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Opinião

Livros no Brasil: ricos reclamam do preço e classe C é a que mais compra

A Câmara Brasileira do Livro divulgou na última semana a 2ª edição do Panorama de Consumo de Livros, pesquisa feita pela Nielsen BookData que apura a quantas anda as compras de livros feitas por brasileiros com mais de 18 anos. No geral, os dados apurados em 2024 são semelhantes aos apresentados na primeira edição da pesquisa, referentes a 2023.

Reconhecemos: vivemos num país com sérios problemas de leitura e pouca valorização efetiva do livro. Nesse cenário, se os números estão parecidos com os de outro dia, então a notícia não é boa.

Destaco alguns pontos da nova edição da Panorama de Consumo de Livros:

O mais preocupante —e em consonância com outras pesquisas— é a indicação de que o Brasil lê pouco: 84% dos brasileiros acima de 18 anos não compraram livro nenhum nos últimos 12 meses. Ecoa a última edição da Retratos da Leitura no Brasil, que, mesmo com sua métrica condescendente para definir o que é um leitor (escrevi a respeito aqui), mostrou como as coisas vão mal.

Enorme parte das pessoas que não compram livros reconhece a importância da leitura —da boca pra fora, pelo menos. A justificativa mais usada por 31,8% desses para explicar a distância dos livros é uma velha desculpa: a falta de tempo.

Quase empatado entre os motivos para não comprar livros está a soma da disponibilidade de obras digitais gratuitas com o acesso a PDFs. Pode ser que tenhamos um indicativo de como a pirataria, que rola solta por aí, impacta o setor.

Dentre entrevistados que não compram livros, a maioria disse que poderia mudar de hábito caso encontrasse preços melhores ou mais justos. São as classes A, em primeiro, e B, em segundo, que mais se queixam do valor, outro indicativo de que o maior problema talvez esteja em como valorizam pouco os livros.

Os consumidores de livros no país estão principalmente nas classes C (43%) e B (38,4%). O consumo de livros entre os mais pobres teve um crescimento razoável (de 10,4% para 11,8% nas classes D e E), enquanto entre os mais ricos, o povo da classe A, diminuiu (de 7,2% para 6,8%).

As mulheres da classe C representam 27% dos consumidores de livros no país, número 2% maior do que na última edição da pesquisa.

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Quando olhamos para quem mais compra livros no país, as mulheres seguem em destaque. São 60% dos que adquiriram 6 volumes ou mais nos últimos 12 meses.

Indo além, olhando para quem comprou pelo menos dez exemplares no último ano, a vantagem das mulheres frente aos homens aumenta: 62% x 38%. Como escrevi certa vez, muito homem por aí parece ter alergia a livros.

Quando perguntados onde compram livros pela internet, 61,7% indicaram a Amazon. É um número que já foi maior. Na edição passada da pesquisa, 66,4% apontaram a empresa. Nesse campo, vale observar o crescimento da Shopee e, principalmente, do Mercado Livre, que dá atenção cada vez maior ao setor.

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Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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