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Pedro Antunes

Incendiário, Djonga agora quer sorrisos e dancinhas de TikTok. Por que não?

Djonga lança o single ?Easy Money? - Montagem de Pedro Antunes sobre foto de Jef Delgado / Divulgação
Djonga lança o single ?Easy Money? Imagem: Montagem de Pedro Antunes sobre foto de Jef Delgado / Divulgação

Colunista do UOL

03/06/2021 12h37

Sem tempo, irmão?

  • Em março de 2021, Djonga lançou o álbum mais intimista da carreira.
  • À coluna, dizia que talvez aquele fosse o último. Queria se dedicar à música em outros formatos.
  • O começo deste processo está em Easy Money, single lançado hoje (3), na véspera do aniversário de 27 anos.
  • Com sorrisos, dancinhas de TikTok e discurso ainda poderoso, o rapper apresenta uma nova faceta.
  • “Quero me divertir mais”, ele diz à coluna.
  • Depois de tanto incendiar, Djonga merece sorrir.

Djonga tem tanto gingado para uma dancinha de TikTok quanto eu ou qualquer um de cintura dura.

Isso não quer dizer que o rapper não possa fazê-lo. É divertido (e humano, aliás) assisti-lo em "Easy Money", novo single, lançado de supetão nas plataformas digitais na véspera do aniversário de 27 anos (comemorado amanhã, sexta-feira) e meses após o quinto álbum, "Nu" (2021).

"Estou pensando em uma nova fórmula. É o início de um novo ciclo, que se abre com o nascimento da Quadrilha. É um ciclo de mais profissionalismo. Vou estar mais envolvido no processo de modo geral."
Djonga

"Easy Money", mais uma vez comandada pelas batidas criadas pelo parceiro Coyote Beatz, explora novas sonoridades. Você saca o gravezão do trap e uma pegada funk no som. É sombrio, desafiador e dançante, também.

O refrão, como Djonga conta, nasceu para outro projeto da Pineapple Storm, um dos mais importantes de selos de rap da atualidade, com participações dos rappers Bk' e Froid, que acabou não usado. "Mas fiquei achando o refrão legal e que funcionou em cima do beat do Coyote", explica.

"Essa música traz uma estética mais trap, mais funk. Se aproxima muito do que a rapaziada que me inspira demais tá fazendo, desde a rapaziada do trap e do funk aos artistas lá de fora, como Drake."

A letra escancara a nova fase de Djonga mais extrovertida. Mas é ácido, ainda - não se engane pela estética festiva.

"Estou fechando o ciclo dos cinco discos. Vai ser substituído por outras coisas, mesmo artisticamente, na potência máxima. Quero fazer música com outra estética, trazer coreografia, me divertir mais."

À coluna, em 13 de março, Djonga já indicava que um ciclo se encarrava com o álbum "Nu": "A real é que esse deve ser meu último disco".

A ideia, dizia ele então, era pensar em participações e criar música em outros formatos depois dos álbuns "Heresia" (2017), "O Menino Que Queria Ser Deus" (2018), "Ladrão" (2019), "Histórias da Minha Área" (2020) e "Nu" (2021), todos lançados no dia 13 de março.

Quem encontra Gustavo Pereira Marques sabe que o rapper é mais de sorrisos do que de cara fechada.

Isso não significa que seu discurso ao longo de cinco bons álbuns, sempre tão afiado, pertinente e revolucionário, se esvazie com isso.

"Nos últimos anos, fiz um trabalho muito necessário, com ideias que tinham de ser faladas. Agora, quero mesclar mais isso, com coisas mais leves e divertidas. Novas fórmulas, gosto muito da música popular, me agrada muito."

Ou seja, se Djonga querer cantar sobre leveza não apaga versos que impregnam no imaginário cultural brasileiro, como "fogo nos racistas".

Ainda incendiário, Djonga merece sorrir também.