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Leonardo Rodrigues

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Vinil tem som ruim? As mentiras que fizeram você acreditar sobre discos

Pexels
Imagem: Pexels

Colunista do UOL

28/07/2021 04h00

Lorota, balela, encravação, caraminhola, lampana, intrujice, endrômina. Nossa conhecida "mentira" responde por vários nomes diferentes, e eu aposto minha coleção do Fleetwood Mac que você já foi ludibriado pelo menos uma vez quando o assunto é disco de vinil.

Afinal, quem nunca?

Mas está tudo bem. Antigas escrituras gregas do período helenístico já asseveravam que nunca é tarde para abrir mão de certo folclore e qualquer sorte de desinformação, não importa de onde vieram. Afinal, mitos foram feitos para serem derrubados.

Mito 1: o som do vinil é ruim

Não é. A depender do seu toca-disco, do seu conjunto agulha-cápsula e do seu gosto —sim, isso faz diferença—, a sonoridade de um LP pode ser simplesmente inacreditável e de alta-fidelidade.

Disco de vinil - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

mas ela certamente não será vinda desse aparelhinho.

Mito 2: o som digital é melhor que o analógico (e vice-versa)

Estamos falando de fontes sonoras diferentes, com características diferentes. Conforme já datilografei anteriormente, não há vencedor nesse embate, que aliás nem faz muito sentido. Mas, no caso da comparação plataformas de streaming x vinil, não tem conversa: o segundo é claramente superior.

Mito 3: o som do vinil vai ser sempre bom

Sem chance. É preciso um disco em bom estado e um bom aparelho. Uma vitrola do tipo maletinha "todos em 1", vendida a preço sedutor em lojas de departamento, jamais te proporcionará a experiência que o vinil é capaz de oferecer.

Mito 4: o chiado dá charme à audição

Na verdade não dá —pelo menos não para mim. Ao contrário do que muitos imaginam, chiado não vem gravado no disco. É fruto de interferência física na leitura, causada por arranhões e/ou sujeiras que entram em contato com a agulha.

Mito 5: vinil importado é sempre superior ao nacional

LPs japoneses e alemães são maravilhas disputadas com afinco por colecionadores. Mas isso não é uma regra rígida. A qualidade do disco depende da qualidade da fábrica e do cuidado que a gravadora ou selo teve com a edição. Existem nacionais incríveis.

Mito 6: é impossível recuperar um arranhão em disco

Não é. Há formas de fazer isso, com resultados que podem variar. Lixar o vinil, como certas pessoas se arriscam, pode não ser lá uma boa ideia, mas dá, por exemplo, para minimizar rebarbas em sulcos e assim impedir que seu amado LP pule na sua faixa preferida. Veja abaixo.

Mito 7: disco chiando é sinônimo de arranhado

Nem sempre. Ele pode apenas estar imundo, às vezes mofado, precisando de um banho com água corrente e detergente neutro e um "peeling" com cola de madeira. Curioso(a)? Clique aqui e entenda melhor.

Mito 8: discos de 180 e 200 gramas, que viraram moda, têm som melhor

O marketing da gramatura engana, mas o peso em si não faz quase nenhuma diferença. Discos robustos só soam melhor mesmo quando a matéria-prima do vinil tem qualidade, assim como os processos de gravação, mixagem, masterização e prensagem. O que vale é o conjunto de fatores.

Mito 9: LPs duram mais que CDs

Eis um assunto polêmico na esfera colecionista, e por isso vou me prolongar um pouquinho mais neste tópico. Já adiantando a resposta: não é verdade.

A real: o material do qual o LP é feito, o famoso PVC, possui propriedades que o fazem ser extremamente resistente, permitindo uma vida útil de bem mais de cem anos. Trata-se de um plástico, afinal.

Nesse caso, parece uma boa notícia, né?

Mas, leitores, calma. Aqui reside um problema

Uma vez que a leitura do vinil é física, empreendida por meio do contato da agulha —muitas de diamante, um dos materiais mais rígidos do planeta—, a durabilidade do disco cai à medida que ele é tocado.

É isso mesmo. Triste, mas verdade. O LP vai morrendo aos pouquinhos toda vez que você o coloca para tocar. É poético, quase como nossa vida. Já parou para pensar nisso?

Falando de CD, com sua leitura a laser, fabricantes afirmam que a mídia prateada —aquele álbum de banda que você comprou nos anos 90— pode viver por dois séculos se armazenada de forma adequada e utilizada de forma regular. Nada mal.

No entanto, em ambos os casos contar com um bom aparelho de som é imprescindível para evitar arranhões e desgastes precoces. Citando o mítico trote da Telerj, a rigor seria isso.

Lembrou-se de mais alguma mentira? Então escreva no campo dos comentários

E até o próximo post!