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24 horas de livros: uma Virada Literária dentro da Virada Cultural de SP

Carrego comigo boas lembranças da Virada Cultural. Quando jovem, e isso faz um bom tempo, o evento era um dos grandes momentos do ano para mim e para meus amigos. Discutíamos para decidir em quais shows iríamos e como bancaríamos a bebedeira durante toda a madrugada.

Havia disposição para chegar cedo no centro de São Paulo, ver o que gostaríamos de ver, cochilar num canto qualquer —a escadaria do Theatro Municipal nos serviu de cama numa das edições e depois seguir. A graça estava em acordar ao som de um cover dos Beatles ou de Rogério Skylab e depois seguir o rumo do que mais nos interessava.

Caí num bom show do Pato Fu meio que por acaso, sem saber muito bem para onde estava indo. Também fui parar no fatídico show do Racionais em que a Praça da Sé virou campo de batalha graças à truculência do braço armado do Estado, que resolveu acabar com uma festa promovida pelo próprio Estado. Estupidez frequente.

É bom ver que a Virada Cultural segue de pé mesmo com trocas de governos, mudanças no perfil do evento, um período de exceção como a pandemia e a onda de perseguição à cultura que se arrasta há mais de década no país.

A maratona de shows, apresentações, sessões de cinema e boas conversas chega neste ano à edição número 20, que acontecerá nesse próximo final de semana, entre o entardecer do sábado e o anoitecer do domingo.

Também é bom ver que a literatura terá um bom espaço na virada de 2025. Pela primeira vez rolará a Virada Cultural Literária de São Paulo —Virada Lusófona, acolhida pela Biblioteca Mário de Andrade. Serão 24 horas de atrações ininterruptas. A primeira começará às 18h do dia 24 e a última, um papo com Itamar Vieira Jr., autor de "Torto Arado" (Todavia), às 17h do dia 25.

Quem assina a curadoria da Virada Literária é a dupla José Manuel Diogo e Tom Farias. Dentre diversas mesas que prometem ser boas, destaco o encontro entre Andrea Del Fuego e Paulo Lins, que será mediado por Antoune Nakkhle às 22h30 do sábado.

Logo na sequência será a vez de Xico Sá, Luciany Aparecida e Semayat de Oliveira subirem ao palco para conversarem sobre diferentes formas de enxergarmos o tempo.

A madrugada será ocupada pela poesia, primeiro com uma série de apresentações de artistas como Alice Ruiz, Binho, Cuti, Mel Duarte, Ryane Leão e Sérgio Vaz. Depois será a vez do coletivo Slam dos 13.

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No amanhecer, exibição do filme "O Avô na Sala de Estar: a Prosa Leve de Antonio Candido" seguido de café da manhã, uma instalação comestível de Ricardo Magalhães inspirada em Mário de Andrade.

Privilegio o olhar para o que acontecerá durante a madrugada porque talvez seja o horário mais sensível para atrair o público para a biblioteca. Mas vale dar uma olhada com mais calma em toda a programação no site da Virada Literária.

Dentre outros encontros, eu estarei na mesa das 8h do domingo para conversar com Marco Haurélio e Amara Moira. Pela primeira vez participarei de uma das festas favoritas da juventude. Será um dia marcante.

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