Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Maria Ribeiro sobre 'Desalma': 'Eu li os episódios e fui dormir com medo'
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Não há período mais oportuno para "Desalma" chegar à TV Globo do que na semana do Halloween. A partir de hoje (25), a série sobrenatural, exibida há um ano no Globoplay, será a atração do "Corujão Mistério", às 2h25 (após o "Conversa com Bial"). Confesso que fiquei com taquicardia ao assistir a obra de Ana Paula Maia, tanto que, na época, decidi não ver os episódios à noite (medrosa, eu? Imagina!). Mas não estou sozinha nessa sensação, viu? A atriz Maria Ribeiro, que faz Giovana, uma das protagonistas da série, também ficou, digamos, impressionada com o clima da história.
Eu li os episódios e fui dormir com medo. É muito interessante, porque não é uma série fantástica no sentido de monstros, não é um medo mais óbvio. É sobre o mistério da vida: o que a gente faz com a consciência da morte, para onde vai a alma. A história tem essa pegada sobrenatural que eu acho que nunca vi na televisão brasileira", afirma a atriz.
Certeza mesmo ela tem dessa ser a primeira vez que trabalha com o gênero. Portanto, a carga dramática que o projeto traz a fisgou em cheio.
Nunca tinha feito nada sobrenatural. Adorei, é uma delícia, é divertido. Eu sou muito fã (do gênero). "Iluminado" é um filme que eu já vi umas dez vezes e sempre fico sem dormir. É bom, a gente volta à adolescência", brinca a artista, que não esconde a animação quando tem que mergulhar em algo muito distante de seu mundo.
Quanto mais longe de você o universo, mais gostoso de fazer. Quando eu era pequena e brincava na frente do espelho da minha mãe, eu não queria ser uma personagem parecida com quem eu era. Eu queria ser completamente diferente. Ao mesmo tempo em que a série é sombria, ela possibilita você brincar em outro universo. Eu acho muito mais legal do que fazer personagens coloquiais, por exemplo."
Alma, deixa eu ver sua alma
O mérito da série - exibida na TV aberta em cinco capítulos duplos - é justamente causar a sensação de desconforto, fazendo com que a gente fique o tempo todo com a respiração suspensa. A trama é muito bem amarrada e aborda um universo bastante instigante: a transmigração de alma, que está relacionada com a não aceitação da morte. É esse inconformismo que alimenta a trama e traz consequências profundas a vários personagens. Claro que a família de Giovana é uma delas.
A história se passa em Brígida, fictícia cidade do Sul do país, onde fenômenos sobrenaturais assombram a população ao longo de décadas, enquanto rituais de bruxaria prometem trazer de volta ao mundo dos vivos as almas de pessoas que já se foram. É nesse local que transpira mistério que Giovana e as filhas vão morar, após a morte de Roman (Nikolas Antunes). O marido de Giovana, que nasceu em Brígida, mas pouco falava de seu passado à mulher, voltou à cidade e se matou, jogando-se de uma cachoeira.
Giovana é uma forasteira que chega de São Paulo com as duas filhas para tentar compreender a morte do marido. Brígida é uma cidade extremamente fechada, uma colônia de ucranianos, e ela tenta entender o que está acontecendo através do local e dos familiares de Roman. Ela é uma personagem cética, dentro de uma série sobrenatural. Porém, ao longo da série, Giovana têm todas as suas crenças confrontadas, porque vai passando por muitos acontecimentos que colocam tudo o que ela pensa em xeque", explica Maria.
Eita, que se eu fosse Giovana, catava minhas filhas e voltava correndo para São Paulo! O problema é quanto mais ela mergulha nos mistérios de Brígida, mais vai ficando difícil sair de lá. Mesmo percebendo que suas meninas começam a ser afetadas por essa atmosfera estranha:
Vários eventos na cidade desafiam o raciocínio lógico dela. Giovana começa a perceber a mudança no comportamento da filha mais nova, a partir do momento em que se insere naquela sociedade. Tem uma cena também em que a personagem, que chegou dizendo ser totalmente cética, entra sozinha em uma igreja, por sentir a necessidade de pedir ajuda. É uma cena superbonita em que ela diz: 'Eu não sei se você existe, mas eu preciso saber que eu não estou sozinha.' Quando vê, não tem mais como ser a pessoa que ela era."
Identificação e encontro com a musa
A verdade, minha gente, é que Giovana está sozinha, no meio do caos, com duas meninas para criar. E tudo que ela não pode fazer é desmoronar. Nem quando acredita existir muito mais coisa em Brígida do que pode imaginar.
Ela tem que dar conta de uma perda difícil, bastante dolorosa. Ao mesmo tempo, o fato de ter as meninas é o que lhe dá mais medo e coragem. Se você tem duas filhas, não pode cair, você tem que ir em frente. Então, é uma personagem bastante doída e bonita de fazer, porque tem que segurar a onda em função das garotas, que também perderam o pai e as suas raízes. Giovana é forte em função da maternidade. Ela é uma supermãe e, nesse sentido, eu me identifico muito com ela", constata a artista.
A sensação de solidão, todavia, é suavizada um pouco com a presença de Ígnes, papel de Claudia Abreu, a outra ponta do triângulo de protagonistas (Cássia Kis, a feiticeira Haya, completa o trio).
Giovana chega a uma cidade desconhecida, diz que tem uma relação bastante distante com a família de origem e Ignes a recebe com muito cuidado, carinho e atenção. Imediatamente, a leva para sua casa e Boris (Ismael Caneppele), marido dela, a contrata para trabalhar com ele. Acho o encontro de Giovana e Ignes o mais bonito", analisa a atriz.
E não é só a personagem de Maria que encontra segurança na de Claudia.
Para mim, Claudia Abreu é a musa máster da vida toda. Então, Giovana ser próxima da Ignes foi um encontro maravilhoso meu com Cacau também. E de uma cumplicidade feminina que é bom de falar. Aliás, a série é bastante feminista, porque as três personagens mais fortes são mulheres. Portanto, essa cumplicidade entre a Ignes e Giovana é bastante especial e foi muito bonito de fazer" derrete-se.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.