O melhor do Carnaval: ler, dormir e ficar em casa em boa companhia

Ler resumo da notícia
Carnaval, enfim!
Ando parecendo aquele meme em que o sujeito diz "capitão, não aguento mais a semana" e ouve como resposta "mas ainda é quarta" ou "ainda é segunda", não sei bem.
Não aguento mais 2025! Mas ainda é fevereiro...
Ou quase março. E Carnaval, finalmente. Nunca fui o maior dos foliões, apesar de já ter participado mais da festa. Entornava muitos canecões de chope em ziriguiduns cervejeiros e gostava de blocos que ofendiam o bom samba com versões medonhas de rock.
Em outros tempos, era chegado mais à minha escola do que ao Carnaval em si. Gostava de assistir aos desfiles, porém a coisa foi ficando cada vez mais tensa. A torcida para não haver deslizes - um carro quebrado, um buraco entre alas - se tornou maior do que a curtição.
Ainda acompanho uma notícia ou outra, mas muito por cima. Sequer sei quando a Dragões irá desfilar ou qual enredo levará para avenida. Talvez até sexta-feira eu descubra. Vamos ver.
Há uma espécie de pressão difusa para que todo mundo esteja feliz demais, empolgado demais, purpurinado demais nesses dias de folia. Como assim você não vai para bloco nenhum? Ficará em casa durante todo o feriado?
Pois é, né? Valeu pela preocupação. Tô bem assim.
Não aguento mais 2025. Passar alguns dias descansando e fazendo com calma coisas de que gosto pra caramba podem ajudar a me reentender com o ano. Não vai ter jeito, teremos que conviver durante mais dez meses.
Ficarei de boa com a Bel e o Fernando. Pretendo cozinhar comidas gostosas, talvez um peixe ou ragu com boa massa. Dormirei um bom tanto e tomarei minhas latinhas de cerveja e taças de vinho. Provavelmente verei algum filme e passarei raiva com o São Paulo. Nada muito diferente da rotina, que é boa quando não está atormentada por problemas.
Lerei, claro que lerei.
Até o feriado já deverei ter acabado "Simpatia", do venezuelano Rodrigo Blanco Calderón (Incompleta, tradução de Raquel Dommarco Pedrão), livro da vez por aqui.
Talvez escolha alguns dos livros que previ ler em 2025: "As Lembranças do Porvir", da mexicana Elena Garro (Arte & Letra, tradução de Iara Tizzot), "Dedico a Você o Meu Silêncio", do peruano Mario Vargas Llosa (Alfaguara, tradução de Paulina Wacht e Ari Roitman) ou "Neca", da nossa Amara Moira (Companhia das Letras).
Há mais opções.
Estranho ainda não ter tirado da pilha "Perder o Juízo", da argentina Ariana Harwicz (Instante, tradução de Silvia Massimini Felix), que adoro. Olho com curiosidade para as reedições que tem pintado de Osman Lins: "Avalovara" pela Pinard, "Os Gestos" pela Olho de Vidro, "Guerra Sem Testemunhas" pela CEPE. E tenho quase certeza de que em algum momento passearei pelos quadrinhos bibliófilos de Tom Gauld e o seu "A Vingança das Bibliotecas" (Todavia, tradução de Érico Assis).
É uma boa hora para ler, tomar um negócio, ler um pouco, fazer alguma outra coisa, voltar a ler, tirar um cochilo e ler mais um tanto. Sem pressa, sem ficar encanado com pendengas impossíveis de resolver no meio do feriado.
Gostava de quando ia para festas. Gosto ainda mais dessa pegada reclusa, sem gritaria na orelha, sol torrando na cabeça e bebida mequetrefe quente vendida a preço de iguaria.
Carnaval em casa, bem acompanhado, é bom demais.
Assine a Newsletter da Página Cinco no Substack.
Você pode me acompanhar também pelas redes sociais: Bluesky, Instagram, YouTube e Spotify.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.