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Marcelle Carvalho

REPORTAGEM

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Dira Paes desejava ter feito 'Pantanal' há 30 anos: 'Novela é a minha cara'

Dira Paes: "Meu encontro com Filó é com a mulher, com o feminino aparentemente subjugado" - João Miguel Jr./Rede Globo/Divulgação
Dira Paes: 'Meu encontro com Filó é com a mulher, com o feminino aparentemente subjugado' Imagem: João Miguel Jr./Rede Globo/Divulgação

Colunista do UOL

05/02/2022 04h00

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Dira Paes não esconde a emoção de estar no remake de "Pantanal". Pudera. A nova versão, prevista para estrear em 28 de março, está servindo como uma ponte para unir a atriz não só à trama, que ela desejou fazer há 30 anos, como também ao diretor do folhetim, Rogério Gomes, o Papinha. É o que deixa claro a intérprete de Filó, que vai aparecer na história como nesta imagem divulgada com exclusividade pela coluna.

Vou contar uma coisa: faz duas novelas que estou para trabalhar com Papinha. Mas nas duas vezes, eu engravidei (risos). Então, quando tocou o telefone e era o Papinha, a primeira coisa que ele perguntou foi: 'Você está grávida?'. Eu falei não e ele disse: 'Ufa! Então, é agora que vamos trabalhar juntos!'. Foi uma alegria!", comemora a atriz, empolgada por realizar um desejo muito antigo:

Quando foi exibida a primeira versão de "Pantanal", eu estava no começo da minha carreira, e falei: 'Gente, eu sou a cara dessa novela. Eu poderia estar fazendo essa novela!'. Aí, passam-se todos esses anos e, finalmente, acontece esse encontro: com a trama, com Papinha, com esse lugar. Eu, que sou uma pessoa tão "amazônica", me encontrar nesse lugar tão brasileiro, também tão potente... Está sendo um presente na minha carreira."

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Filó e José Leôncio (Marcos Palmeira): apaixonada pelo seu 'Zé', ela vira fera para defendê-lo
Imagem: João Miguel Jr./Rede Globo/Divulgação

Na trama, Filó é o braço direito de José Leôncio (Marcos Palmeira) nos afazeres domésticos. Mas ela é muito mais do que uma empregada. No passado, o sertanejo conheceu a bela morena em um prostíbulo. Meses depois, grávida de Tadeu (José Loreto), filho do pantaneiro, ela apareceu na fazenda dele e foi acolhida. Mais do que um emprego, Leôncio deu carinho e acima de tudo proteção a Filó, que vira fera para proteger o amado. Sim, a personagem é profundamente apaixonada pelo "Zé", como ela carinhosamente chama o personagem.

Filó não é a "senhora José Leôncio", mas deveria ser logo de cara. Ela é a alma e o coraçãop daquela casa. Mesmo quando o sertanejo se casa com Madeleine (Bruna Linzmeyer), uma patricinha carioca, e a leva para o Pantanal, a personagem de Dira continuará sendo o arrimo daquele lar. Dira, inclusive, acha importante que se falem dessas mulheres que parecem submissas, dão a impressão de estarem à sombra, mas, na verdade, são o esteio de uma casa.

Meu encontro com Filó é com a mulher, com o feminino aparentemente subjugado. Há uma condição da qual acho que vamos poder falar muito: desse feminino, da mulher que é o esteio, e parece estar sempre à sombra, à margem. Filó não precisa de protagonismo na vida para ser uma protagonista da própria vida. É uma mulher independente. Pode não parecer no começo, mas ela é. Ela é coração e cérebro mesmo", analisa.

Dira ainda poetiza a respeito do nome da personagem. A analogia que faz, no fundo, não deixa de ter razão.

Em certo momento, enquanto estávamos pesquisando a personagem, a gente falou sobre o nome Filó. Fizemos uma metáfora de filó, um pano delicado, todo furadinho. Mas qual é o propósito do filó? É a proteção. Protege de uma maneira que a pessoa quase não percebe, porque é uma proteção sem abafar. É uma proteção suave, delicada e sábia. Filó tem essa capacidade, um dom natural", compara a artista.