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Luciana Bugni

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Juliette exalta vacina, Sarah diz não ter tempo: influencer pode ser do bem

 Vacinada: postar é muito importante também para influenciar pessoas - Instagram/Juliette
Vacinada: postar é muito importante também para influenciar pessoas Imagem: Instagram/Juliette

Colunista do UOL

03/08/2021 12h05

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Juliette está no carro, indo para a vacinação. Está olhando a janela e alguém pergunta sobre estar ansiosa. Ela diz que sim. "Depois de tanto desespero, tanta tristeza". O próximo story é da queridinha do Brasil tomando a vacina ao som de Apesar de Você, de Chico Buarque. Quem estudou um pouquinho de história, sabe: a letra faz referência a um presidente militar da ditadura. A analogia é livre.

Juliette sabe da importância da arte e da cultura para tempos sombrios da história do Brasil. Repetindo 50 anos atrás, "a nossa gente hoje anda falando de lado e olhando para o chão".

Foi um ano difícil para quem ficou trancafiado em casa vendo toda a escuridão. O caminho até o posto de saúde é uma alegria introspectiva mesmo, como a de Juliette no carro: "Quando chegar o momento, esse meu sofrimento, vou cobrar com juros", diz a letra.

Ah, mas ela não está isolada

Juliette não ficou e não está em casa, alguém vai dizer. Seu novo trabalho exige diversas aparições públicas. Orbitando em volta dela, os amigos que escolheu para formar sua equipe.

Mas nas situações públicas não-midiáticas (quando não está no estúdio ou no palco), Juliette aparece de máscara em todas as fotos e posts. Defende seu uso e a vacinação. O que faz dentro de casa é outra coisa. Recebe críticas por comportamentos pandêmicos pré-BBB. Se blinda. Segue falando, agora para milhões de pessoas, o que acredita. Não fomenta aglomerações e faz o alerta sempre que pode. Milhões vão atrás dela.

Já sai bem na frente de muito influencer por aí desde o Big Brother, quando acumulava milhões de cactos fiéis aqui fora: "Fiquem em casa, pelo amor de Deus", ela dizia pós intervenções ao vivo de Tiago Leifert.

Está certa.

Indiferença é negacionismo também

Na tarde de ontem Sarah, sua ex-colega de BBB, irritou a internet ao dizer que ainda não se vacinou porque não teve tempo. O comportamento não é único. Há quem não tenha pressa de se vacinar contra a doença que matou mais de 550 mil brasileiros. Justificativa: estar ocupada.

Quem não está ocupado em 2021? Sobreviver já está dando um trabalho danado. O resto a gente vai encaixando na agenda.

Mais tarde, ela explicou o comentário. Disse estar sem o comprovante de residência. Ela avisou que é a favor da vacina e irá tomá-la. Vacinar-se é mesmo urgente para todos os brasileiros.

Juliette falou na tarde de segunda (2) em seus stories que se estivesse em Campina Grande, se vacinaria antes (lá a idade dela já estava sendo imunizada). Como está morando no Rio de Janeiro, esperou até terça (3). Filmou, postou. Influenciou mais gente. E ainda mostrou um pouquinho de Chico Buarque para quem passava por ali desavisado. Internet pode ser legal demais.

É um jeito humano de ser influencer. Influenciar as pessoas a se protegerem parece bom. Se sensibilizar com as mortes. Se importar. Foi justamente o desprezo às mazelas da pandemia que começou a derrubar Sarah no BBB.

Sempre tem amanhã

A letra da música de Chico começa com "Amanhã vai ser outro dia". Vai mesmo: para Juliette, para os jovens que a seguem que aprendem um pouquinho de cultura brasileira que valha a pena. Todas as fichas no amanhã: vacinados em enorme euforia. "Água nova brotando e a gente se amando sem parar". A história é um pêndulo, a gente passa para frente. Vira a esquina. Deixa a escuridão para trás. Há de ser.

Obrigada, Chico. Obrigada, Juliette. Obrigada à ciência.

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