Valentine's Day invadiu pré-Carnaval e tirou paz de quem quer ser solteiro

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Você está aí tranquilo pensando em #sextar, mas resolve dar uma scrollada sem compromisso para procrastinar o trabalho via Mark Zuckerberg. É o bastante. O Instagram te lembra algo que nunca foi importante no Brasil, mas agora é: o Valentine's Day.
E com ele, a miséria de nossa vida afetiva frente ao clímax romântico de todo usuário da rede. Como podem os casais ser tão felizes? Como podem ter dentes tão brancos? Como podem ter ido para a Grécia tantas vezes? Como podem se amar tanto, afinal? A gente nem comemorava essa data antes, precisa mesmo esfregar na nossa cara?
Valentim, o santo que dá nome à data, era um religioso em Roma quando uma lei decidiu que soldados solteiros lutavam melhor no Império Romano —e decretou que estavam proibidos de se casar. Valentim nem ligou para a norma do imperador e continuou acreditando no amor e concedendo o sacramento do matrimônio. Até ser descoberto e sacrificado em um 14 de fevereiro. Nesse dia, antes de morrer, ele escreveu uma carta. Foi o primeiro cartão de Valentine's.
Daí para associá-lo ao amor romântico, foi um pulo. De repente, Valentim tinha a cara do cupido.
Mas como mataram o sacerdote em fevereiro, aqui no Brasil ninguém nunca deu bola para isso. Sabe como é, nesse mês a gente tem mais com o que se preocupar —isso inclui hoje em dia comprar glitter na Amazon, roupa de banho metálica de baixa qualidade no comércio de rua e discutir abertamente sobre o corpo de Paolla Oliveira nas redes sociais. É Carnaval, quem lá vai pensar em desenterrar foto dando selinho em frente à torre Eifel, sabe?
O Valentine's gringo virou um trunfo econômico —de cartões aos chocolates, tem muita gente faturando com o amor comercial. Tanto que o pai de João Doria deu um jeito nisso para faturar no Brasil em um mês mas frio, em que dá para tomar vinho e comer fondue, sem o fantasma da folia —foi daí que surgiu o 12 de junho tupiniquim. Se ninguém compra nossas flores no pré-Carnaval, vamos vendê-las em outro mês, ué.
Bem, o advento das redes sociais mudou um pouco esse panorama. A gente pode continuar com a cabeça na folia, mas agora para provar que ama e é feliz, tem que postar hoje também. E essa inveja do amor dos outros que o pessoal sente quando abre a rede social migrou para fevereiro, sim. Nesta sexta (14), um pisca-alerta de "você está sozinho" acende na timeline.
O pessoal anda romântico mesmo. Uma pesquisa da Ipsos lançada essa semana avaliou a satisfação com o amor em mais de 30 países. Em praticamente todos, há uma maior satisfação com o romance comparado ao sexo! Amar está legal, transar está mais ou menos. "Na minha opinião, não é uma questão de desvincular o sexo do casamento. O relacionamento amoroso tem o sexo como um elemento, mas outros pontos também nos satisfazem, como o carinho, a preocupação, dividir os sentimentos. É complexo, mas prazeroso quando conseguimos equacionar", disse Rafael Lindemeyer, diretor de clientes da Ipsos.
Pois então é provável que aquelas fotos que a gente vê no Instagram sejam realmente de pessoas felizes, e não de atores. Mas isso tem que entristecer quem não vai andar de mão dada hoje? Bobagem. É Carnaval, o ano só está começando. Deixa para pensar besteira depois, ué. Vai #sextar em paz. Tem para todo mundo.
Um santo fofinho e rebelde desses que casava os apaixonados por benevolência (só podiam transar se casassem, né) no meio das guerras todas não merece que ninguém se aborreça.
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