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Mauricio Stycer

REPORTAGEM

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Paulo Gustavo ajudou o Multishow a ser o que o canal é hoje, diz executivo

Paulo Gustavo entre Emiliano D´Ávila e Cacau Protásio na segunda temporada de "Vai que Cola" - Divulgação/Multishow
Paulo Gustavo entre Emiliano D´Ávila e Cacau Protásio na segunda temporada de "Vai que Cola" Imagem: Divulgação/Multishow

Colunista do UOL

06/05/2021 04h00Atualizada em 06/05/2021 13h12

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Guilherme Zattar comandava o canal Multishow havia um ano, em 2010, quando foi com a mulher assistir ao espetáculo "Hiperativo", de Paulo Gustavo. No formato de stand-up, o ator contava histórias engraçadas falando de medos, paranoias e relacionamentos. "Saí do teatro com o maxilar doendo de tanto rir", conta Zattar.

Dias depois, o executivo teve um primeiro encontro profissional com Paulo Gustavo. "Ele tinha pronto o projeto do '220 Volts'." Nascia ali uma relação de trabalho que iria ter um enorme impacto na carreira de ambos - e do canal. "Ele tinha o poder de fazer o povo rir", diz.

"Paulo Gustavo realmente tem um papel fundamental na construção da imagem do Multishow. A partir do momento em que ele entra com o '220 Volts', o Multishow se torna reconhecidamente um canal divertido, um canal ligado a comédia", conta Zattar.

"Por não ter tido presença na mídia de massa antes e ter praticamente começado em televisão no Multishow (tinha feito participações nada relevantes em outros canais), Paulo Gustavo realmente ajudou a formar a identidade e a marca do Multishow. Ele colaborou muito para o tamanho que o Multishow é hoje", diz o executivo.

Depois de "220 Volts" (2010-13), Paulo Gustavo estreou "Vai Que Cola" (2013-17), uma ideia original de Zattar e Christian Machado, diretor de conteúdo do Multishow. "O Paulo colaborava muito, opinava, às vezes reescrevia um episódio inteiro", conta. O programa se firma como uma das maiores audiências da TV paga. A audiência da estreia, conta, foi de 1,4 ponto no Ibope. A audiência média do canal era de 0,32 a 0,35. "Fiquei chocado".

Após protagonizar as primeiras quatro temporadas de "Vai Que Cola", Paulo Gustavo deixou a atração (fez participações em outras temporadas) e desenvolveu o projeto de "A Vila" (2017-21).

A Vila - Juliana Coutinho/Multishow - Juliana Coutinho/Multishow
Rique (Paulo Gustavo) em seu trailer na série "A Vila", do Multishow
Imagem: Juliana Coutinho/Multishow

"Ele sempre teve total liberdade. Ele sabia que, se fosse para a TV aberta, ia ser cerceado na criação dele. Na Globo ele ia ter que se enquadrar", diz o executivo, ajudando a entender por que Paulo Gustavo resistiu tanto a se arriscar na TV aberta.

"Minha postura e do Christian foi sempre de confiar plenamente", conta. "A gente fez besteira também", diz, citando a série "Além da Ilha", de 2018 (disponível no Globoplay). "Não deu muito certo".

Zattar comandou o Multishow entre fevereiro de 2009 e março de 2019. "Sempre acreditei em diferenciar o Multishow, em popularizar o canal mesmo, um canal de massa na TV paga. Paulo Gustavo ajudou a tornar o Multishow o que o canal é hoje", diz.

"Tentei de tudo. E muita gente deu sua parcela de contribuição. Mas o Paulo Gustavo foi o maior".

Zattar investiu em programas de humor, música, viagens e realities. No humor, reconhece, o primeiro sucesso foi o "Cilada", de Bruno Mazzeo. "Depois veio o Paulo Gustavo".

Estrela maior do canal, Paulo Gustavo era também o maior salário, segundo Zattar. "Nunca foi infeliz em termos de salário. Era a maior remuneração do Multishow. E sempre foi a maior audiência da programação".

Abalado com a morte de Paulo Gustavo, Zattar reconhece: "Além de ser um grande parceiro de trabalho, ele se tornou um grande amigo. Ele teve um papel muito, muito importante na minha vida profissional e também se tornou meu amigo pessoal."