João Vicente e Francisco Bosco dizem que perdoariam traição; e você?

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Falar de traição é complicado. Tanto que a conversa sobre perdoar ou não um chifre no Papo de Segunda, da GNT, faz a turma se remexer desconfortável na cadeira. E aí, você acha ok relevar uma traição e continuar com a pessoa? É, eu sei, não é uma resposta simples.
Os mandamentos católicos nem mencionam o ato extraconjugal e param um pouco antes: "Não cobiçarás a mulher do próximo". Acho que vale para o marido, não sei bem, terminei a catequese faz um tempo. Perdão aos que pretendiam andar na linha segundo as regras do Todo-Poderoso, mas Paolla Oliveira é casada, e Wagner Moura também. Já caiu boa parcela da população brasileira aqui.
Mas se nem cobiçar pode, é lógico que trair é daquelas atitudes que embola pecado capital: uma mistura de luxúria, com inveja, com gula e com safadeza (o oitavo pecado). Podem abrir tantos casamentos quanto quiserem, sempre vai ter alguém para achar uma cláusula no contrato e dizer "opa, isso aqui não podia e configura traição". O problema dos contratos são as letras muito pequenas.
O fato é: está escrito em alguma pedra empunhada por alguém há muito tempo que não pode trair. E se o fizer, o certo é não perdoar. Francisco Bosco diz na TV que ciúme não é um afeto do qual ele compartilha com a mulher, mas acha que não perderia uma história de amor tão importante por conta de um deslize. João Vicente de Castro confirma: adota a alcunha de corno mansíssimo, segundo ele. Não é isso que derruba o amor. "Não faça, mas se fizer não me conte", diz Bosco. O melhor chifre é aquele que eu não vi, concordo.
Lógico que é diferente falar de namoricos e casamentos estáveis. É muito mas fácil lidar com um grande amor arrependido (e, talvez, assumir o controle do jogo) do que um cônjuge que avisa que está indo embora viver com uma nova paixão. E mesmo se perdoar, quem garante o reestabelecimento da confiança. Ou teria segurança de que o ser enganado não aproveitaria o primeiro personal trainer para dar o troco?
Muito se discute sobre posse e monogamia nos dias atuais, entretanto. Faz sentido mesmo esse negócio de ser a melhor amizade, a melhor pessoa para transar, morar, fazer planos e todo o resto? "Qual a chance de isso não gerar frustração?", costuma questionar a escritora e psicóloga Geni Nuñez, que estuda descolonização dos afetos e não monogamia.
É inegável que a ideia de ter uma pessoa só no amor romântico vem de propriedade e posse. Mas se o acordo funciona para ambos —o proprietário e o possuído do casal e vice-versa—, quem pode julgar? Tudo que é recíproco é da lei. Respeito é bom e todo mundo gosta, se esse é o combinado.
Palmas, contudo, para os caras que verbalizaram algo que não está escrito nas pedras de mandamento algum: quem ama também vacila. Pode? Não pode, mas tem tanta coisa que também não pode. E quem ama de volta perdoa, por que não? Burrice é manter a dignidade (ou o que nos ensinaram sobre isso, especialmente para os homens) e perder um grande amor. Mas a teoria é muito bonita, sim. A prática são outros 500.
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