Topo

Pedro Antunes

'The Mandalorian' vale a pena além do hype e da fofura do Baby Yoda?

Baby Yoda em "The Mandalorian" - Divulgação
Baby Yoda em "The Mandalorian" Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

19/11/2020 12h00

Sem tempo?

  • A plataforma de streaming Disney+ enfim chegou ao Brasil - certamente você viu alguma propaganda dela por aí
  • No catálogo do serviço está "The Mandalorian", a primeira série live-action de Star Wars
  • Ao longo de 2019, a web foi dominada por imagens e memes do tal Baby Yoda, personagem fofo da série
  • Mas e aí: vale a pena assistir "The Mandalorian" apesar desse hype? A série é realmente boa ou só Baby Yoda que é fofo?
  • Preparei aqui um questionário para ajudar você a decidir se "The Mandalorian" é uma série para você

O editor do UOL Splash, Osmar Portilho, mandou essa, na lata: "Tirando o hype, Disney+ é mais um empilhado de filmes que não vamos rever". Essa deve ter machucado, né, Mickey?

E embora ele tenha razão com esse ponto de vista a respeito da tonelada de filmes que já assistimos, o novo serviço de streaming da Disney, recém-chegado ao Brasil, também traz "The Mandalorian", a primeira série live-action do universo de Star Wars, enfim lançada oficialmente no Brasil.

E eu digo "oficialmente" porque conheço muita gente que já assistiu à primeira temporada e tem acompanhado os novos passos dos protagonistas, mandaloriano e do fofo Baby Yoda, desde a estreia nos Estados Unidos, um ano atrás, em novembro de 2019, por meios, digamos? ilícitos.

Quem "escolheu esperar"

Mas se você é como eu, abraçou tanto o universo do streaming, seja na música, seja na TV e cinema, a ponto de deixar o passado pirateiro para trás, talvez você tenha esperado a chegada oficial do Disney+ pra sacar qual é a do "The Mandalorian" além dos memes e da fofura do Baby Yoda.

Fiz minha parte, nessa dura tarefa que é ser um colunista de música (e ocasionalmente de cultura pop), e maratonei a série para responder à questão do título. Afinal, além do hype e dessa porção de gifs fofinhos da versão bebê do Yoda, vale realmente a pena assistir à série depois de Star Wars ter quebrado nosso coração com essa última trilogia capenga encerrada com "A Ascensão Skywalker", lançado no final de 2019.

Vamos ao que o UOL já escreveu sobre a série?

Segundo o colega colunista Roberto Sadovski, quem entende tudo de cinema e cultura pop, disse que "O futuro de 'Star Wars' NÃO está no cinema!". Sim, com o "não" em caixa alta e exclamação no final do título.

Já a Beatriz Amendola, repórter aqui do UOL Splash e também conhecedora de todo esse universo que a gente tanto ama, cravou: "'The Mandalorian' é uma das melhores coisas que já aconteceu a Star Wars".

Ou seja, dá pra dizer que o pessoal da firma amou, né?

Como bom escorpiano, contudo, eu guardo rancor e dificilmente perdoarei os tropeços que vi nos filmes mais recentes da saga criada por George Lucas no longínquo ano de 1977.

Fui assistir à "The Mandalorian" com a tentativa de desapegar desse passado recente e entender qual é a da série.

Preparei, aqui, um questionário com 5 perguntas (e uma bônus). Se a sua resposta for "sim" em pelo menos três delas, pronto, saiba que "The Mandalorian" é uma série para você.

Hora do questionário

Precisa dar um tempo de séries pesadas, políticas e exaustivas com 1 hora de duração?

Sim, eu também amei "Succession" e "The Handmaid's Tale", sucessos recentes de crítica e público. Não posso dizer o mesmo de "This is Us", outro hit do pessoal.

Mas, sabe, às vezes você só quer desanuviar a cabeça com alguma série que seja curta, para assistir enquanto almoça, faz um lanche pela tarde ou antes de dormir, certo?

Se você se encaixa nesse perfil, "The Mandalorian" é uma série com potencial. Os episódios são curtinhos (os mais longos possuem 46 minutos). É rapidinho, vapt-vupt, a gente nem percebe o episódio passando.

Até curte "Star Wars", mas não está em dia com os filmes?

Se sim, uau, que sorte a sua!

Perceberam o ressentimento, né? Brincadeiras à parte, "The Mandalorian" é realmente ótima para quem está familiarizado com todo o zeitgeist em torno de Star Wars, embora não acompanhe fielmente filmes, animações, games e todo o resto desse universo gigantesco.

"The Mandalorian" é aquele divertimento sem muito apego ao restante da saga. Claro, o Baby Yoda é uma versão bebê do velhinho mestre Yoda, figura da primeira trilogia e das animações mais recentes, mas o personagem também faz parte da cultura pop, todo mundo sabe quem é, sem que seja necessário ter assistido à algum dos filmes.

Claro, "The Mandalorian" traz easter eggs e referências que fazem os fãs de "Star Wars" vibrar, mas nada é excencial. Assistir "The Mandalorian" funciona para quem responder "sim" ou "não" a essa questão - obviamente, suponho que quem consuma ab-so-lu-ta-men-te tudo de "Star Wars" vai assistir ou já assistiu à série.

Gosta uma vibe faroeste?

