SOS Wagner Moura: o que fazer se te aplaudirem por 13 minutos sem parar

Ler resumo da notícia
Começou aquele evento anual de adoração ao ator Wagner Moura. O homem pisa em um tapete vermelho e a internet enlouquece. As redes sociais entram em looping e contribuem com sobrecarga à sua procrastinação —vídeos, edits, nostalgia de novelas passadas, gifs e frames. Tem de tudo quando o Brasil fica obcecado pelo ator baiano e só pensa em falar sobre isso 24 horas por dia.
Este ano, o cara fez o que mais sabe: espirrou o carisma e talento com borogodó brasileiro para cima de quem estivesse em Cannes, na França, para o maior festival de cinema do mundo. O filme que protagoniza, "O Agente Secreto", dirigido por Kléber Mendonça, foi aplaudido por 13 minutos na tarde de domingo. Antes disso, o elenco e a comitiva brasileira entraram ao som de uma fanfarra carnavalesca, com estandarte e tudo. O smoking de Wagner tinha elasticidade o suficiente para dançar um frevo no percurso.

Dançar o frevinho de gravata-borboleta é fácil. Quero ver o que você faria se te aplaudissem por 13 minutos. A marca é até comum no festival e funciona como um medidor da aderência das películas entre os entendidos na sétima arte do mercado. Chuva de like com barulho. No ano passado, quem foi sucesso foi "Motel Destino", de Karim Aïnouz —12 minutos de palmas consecutivas com direito a coreografia de Aviões do Forró no tapete vermelho. É por isso que o troféu chama Palma de Ouro? Ok, não.
O que você faz enquanto as pessoas batem palmas para você? Eu não sustento um parabéns para você inteiro e a música dura só uns 40 segundos. Invento umas dancinhas constrangedoras, ameaço cortar o bolo antes, coloco o filho na minha frente de escudo. Imagina TREZE minutos. Com câmeras filmando. Sem poder sentar. Sair. Mexer no celular. Meu Deus do céu, que desafio. Ainda bem que provavelmente não passarei por tal prova em vida. Se me aplaudirem por 13 minutos que seja no WhatAapp, por áudio, e eu escuto na velocidade 2. Encaminho para minha mãe. E é isso. Quem sabe.
Ok, sabemos que o objetivo do artista é o aplauso. Ser reconhecido pelo que fez é lindo demais. Wagner, Kléber e o resto do elenco ficaram ali colhendo os louros que merecem. O ator com seu sorrisinho simpático indecifrável (meio constrangimento, meio simpatia). Maria Fernanda Cândido, com seu rosto de esfinge, elegantérrima. Kléber recebendo o que lhe é de direito pelo que dizem ser o melhor filme de sua carreira. E olha que ele fez muito filme bom.
Na internet, o Brasil avisa que voltou a soberba. Wagner entra no lugar de Fernanda Torres nos holofotes gringos. No ano passado, na estreia de "Guerra Civil", ele já tinha bagunçado os talk shows do mundo todo esbanjando seu "wagnismo" com sorrisinhos, piadas, profundo interesse no entrevistador e o que mais? Ah, uma aula relâmpago de samba para americanos. Ele sempre tem algo mais na cartola.
A gente prova que o tempero brasileiro é isso e fica orgulhoso com a esperança de podermos falar de cinema nacional por mais um ano inteirinho. Pensando bem, o que são 13 minutos, se estamos dispostos a aplaudir o filme de Kléber sem nem tê-lo visto ainda pelos próximos 10 meses? Ser brasileira é realmente gostoso demais, tá louco.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.