Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Como Rebeca: por que as pessoas demoram para notar que casamento acabou?
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Depois do constrangimento de uma tentativa de troca de casais que Túlio (Daniel Dantas) imaginou em "Um Lugar ao Sol", parece que Rebeca (Andréa Beltrão) finalmente acordou. Ela largou o marido falando sozinho na porta do hotel, não permitiu que ele entrasse em sua casa com flores, falou para a amiga que o casamento acabou e já teve uma conversa longa e consciente com a terapeuta sobre os rumos do fim.
Parece finalmente ter acordado para o que o público já estava ligado há algum tempo: seu casamento não tinha muita solução mesmo. Mas por que Rebeca demorou tanto tempo para se divorciar?
Na sessão de terapia, ela fala sobre o assunto. "Queria que existisse um exame que ateste a saúde mental de um casamento. De dentro, você perde a noção", ela diz. De fato: é complicado perceber que a relação desandou quando se está acostumado com desaforos e falta de respeito. Na correria do dia a dia, o desamor vira uma constante complicada de se diagnosticar.
Vai dizer que não conhece casais que se tratam mal como se fosse a coisa mais natural do mundo? E quando esse casal é você?
Rebeca está triste, com a sensação de que desperdiçou 15 anos — uma vida inteira, segundo ela — com alguém que não sabe quem ela é. "Como você se sentiu?", pergunta a terapeuta. Ela diz que mais sozinha do que nunca.
A solidão a dois é dolorida
Esse talvez seja uma boa evidência de que a relação acabou. Sentir uma desconexão profunda com o par que traz uma sensação de solidão debaixo do mesmo teto. O que adianta ter ao lado alguém que um dia amou se não há a possibilidade de um diálogo que possa amenizar as angústias individuais? Túlio ofereceu um swing para sair do lugar comum, mas Rebeca queria apenas ter alguém com quem conversar.
É isso que ela tem com Felipe (Gabriel Leone). Um bom papo que precede e facilita a excitação sexual. Só separada ela se permite viver isso. E fica claro que gosta muito do que aconteceu entre ela e o rapaz. "Encontrar uma pessoa legal é tirar a sorte grande, encontrar uma pessoa legal depois dos 50 anos é da ordem do milagre", ela diz para a psicóloga.
O melhor é que ela não parece estar desesperada. Tem agonias típicas da mulher madura que finalmente decide terminar a relação que fazia mal. Não sabe se vai encontrar outra pessoa a essa altura da vida, por exemplo. Mas não quer ficar com qualquer um apenas para ter a segurança de um homem ao seu lado — quer estar em uma relação por inteira.
A terapeuta responde, no excelente texto de Lícia Manzo: "Antes mal, do que só acompanhada".
Separar é difícil mesmo. Tem muita coisa em jogo depois de décadas com uma pessoa. Mas a coragem de se libertar daquilo que sufoca enfrentando a dor é libertadora. Dói? Dói demais. Mas antes mal do só acompanhada. Rebeca não deve ficar muito tempo mal e parece ter tropeçado em alguém legal antes do que esperava. Porém, tropeçar em si mesmo (ainda que com todas as dificuldades de uma separação) também é gostoso demais.
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