Luciana Bugni

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Opinião

Discordei de Piovani em Casamento às Cegas: precisamos dar cara para bater

Luana Piovani costuma dificultar as coisas para quem acorda com o objetivo de desancar o que ela diz. Sensata e sem o medo peculiar de uma época — o de ser cancelada —, ela fez da própria opinião seu trunfo. Uma sorte para quem vive escutando bobagem na internet, poder ouvir uma mulher contemporânea que é um oásis de coragem.

Em "Casamento às Cegas", ela foi contundente como sempre. Lucielma, uma das noivas do reality Casamento às Cegas, resolveu fugir do constrangedor momento do enlace no programa: aquele em que você, vestida de branco e maquiada, descobre se o ser humano que supostamente vai casar com você quer mesmo assumir o compromisso. Mario Roberto ficou ali, de terno, esperando no altar. A mulher foi embora, no estilo Thelma e Louise, ou, para ser mais moderna, "Desatola Bandida" (hit da personagem de Alice Wegmann em "Rensga Hits" que também fugiu de noiva, dirigindo sua Caravan e largando o ex-futuro no altar).

Lucielma tinha certeza de que Mário se recusaria a casar com ela. E não enfrentou a situação para saber no que ia dar. Luana aprovou: não precisaria passar pelo constrangimento, segundo ela. "Tomar não no altar só em novela, com figurino ajustado, ganhando salário para isso". Será?

Tenho visto tantas histórias sem desfecho entre as pessoas que me cercam, na maturidade. Relacionamentos de semanas que minam, sem aviso prévio. Mensagens penduradas no espaço cósmico com dois palitos azuis que nunca serão respondidos. Há possibilidades de conversas no aplicativo que murcham antes do primeiro encontro — e ninguém sabe o porquê. Será que a gente não está fugindo antes da hora? Mesmo que a hora não apresente a solução imaginada?

Como que a gente se acostumou a seguir com base no que imaginamos que seria? Não pisamos mais no concreto (por mais que seja duro) e preferimos não viver. Evitar a humilhação televisionada pode ser uma estratégia que posterga dores momentaneamente, mas como seria de fato viver o que há para se viver? "Vamos nos permitir", como orienta Lulu Santos, inclusive a viver os fins encarando de frente?

Lucielma diz que se arrependeu. Pós-fuga, iniciou um stalk daqueles, com direito a perseguição física. Ele reclamou em gravação, no fim do programa. Ela se defende dizendo que vai processá-lo. Não era melhor ter encerrado a relação no altar mesmo? Humilhação é realmente o melhor termômetro para poder seguir em frente?

Por relações mais verdadeiras — e isso inclui o fim delas —, em que possamos aguentar os nãos que a vida oferece. É duríssimo, mas é o melhor jeito de seguir rumo ao futuro sim.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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