Quem diria que seria bebida envenenada a unir o Brasil na mesma causa

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Há dez dias, tomei um Bloody Mary em um happy hour e achei que tinha muita vodca. A bebida não estava vermelha, cor de tomate e, sim, diluída em uma quantidade incomum de álcool. Não pensei mais nisso até segunda, quando sucumbi a uma dor de estômago fortíssima — Virose? Ressaca retroativa? Intoxicação alimentar por presunto na pizza portuguesa?
Uma amiga ligou à noite para colocar mais água no chopp: "Meu Deus, não será metanol?" Que tempos são esses, pensamos todos. Sarei antes que pudesse ficar mais aturdida com outros sintomas.
Pois vivemos um tempo inimaginável em que bebida adulterada com substâncias tóxicas tem matado pessoas por aí. Pessoas como eu e você que frequentam bares e às vezes pedem um drinque. E também aquelas que fazem isso sempre. Vivemos um tempo em que não se sabe se uma organização criminosa ou um bandido de fundo de quintal envenena as bebidas alcoólicas. Ninguém sabe de onde vem o crime. A decisão possível, enquanto assistimos aturdidos o número de vítimas aumentar, é não beber mais nada.
São tempos estranhos. Não se trata dos anos 1920 e 1930 nos Estados Unidos, quando, durante a lei seca, se falsificava todo tipo de bebida com o que fosse possível encontrar na frente. Até perfume o pessoal bebia. Olhando da maturidade de um século depois, parece muito desespero abrir um frasco de seu perfume da Dolce e Gabbana e mandar ver.
Mas não está meio parecido com o desespero atual na internet de pessoas que acham impossível passar esse fim de semana sem tomar um destilado? Parece um tipo de negacionismo etílico: de fato há pessoas morrendo intoxicadas por substâncias criminosas colocadas em bebida alcoólica falsificada. E mesmo assim tem gente achando uma boa ideia fugir da própria vida real sugando uma mistura de energético, álcool e (talvez) metanol, em um canudinho...
Já decretei: o medo da morte deveria fazer com que as pessoas parassem com essa frescura de dizer que cerveja é ruim. Mas, só por um fim de semana, quem sabe, ou talvez mais, tomar água, olhar no olho dos outros e aprender que existe, sim, a possibilidade de se divertir na sobriedade.
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