Luciana Bugni

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Opinião

'Emocionado': Selton Mello já é a melhor coisa da internet em 2025

Fevereiro. Minha escola nem entrou na avenida ainda. Nem coloquei o bloco na rua. Fernanda Torres nem levantou aquela estatueta dourada. Dizem que, enquanto isso não acontecer, o ano não começou. Mas a gente já tem um campeão na categoria redes sociais. Selton Mello: nota 10!

Não tem uma hora que esse moço não apareça na minha timeline que eu não sorria. Essa manhã, mal desperta de sonhos intranquilos, de ppts que ainda não montei, de excel que preciso preencher, procrastino rolando a tela (um oferecimento Mark Zuckerberg), quando surge ele: Selton. E não vem sozinho. Vem com um violão (aí eu já estou sorrindo), acompanhado de Jack Black improvisando uma paródia ao vivo e Paul Rudd batucando ao lado. Tinha mais carisma em Hollywood? Não tinha. Está tudo ali, na minha telinha.

Então Selton também toca violão? Eu forço a vista para reconhecer o lá, o ré e o mi das músicas para acampamentos de outrora. No fim, ele faz seus amigos falarem que o filme estreia no Natal, em português. "Estamos chegando", ele ensina. "Steven Seagal", diz Paul Rudd. Eu estou rindo. É quarta-feira, 10h e Selton Mello já me fez rir.

Artista é meio blasé. De tanto estar nos lugares em que ninguém mais está ou eles se acostumam, ou eles simplesmente fingem que é normal. Menos Selton Mello. No Globo de Ouro, ele vai no cantinho chorar e filma (nunca pare, por favor)!. Ele chacoalha Fernanda Torres recém-premiada como eu fazia com minha amiga aos 15 anos quando o Marcelo Frommer dava uma palheta para ela nos show dos Titãs.

O ator tem a espontaneidade de um Chicó, mostra os bastidores de um mundo que não nos compete e ainda escreve em verso (nunca pare, por favor, de novo). Emociona, emocionado, porque tudo é tão emocionante, mas também porque até os altos degraus onde jamais pisaremos também têm simplicidade quando se olha com verdade.

Selton, aquele menino da TV, que agora é estrela grande, grandíssima, ali tocando seus rés e lás com o pessoal de Hollywood e colocando tudo isso na sala da minha casa. Primeiro, porque é importante para seu trabalho. Segundo, porque ele sabe que a gente fica feliz com isso.

O ator é a liga das artes nesse início de ano em que teimamos em ter esperança, apesar dos nocautes da vida. É o alto escalão do cinema, com a simplicidade do Instagram que tem cara da sala da nossa casa. É capaz de fazer sorrir, por uma janelinha luminosa para a qual a gente olha o dia inteiro e também chorar na tela grande, quando nem está em cena, em uma camisa que um dia vestiu e agora a filha órfã cheira procurando o pai que todos perdemos (faço isso até hoje).

Sean Penn, fã de Selton, está certo. A gente sente falta dele quando ele some da história em "Ainda Estou Aqui". Mas ele vem, em versos, às vezes, em uma paródia sem pé nem cabeça sobre uma cobra gigante, em memória da cultura brasileira que protagoniza nas telas há 40 anos entre palhaços e mulheres invisíveis.

Que sorte ser brasileira e poder ver Jack Black dizer "obrigado". Ando ufanista de arte esses dias.

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