Segunda Chamada: ao abraçar a realidade, ficção pode atingir outro patamar
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Já em seu quinto episódio, "Segunda Chamada" tem chamado a atenção pelo esforço em reproduzir, da forma mais realista possível, o cotidiano de professores e alunos de uma escola pública na periferia de São Paulo no período noturno.
Neste mais recente episódio, com duração de apenas 40 minutos, a série tratou de três temas complexos e delicados: aborto, amamentação em público e machismo. Drama demais para um episódio só? Talvez. Mas "Segunda Chamada" não está nem aí. A série transborda urgência e pesa um pouco a mão para emocionar com dramas inspirados na realidade.
Por coincidência, um dia depois de "Segunda Chamada" mostrar o caso de uma jovem mulher que morreu depois de tomar duas pílulas abortivas, por sugestão de um camelô, a Folha trouxe reportagem de destaque sobre números de adolescentes grávidas em bairros pobres de São Paulo.
O tema do aborto, aliás, já havia aparecido em três novelas diferentes este ano, "Topíssima", "Malhação" e "Bom Sucesso".
Na trama da Record, uma jovem humilde foi enganada por um rapaz que se fez passar por rico, engravidou e foi convencida por ele a fazer aborto numa clínica clandestina. Morreu. E o rapaz foi condenado à prisão.
No folhetim infanto-juvenil da Globo, uma médica salvou a vida de uma jovem que teve o útero perfurado por causa de um aborto e a enfermeira quis denunciar a paciente à polícia. Aceitou não fazer isso depois que o diretor do hospital disse que a atitude burlaria a ética médica.
Na novela das 19h da Globo, os prós e contra de um aborto foram discutidos de forma franca e plural por vários personagens após uma das protagonistas ter engravidado contra a sua vontade (o marido trocou o anticoncepcional por farinha). Ao final, ela decidiu ter o bebê, não sem antes observar: "Eu não sou a favor do aborto. Ninguém é a favor do aborto. Mas eu sou a favor de ter o direito de decidir, você entendeu? De decidir sobre o meu corpo, sobre a minha vida".
É curioso observar como as quatro obras de ficção exibiram quatro abordagens diferentes do mesmo assunto. O espectador só tem a ganhar quando um tema polêmico e difícil da realidade é tratado com seriedade pela ficção.
Stycer recomenda
. Análise: Por que a Record fatura muito mais e perde no ibope para o SBT?
. Jacquin tenta salvar fábrica de A Dona do Pedaço e detona Fabiana: "Idiota"
. Em discussão a produção de novelas curtas por empresas de streaming
. UOL Vê TV com Leo Dias: "Maior punição para uma celebridade é ser ignorada"
Melhor da semana
Numa noite, Segunda Chamada encara aborto, direito de amamentar e machismo
Pior da semana
Ratinho socorre Eduardo Bolsonaro com entrevista camarada no SBT
Uma versão deste texto foi publicada originalmente na newsletter UOL Vê TV, que é enviada às quintas-feiras por e-mail. Para receber, gratuitamente, é só se cadastrar aqui.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.