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Leonardo Rodrigues

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Como descobrir se aquele disco de vinil antigo que você tem vale uma bolada

Primeira prensagem do álbum "Chega de Saudade" (1959), de João Gilberto, fundador da Bossa Nova, que chega a ser vendida por mais R$ 1.500  - Reprodução
Primeira prensagem do álbum "Chega de Saudade" (1959), de João Gilberto, fundador da Bossa Nova, que chega a ser vendida por mais R$ 1.500
Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

23/02/2022 16h01

O mercado do vinil está em expansão e há quem aproveite a escalada de preços para tentar vender discos que antes estavam encostados, sejam eles objetos de herança ou mesmo itens de antigas coleções privadas. Nessa hora, é importantíssimo saber o que se tem em mãos. Você pode ter sido dono por uma vida inteira de um diamante sem ter se dado conta disso.

Como já dissequei aqui na coluna, o estado de conservação, a origem, a raridade e o artista em questão são determinantes na precificação de um LP, mas existe outro elemento igualmente relevante que tende a ser desconsiderado: a prensagem.

A primeira edição de um disco, distribuído no país de origem de quem o assina, é uma espécie de Santo Graal de colecionadores. São os mais valorizados no mercado. Uma cópia em ótimo estado de "Chega de Saudade", de João Gilberto, pedra angular da bossa nova, pode chegar a R$ 1.500.

Quer aprender a identificá-los? Não é complicado. Mesmo para iniciantes no colecionismo

Há vários sinais de primeira prensagem em um disco, e um dos mais clássicos é presença de informações, como as iniciais do engenheiro de masterização, na "dead wax" —ou "run-out", aquele trecho do vinil entre a última faixa e o selo do álbum, onde a agulha repousa terminada a audição (a não ser que seu toca-disco seja automático).

Mas há outra maneira bem simples de rastrear o Santo Graal. Se o LP parece ser de época, basta procurar na capa (ou contracapa ou selo) o código de catálogo que todos possuem. Como este abaixo.

Código de catálogo do álbum X-Static, do duo Hall & Oates - Reprodução - Reprodução
Código de catálogo do álbum "X-Static" (1979), do duo Hall & Oates
Imagem: Reprodução

A regra possui exceções, já que gravadoras seguiam regras diferentes, mas se você fitar uma combinação de quatro números e quatro letras unidas por hífen, algo no padrão "ABCD-1234", saiba que há um bom motivo para sorrir. Esse é o padrão de "first pressing" que se tornou canônico. O disco é do país de origem do artista? A chance é maior ainda.

A título de curiosidade, a partir de segundas ou terceiras edições, que também são extremamente colecionáveis e procuradas, é comum o código aparecer com duas letras e cinco números, como "AB-12345". A partir daí, o padrão costuma mudar.

Ainda ficou na dúvida? Calma, aqui estamos para te ajudar

Existem bancos dados na internet e fora dela, alguns bastante confiáveis, outros nem tanto, trazendo maravilhosas informações técnicas sobre discos que vão além do que o próprio informa. Mas o melhor mesmo —apesar de não ser perfeito— é o site Discogs.

Vá até o campo de busca no alto da tela, digite o nome do álbum e escolha a opção "all versions". Na página seguinte, desça e procure a seção "Versions". Ali estão as numerações de cada edição lançada e catalogada no mais completo endereço de discos do mundo. A primeira da lista será sempre a da primeira prensagem.

Toca-discos - Shutterstock - Shutterstock
Imagem: Shutterstock

Mas e aquela história de primeira prensagem ter um som melhor? É verdade?

O que é possível afirmar é que, geralmente, as primeiras edições possuem um áudio mais fiel à concepção original de músicos, produtores e engenheiros de som. A explicação é simples: o som está "mais próximo" da fonte original, que são as músicas masterizadas.

Além de receber novos tratamentos sonoros, relançamentos, em alguns casos, podem nem mesmo ser feitos com base nas fitas masters originais, mas a partir de registros digitais, acarretando perdas e um som abafado e pouco nítido. Eu mesmo possuo reedições assim.

Mas, no fim das contas, o que importa de fato é como a música chega ao seu ouvido. A experiência que ela te proporciona. Se o remaster do remaster da última edição em CD convertida em LP está soando agradável, que seja. O resto é puritanismo.

Só não dá para reclamar na hora de vender seu disco, que valerá consideravelmente menos que os irmãos "originais".

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E até a próxima datilografada!