são obrigados a se comunicar com uma camada mais ampla da população, o que uma porcentagem alta desses profissionais não está apta a fazer. Engessados, os influenciadores tendem perder aquilo que é o grande trunfo da maioria dessas figuras: a espontaneidade.

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Outro motivo do fracasso dos influencers da TV é que boa parte do público que os acompanha nas redes sociais gosta de segui-los porque está interessado em detalhes da vida pessoal dessas figuras, que transformam a superexposição de suas intimidades em matéria-prima para criação de conteúdo. Na TV, os influenciadores não têm tanto espaço para explorar esse aspecto.

Talvez seja uma questão de (pouco) tempo até um influencer encontrar o caminho do sucesso na TV aberta, mas podemos ter certeza sobre um fato: essas webcelebridades não podem ser vistas como salvadoras da pátria. Está mais do que provado que popularidade em redes sociais não é garantia de audiência.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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