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Mauricio Stycer

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Telejornais evitam dizer que deputado preso é apoiador de Bolsonaro

Daniel Silveira foi detido pela Polícia Federal após decisão do ministro Alexandre de Moraes - Reprodução/GloboNews
Daniel Silveira foi detido pela Polícia Federal após decisão do ministro Alexandre de Moraes Imagem: Reprodução/GloboNews

Colunista do UOL

18/02/2021 00h33Atualizada em 18/02/2021 00h55

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A prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL) foi o principal assunto de todos os telejornais da TV aberta brasileira nesta quarta-feira (17). A ratificação unânime pelo plenário do STF da decisão do ministro Alexandre de Moraes ganhou bastante espaço no noticiário, mesmo nos canais mais abertamente simpáticos ao governo.

Conhecido apoiador do presidente Jair Bolsonaro, Silveira foi preso na noite de terça-feira (16) após gravar um vídeo com ameaças a ministros do STF e apologia ao AI-5, o mais duro decreto imposto pela ditadura militar (1964-85) que suspendeu todas as garantias constitucionais.

Ainda que tenham dado bastante destaque à notícia de sua prisão, "Jornal da Record", "SBT Brasil", "Jornal da Band" e "RedeTV! News" evitaram mencionar que Silveira é da tropa de choque bolsonarista.

Esta referência foi feita de forma explícita, em mais de uma ocasião, pelo "Jornal Nacional". O telejornal da Globo foi também aquele que dedicou mais tempo ao noticiário sobre a prisão - 28 minutos. Num tom oficialista, o JN mostrou 11 minutos de transcrições, com imagens da TV Justiça, da sessão do STF que referendou a decisão de Alexandre de Moraes.

O "Jornal da Record" se ocupou da notícia do dia por mais de 11 minutos, aproximadamente o mesmo tempo dado pelo "SBT Brasil", enquanto "RedeTV! News" falou por 7 minutos e "Jornal da Band" por 5 minutos. Todos reproduziram breves trechos da sessão do STF.

Band e Record manifestaram opiniões sobre o caso, o primeiro a favor e o segundo contra a decisão do STF.

Na Band, o âncora Eduardo Oinegue considerou correta a visão do STF de que a imunidade parlamentar "não existe para abrigar o discurso de ódio ou para dar proteção a quem acha que pode incitar a sociedade contra um poder da república. Ou com quem quebra o decoro e confunde a fala com a função excretora".

Na Record, o comentarista Augusto Nunes classificou como "ilegal" o inquérito aberto por Moraes e disse ser difícil compreender por que o STF "age com tanta pressa e indignação quando se sente insultado enquanto contempla com indulgencia casos bem mais graves".