Essa é uma pergunta que, imagino, não vá receber tantas respostas positivas assim, mas, ainda assim, é importante.

Não que "The Mandalorian" seja um filho direto de longas como "Três Homens em Conflito", "Era uma Vez no Oeste", "Por um Punhado de Dólares" e outras criações do genial Sergio Leone, muito menos tem uma trilha sonora que chegue perto das peças de Ennio Morricone.

Mas há um climinha gostoso de faroeste na série. Tipo aquele dia meio frio, mas de céu completamente azul, que agrada quem curte inverno e aqueles fissurados por verão, sabe?

Nesse caso, existe uma ambiência western, nos cenários, na sensação de perigo constante e na ideia de uma terra sem leis. É suficiente para agradar quem curte o gênero e passa até despercebido por quem nunca entendeu a onda dos filmes de faroeste.

Adora uma vibe de um personagem misterioso e caladão?

Não adianta dar play em "The Mandalorian" se você buscar um protagonista que parece ter saído dos filmes do Adam Sandler. O Pedro Pascal (o saudoso Oberyn Martell de "Game of Thrones") está debaixo de todo o traje de mandaloriano e assim permanece.

No cânone de Star Wars, essa raça de caçadores de recompensa tem uma mitologia própria e um código que deve ser seguido, no qual é dito que tirar o capacete e mostrar o rosto é proibido.

Ele também não é de falar muito. A ideia (e isso que funciona magistralmente bem em "The Mandalorian") é que o personagem se apresente aos pouquinhos, em ações, em perguntas curtas e rápidas interações.

Ele não precisa pegar na nossa mão e dizer: "Oi, eu sou um mandaloriano, eu gosto de caçar um pessoal pela galáxia, ficar com o dinheiro da recompensa, não gosto de crianças, mas me apeguei ao Baby Yoda, sabe?".

Em um ou dois episódios, você já passa a entender as atitudes do mandaloriano sem que nada seja esfregado na sua cara. O que é ótimo.

Quer ver rostos conhecidos pipocando na tela?

Isso você vai encontrar em "The Mandalorian". Nem sempre um "rosto", de fato, mas uma voz conhecida também.

É o caso do Taika Waititi, o atual diretor queridinho da Marvel (também pertencente ao grupo Disney), que comandou "Thor: Ragnarok", mas tem um currículo excelente com filmes de humor delicioso e ainda assim experimentais, como o incrível e recente "Jojo Rabbit" (com o qual venceu o Oscar de melhor roteiro adaptado), e O Que Fazemos nas Sombras.

Ele dubla o ótimo androide IG-11, que aparece logo no primeiro episódio e? Não vou dar mais spoiler. Ah, ele também dirigiu episódios da primeira temporada.

Outra aparição é um deleite para os fãs de Rocky Balboa: Carl Weathers aparece também logo nesse primeiro episódio como Greef Karga, alguém que passa os trabalhos e paga as recompensas ao mandaloriano.

O elenco ainda tem o incrível Werner Herzog (sim, aquele diretor do Cinema Novo Alemão). Sentiu o peso? E o que dizer de Giancarlo Esposito, o terrível Gus Fring de 'Breaking Bad'?

Por fim, toda a série tem a assinatura do Jon Favreau, o mesmo que iniciou todo o Universo Cinematográfico da Marvel com a direção do primeiro filme de Homem de Ferro. Favreau é showrunner, escreveu roteiros, dirigiu alguns episódios.

Enfim, se você ama os memes do Baby Yoda é a ele quem deve agradecer.

Resultado

Se você respondeu "sim" a três perguntas dessas, saiba que você vai se divertir com "The Mandalorian" muito além desse hype meio mala em torno de todo lançamento enorme e dos memes fofos do Baby Yoda.

Se duas respostas foram positivas, você pode considerar assistir a um par de episódios. Pode ser que goste. Ou também pular para a pergunta bônus, no final deste texto, para ver se consegue completar três pontos.

Agora, se as respostas foram um único "sim" ou nem isso, bom, nem se dê ao trabalho de apertar o play em "The Mandalorian". Certamente você encontrará diversão em alguma outra série em outra plataforma de streaming. E digo isso sem ressentimento ou mágoas, ok?

BÔNUS, BÔNUS, BÔNUS!

Aqui vai a sexta pergunta, um bônus. Com um "sim" a ela, você se credencia como alguém que definitivamente deveria assistir à "The Mandalorian".

Precisa de ajuda a recuperar o amor por "Star Wars" depois do fiasco da terceira e mais recente trilogia?

Sim, sim e sim! Você, assim como eu, consumiu tudo de "Star Wars" sem cair no fanatismo absoluto e ficou completamente desesperado com as sequências e decisões tomadas pela Disney ao longo dos três filmes da última trilogia, "The Mandalorian" é para você.

Porque talvez você não esteja nem aí para o clima faroeste, atores e diretores famosos, personagens que falam pouco ou mesmo não quer saber de hype e fofura do Baby Yoda. Você quer, no fundo, recuperar o amor por "Star Wars".

É simples, entende? "The Mandalorian" recupera as melhores qualidades de "Star Wars": uma trama que não se complica demais, personagens carismáticos, cenários fantásticos, situações absurdas e um desejo enorme de seguir investigando e conhecendo mais planetas e seres que vivem nessa galáxia muito, muito distante.

Eu sou a Leia, o universo de "Star Wars" é o Han Solo.