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Mauricio Stycer

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Telejornais mostram prioridades diferentes na abertura da CPI da Covid

William Bonner e Renata Vasconcellos no Jornal Nacional  - Reprodução / Internet
William Bonner e Renata Vasconcellos no Jornal Nacional Imagem: Reprodução / Internet

Colunista do UOL

27/04/2021 23h07

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Pelos próximos 90 dias, a CPI da Covid, instalada nesta terça-feira(27) no Senado, será assunto dos principais telejornais noturnos. A julgar pela cobertura da sessão inaugural, a cobertura das emissoras de TV aberta será muito diferente.

O assunto foi destacado na abertura de todos os telejornais, mas o tempo dedicado ao assunto variou muito, dos mais de 13 minutos do "Jornal Nacional" aos três minutos do "Jornal da Band". Também houve diferenças importantes nos temas sublinhados nas reportagens.

Com uma longa chamada na abertura e uma reportagem de 13:35 minutos, o "Jornal Nacional" deixou claro que a CPI será prioridade do telejornal. O repórter Julio Moschera, inicialmente, relatou em detalhes todas as peripécias que antecederam a instalação - as "manobras" da "tropa de choque do governo" que não conseguiram adiá-la.

O telejornal reproduziu, em seguida longos trechos do discurso do relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). Duas frases mais significativas se destacaram. A primeira com menção ao general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde.

"O que teria acontecido se tivéssemos enviado um infectologista para comandar nossas tropas? Provavelmente um morticínio, porque guerras se enfrentam com especialistas, sejam elas guerras bélicas ou guerras sanitárias. A diretriz é clara: militar nos quartéis e médicos na saúde. Quando se inverte, a morte é certa, e foi isso que lamentavelmente parece ter acontecido. Temos que explicar como, por que isso ocorreu."

E outra, mais genérica, sobre a responsabilização dos culpados pelo caos na saúde:

"Podemos preservar vidas e temos a obrigação de fazer justiça, de apontar, com responsabilidade, equilíbrio e provas, os culpados por esta hecatombe. Quem fez e faz o certo não pode ser equiparado a quem errou. O erro não é atenuante; é a própria tradução da morte. O país tem direito de saber quem contribuiu para milhares de mortes, e eles devem ser punidos imediatamente e emblematicamente".

O "Jornal da Record" tratou da CPI por 3:35 minutos. Metade do tempo foi dedicado ao imbróglio que antecedeu a abertura dos trabalhos.

Ao focar no discurso de Calheiros, o telejornal destacou a frase com referências a Pazuello e, em seguida, a repórter Renata Varandas disse que o depoimento do ex-ministro é o mais aguardado. Por fim, o comentarista Augusto Nunes criticou a atitude de Pazuello, flagrado em um shopping em Manaus sem máscara.

Apesar de mais sintético, o "Jornal da Band" destacou os dois trechos mais importantes da fala de Calheiros, tanto o que fez menção ao ex-ministro Pazuello quanto a cobrança pela responsabilização dos culpados.

No "RedeTV! News", quase metade dos 5 minutos da reportagem foi dedicada à "tentativa de inviabilizar" a CPI por parte dos aliados do governo. O discurso de Calheiros foi reproduzido sem a menção ao general Pazuello. E apenas um pequeno trecho da fala sobre a apuração das responsabilidades foi reproduzido.